Intolerância está associada a crimes

Data: 29/02/2016

Veículo: O Hoje

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A falta de paciência com o próximo está presente na sociedade e como ela pode ser perigosa. No entanto não se restringe ao trânsito. A intolerãncia vai além da falta de respeito e amor ao próximoA description...

 

Deivid Souza

Foi uma briga de trânsito que levou para a cadeia o marceneiro, Luciano Ferreira Acassio, 30, em 2014. Era uma manhã quando ele se desentendeu com outro motorista após uma fechada no trânsito. Após discutirem ele disparou a arma que carregava no carro e acabou atingindo a esposa do outro condutor, Cristina Martins, 40. Ao ser preso, Luciano dizia aos prantos que estava arrependido que não tinha a intenção de matar a mulher.

A história que repercutiu bastante à época é um exemplo de como  Como faz parte do comportamento de muitas pessoas, a intolerância está presente no trabalho, na escola, em casa,  etc. Inclusive, esse fenômeno social já motivou até uma campanha do Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO), a “Conte até 10”, com o objetivo de minimizar a violência provocada por este comportamento.

O psicólogo forense, Shouzo Abe, enxerga a intolerância como algo comum e um reflexo da modernidade. Ele acredita que a intolerância é reflexo da ausência do pensamento coletivo, que segundo ele, se perdeu no tempo pela importância que ganharam os valores materiais. “Antigamente, quando você sentia o cheiro do pão de queijo assando no seu vizinho, você tinha certeza que logo ele viria com um prato de pão de queijo para você. Hoje as pessoas não tem tempo, se fizerem é para elas”, exemplifica.

Violência

A preocupação vai além da falta de respeito e amor ao próximo. O comandante do Policiamento da Capital, Coronel Divino Alves, tem convicção que esta é uma questão que afeta os números de violência. “A intolerância, quer seja a intolerância no trânsito, quer seja a intolerância religiosa, a intolerância racial são situações complicadas que podem gerar, com certeza, um homicídio, uma briga, uma lesão corporal grave”, lista.

Minorias

O coordenador do Núcleo de Estudos sobre Criminalidade e Violência (Necrivi) da Universidade Federal de Goiás (UFG) e sociólogo, Djaci David de Oliveira, também enxerga uma forte relação entre intolerância e violência e afirma que os grupos que mais sofrem com o problema são os negros, mulheres, crianças, idosos e outros. “Praticamente toda briga, todo ato de violência resulta de um descontrole das pessoas. Esse descontrole, em geral, também tem como motivador a intolerância. Desde que ele não tolera o pessoal a tendência dele é agredir”, afirma.

Solução

Shouzo não acredita que a geração atual possa apresentar no futuro comportamentos mais humanos. Para ele, o importante é trabalhar a formação das próximas gerações. “Isso é um trabalho que deveria ser feito com vários setores da sociedade, onde educadores, o pessoal do esporte, advogados, juristas, psicólogos. Seria um trabalho conjunto, porque a conscientização de que a gente precisa também ter essa preocupação com o outro”, defende.