Interesse por política é pouco ou nulo para 81% dos goianienses, diz UFG

Data: 12/03/2016

Veículo: G1 Goiás

Link da notícia: http://g1.globo.com/goias/noticia/2016/03/interesse-por-politica-e-pouco-ou-nulo-para-81-dos-goianienses-diz-ufg.html

 

Interesse por política é pouco ou nulo para 81% dos goianienses, diz UFG em Goiás (Foto: Sílvio Túlio/G1)
Ione se interessa por política, diferente de Ademilton, Marlene e Andeson (Foto: Sílvio Túlio/G1)

Pesquisa divulgada pela Universidade Federal de Goiás (UFG) traçou um panorama sobre os eleitores de Goiânia. Segundo o levantamento, 81% dos entrevistados têm pouco ou nenhum interesse por política. Além disso, dois terços dos votantes relacionam o tema com o sentimento de decepção.

O estudo, denominado "O comportamento político do eleitor goianiense”, concluiu ainda que 64% dos eleitores acreditam que os políticos não se preocupam com pessoas como elas e que os partidos políticos são considerados "todos iguais" por um a cada sete ouvidos.

Os dados foram coletados entre os dias 14 de novembro de 2015 e 17 de janeiro deste ano. Foram ouvidas 1,2 mil eleitores com idade superior ou igual a 18 anos. A margem de erro é de 2,9% para mais ou para menos e o nível de confiança é de 95%.

De acordo com o coordenador da pesquisa, professor Pedro Santos Mundim, a quantidade de pessoas pouco ou desinteressadas pela política, apesar de alta, estava dentro o previsto. Mas é preciso cautela para analisar a influência do atual cenário político nesta situação.

"Quando me perguntam se o momento político influencia, digo sim e e não. Sim porque em um contexto com tantas denúncias a população tende a querer achar um culpado, no caso, a classe política. E não porque esse resultado é muito recorrente, não se relacional com algo muito específico e pontual", disse ao G1.

Já em relação ao sentimento de decepção, o pesquisador explica que ele está diretamente ligado ao momento político e que pode variar de acordo como este panorama se apresenta.

Povo comprova tese

O G1 foi às ruas de Goiânia para repercutir a pesquisa com eleitores. A maioria deles ratificou os dados e se definiu como pouco preocupado com a situação política.

A dona de casa Marlene Ferreira Martins, de 71 anos, é uma das goianienses que não se importam com o assunto. "Não tenho nenhum interesse. Só queria que melhorasse, mas acho que hoje os eleitores mais novos estão sem foco. Todos os políticos são ruins, atuam somente para o bem próprio e nunca para os pobres", reclama.

"Não tenho nenhum interesse[por política]. Só queria que melhorasse, mas acho que hoje os eleitores mais novos estão sem foco. Todos os políticos são ruins, atuam somente para o bem próprio e nunca para os pobres"

Marlene Martins, dona de casa

A idosa disse que está tão descrente que no próximo pleito vai exercer o direito de não ser mais obrigada da votar. Sem apresentar posicionamento partidário, ela também condena as manifestações alegando que muitos vão apenas para "promover baderna e arruaça".

O vendedor de cocos Ademilton de Oliveira Gomes, de 37 anos, tem uma visão parecida. Para ele, os políticos deveriam pensar mais nas pessoas para administrar os órgãos públicos.

"Eles não tem que estar ali por ele, mas pelo povo. Antes das eleições, eles vêm aqui e prometem um monte de coisas, mas depois nunca aparecem. Além disso, mesmo se a pessoa for boa, quando entra no meio, é corrompida. Aí a gente vai se conscientizar, fica com mais raiva ainda", opina.

Na opinião do representante comercial Anderson Lopes, de 44 anos, a política é uma área "desacreditada". "Todo mundo só entra para se aproveitar, tudo a mesma coisa. Me fale um político honesto? Esse cenário atual está muito complicado", destaca.

Contrariando a maioria, a professora Ione de Souza Correia, de 38 anos, diz que se interessa bastante por política e que o grande número de denúncias e notícias ruins a faz pesquisar ainda mais sobre o tema. Segundo ela, há políticos honestos.

"Não sou contra este ou aquele político. Sou contra a pessoa corrupta. O ruim é que isso dificilmente vai mudar, pois já é uma cultura do brasileiro, que sempre dá um jeitinho", pontua.