Carros e entulhos ocupam espaço que deveria ser de quem anda a pé

Data: 05/04/2016

Veículo: O Popular

Link da notícia: http://www.opopular.com.br/editorias/vida-urbana/carros-e-entulhos-ocupam-espa%C3%A7o-que-deveria-ser-de-quem-anda-a-p%C3%A9-1.1064110

 

Desníveis e falta de calçamento fazem parte da rotina do goianiense que não se locomove de carro


Na Rua 1.121, em frente à sede da OAB-GO, no Setor Marista, os carros tomam conta da calçada e não deixam espaço para o pedestre

São 388 metros entre a casa, na Rua Porto Alegre, no Jardim Guanabara 1, Região Norte de Goiânia, e o mercado onde o pedreiro Carlos Roberto Faria de Sousa, de 55 anos, faz suas compras. Embora o trecho seja percorrido a pé, a calçada é utilizada apenas na quadra de sua residência. Logo ao atravessar a primeira rua, Carlos é obrigado a andar pela rua: o lote da esquina não tem calçada e o espaço reservado para ela ainda está obstruído por galhos.

Das quatro quadras até o supermercado, localizado na Rua Campos. três têm árvores cujas sombras tornam menos desgastantes a caminhada. “Mas quando chove é um problema. Essas ruas alagam e temos de andar no meio das poças”, conta. Não há bocas de lobo. À medida em que se aproxima da Avenida Vera Cruz, há mais construções e, logo, menos árvores e sombras.

Assim é a rotina de quem insiste em caminhar pelas ruas do Jardim Guanabara 1: durante o dia, falta de calçadas e sinalização; durante a noite, escuridão e insegurança. “Minha filha foi assaltada na porta de casa. Estávamos aqui na frente e chegaram os ladrões. De noite, não dá nem pra ficar no portão, quanto mais sair andando na rua. É muito perigoso.”

Sem espaço

Arquiteto e urbanista, membro do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Goiás (CAU-GO) e professor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Bráulio Vinícius aponta que o primeiro motivo a desestimular o deslocamento a pé em Goiânia é a falta de espaço para o pedestre. “As calçadas, quando existem, são ruins, com muitos desníveis e sem sombras de árvores. As pessoas vão andar na rua, sob o sol quente, e correm risco de atropelamento.” O arquiteto reforça ainda que há falhas na sinalização para os pedestres.

As calçadas se transformaram em uma espécie de território sem lei. É como se ninguém se sentisse responsável por elas, embora a lei estabeleça que o cuidado é atribuição dos proprietários, aponta Bráulio Vinícius. Como não há fiscalização rigorosa, no entanto, a legislação acaba se tornando letra morta.

Meu querido pé
Meu querido pé