Embrapa Florestas participa de Diálogos Setoriais Brasil - Europa

Data: 15/05/2015

Fonte/Veículo: Painel Florestal

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Foco de atenção são as Unidades Amostrais de Paisagem do Inventário Florestal Nacional

 
Reunião da sede da FAO em Roma Reunião da sede da FAO em Roma

Um grupo de pesquisadoras da Embrapa Florestas e uma consultora do Serviço Florestal Brasileiro/SFB-FAO têm participado dos Diálogos Setoriais, uma dinâmica de cooperação entre a União Europeia (UE) e o Brasil que visa o intercâmbio de conhecimentos e experiências em áreas de interesse mútuo.

Vinculado à temática "Mudanças Climáticas", o grupo tem discutido com especialistas o uso de dados do Inventário Florestal Nacional do Brasil (IFN-BR) para monitorar a dinâmica no uso e cobertura da terra e sua relação com as mudanças climáticas.

Segundo a pesquisadora Yeda Malheiros de Oliveira, da Embrapa Florestas, "além das informações tradicionais em relação à extensão e natureza dos recursos florestais de um determinado país, os IFNs também desempenham um papel potencial no fornecimento de informações sobre o desenvolvimento sustentável e questões emergentes, tais como os impactos das mudanças climáticas e possíveis estratégias adaptativas".

Atualmente, a maioria dos inventários florestais têm incluído dados de sensoriamento remoto e técnicas de estimação estatísticas relacionadas, para aumentar a velocidade, escala, eficiência de custo, precisão e maior periodicidade nas medições associadas aos inventários florestais. Entretanto, cada vez mais o Brasil vem sendo pressionado pela comunidade científica e sociedade em geral a fornecer dados mais acurados e em escalas maiores que possam gerar estimativas mais precisas dos seus recursos florestais, principalmente naqueles biomas onde há maior pressão do desmatamento ou onde predominam fragmentos florestais menores do que a resolução de mapeamento destes projetos.

"Existem aspectos relativos ao estudo dos recursos florestais que seriam melhor interpretados quando estudados numa escala intermediária, entre aquela da informação produzida pelo mapeamento e aquela produzida pelos levantamentos de campo", explica a pesquisadora Maria Augusta Doetzer Rosot, da Embrapa Florestas.

"No âmbito do IFN, chamamos esta informação intermediária de escala de paisagem, composta por um grupo heterogêneo de ecossistemas em interação, incluindo vegetação, solos, fauna, água, agricultura, pecuária, dentre outros e respectivas classes de cobertura e uso da terra associados, compondo um mosaico em que tanto os componentes naturais predominantes como antropogênicos contribuem para a qualidade final dos recursos florestais ali existentes", completa.

Cada Unidade Amostral de Paisagem (UAP) é, na prática, uma visão ampliada, refinada e analisada de um território já coberto pelo mapeamento existente nessas áreas. Além dos indicadores e variáveis relativos à caracterização da paisagem, as UAPs constituirão um novo conjunto de dados com grande potencial de utilização pelo IFN.

Algumas estimativas possíveis de serem obtidas das UAPs também serão feitas por outros componentes, como o de mapeamento e coleta de dados em campo. É o caso, por exemplo, de estimativas como da biomassa e carbono para um território ou país, a área de florestas, a área e padrão de ocorrência de florestas plantadas e árvores fora-da-floresta.

Para a consultora Naíssa Luz, do Serviço Florestal Brasileiro/FAO, "tudo isso com a prospecção do refinamento e o enriquecimento da metodologia da Componente Geoespacial do IFN-BR, que está em desenvolvimento, e a inclusão de novos desafios relacionados à estimativa de biomassa e carbono a partir de dados de sensores remotos, dando prioridade à estratégia de detecção de mudanças de longo prazo nas florestas brasileiras".

Eventos no Brasil

A última viagem do grupo brasileiro à União Europeia aconteceu de 17 de outubro a 3 de novembro de 2015, quando foram à França para intercâmbio com o Cirad; à Espanha, para intercâmbio no Bosque Modelo de Urbión, Universidad Politécnica de Madrid e Universidade Católica de Ávila; à Itália, para reuniões no Joint Research Centre – JRC e FAO; e à Alemanha, para um workshop na Georg-August-Universität Göttingen.

Agora em 2016, três eventos acontecem no Brasil para continuidade do intercâmbio:

  • de 13 a 15/04 aconteceu o Symposium on Forests and Landscape Monitoring in Connection with Climate Change, na Embrapa Florestas (Colombo/PR), com a participação de pesquisadores do JRC

  • 25 a 29/04 aconteceu o Workshop "O Papel dos Bosques Modelo na Mitigação de Riscos Climáticos", no Bosque Modelo de Caçador (Caçador/SC). O evento teve a participação de pesquisadores do Serviço Territorial de Meio Ambiente de Soria (Espanha) e da Fundação Centro de Serviços e Promoção Florestal (CESEFOR) de Castilla y León (Espanha), que trouxeram a experiência espanhola com o Bosque Modelo Urbión. Na ocasião, foram realizadas visitas à Estação Experimental da Embrapa em Caçador e em empresas de base florestal do município

  • 29/06 a 01/07 acontece o IV Simpósio Nacional de Inventário Florestal, na Universidade Federal de Goiás (Goiânia), com a participação dos pesquisadores europeus envolvidos no projeto Diálogos e de membros da comunidade científica nacional e internacional ligados a temas de monitoramentos de florestas.

Diálogos Setoriais

Atualmente, há cerca de 30 diálogos mapeados entre o Brasil e a UE sobre os mais diversos temas, que se dão com base em princípios de reciprocidade e complementaridade e visam o intercâmbio de conhecimentos e experiências em áreas de interesse mútuo. Destes, 20 estão em execução.

O Projeto Apoio aos Diálogos Setoriais UE-Brasil tem como objetivo contribuir para o progresso e o aprofundamento da parceria estratégica e das relações bilaterais entre o Brasil e a União Europeia por meio do apoio ao intercâmbio de conhecimentos técnicos. É coordenado em conjunto pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG) – por meio da Direção Nacional do Projeto – e pela Delegação da União Europeia no Brasil (DELBRA).