Comerciantes da 24 de Outubro são contra corredor exclusivo

Data: 24/05/2016

Veículo: O Hoje

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Proprietários temem queda nas vendas. Projeto está em fase de licitação e ainda não há data para início das obras

Karla Araujo

Comerciantes da Avenida 24 de Outubro estão preocupados com os transtornos que a implantação de corredor exclusivo para ônibus pode causar. A principal preocupação da categoria é quanto prejuízo causado pela falta de estacionamento para clientes. O presidente do Sindicato do Comércio Varejista no Estado de Goiás (Sindilojas-GO), José Carlos Palma Ribeiro, afirma que a insatisfação dos comerciantes em relação ao corredor existe devido a falta de informação. 

“Somos contra porque só conhecemos os malefícios. Sabemos que o cliente deixa de ir à loja por falta de estacionamento. Ninguém pediu nossa opinião”, diz Ribeiro. O presidente destaca que, com diálogo, os comerciantes poderiam contribuir com o processo. “Esperamos o convite para realizar esta discussão”, completa o presidente.

Por nota, Companhia Metropolitana de Transporte Coletivo (CMTC) informou que o corredor tem 3,4 km. A obra deve beneficiar, segundo a insituição, 102 mil pessoas e promover o ganho de 12 minutos no trajeto dos ônibus pela via. O processo de licitação já foi finalizado, mas a assinatura da ordem de serviço aguarda liberação do Ministério das Cidades.

Usuário

Aldair Basco Mendes, 53, tem comércio na via há mais de dez anos e faz reclamações tendo como base o exemplo das Avenidas T-7 e T-63, locais em que o corredor foi implantado. “Eu não sei como vai ser aqui, mas sei que em outras regiões o comércio teve sérios problemas por causa da falta de estacionamento”, diz Aldair. Para ele, os corredores beneficiam poucas pessoas em um espaço de tempo reduzido em detrmento aos demais cidadãos. 

Dono de um hotel localizado na via, Valdir Perim, 56, também está preocupado com as mudanças no estacionamento e como isso lhe afetará, pois não tem estacionamento particular dentro do estabelecimento. Já a veterinária Pabline Mateus, 26, vê o possível transtorno com estacionamento também como problema. “Já é difícil estacionar, Vai ficar pior”, lamenta. Hoje, a via tem estacionamento com área azul e pontos de proibição nas paradas de ônibus.  

Transporte individual não é mais importante 

A professora do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Goiás (UFG) e coordenadora do programa de pós-graduação Projeto e Cidade da instituição, Erika Kneib, afirma que estabelecer corredores exclusivos para ônibus é uma questão legal. “A prioridade do transporte coletivo em relação ao individual está prevista no Plano Diretor da nossa cidade. Se descumprir, o prefeito comete crime de responsabilidade”, lembra a especialista. 

Para Erika, a implantação dos corredores é o primeiro passo para melhorar a mobilidade urbana. “A solução para os problemas de trânsito das grandes cidades é melhorar o transporte coletivo”, diz Erika. A arquiteta afirma que a tendência nas grandes cidades é o fim dos estacionamentos gratuitos nas ruas. “Vivemos em uma situação ultrapassada. A via é para ser usada no transporte e não para o carro ficar parado”, explica.

A especialista questiona a organização do comércio, em que a sociedade paga pelo estacionamento de instituições privadas. “A compreensão é de que o espaço não pertence a ninguém ou é de quem chegar primeiro. Isso não é certo”, diz Erika. A arquiteta afirma que as ruas e avenidas da Região Metropolitana de Goiânia precisam ser utilizadas de forma apropriada para que toda a sociedade tenha direito.