Se o trânsito de Goiânia é perigoso mesmo com fiscalização eletrônica nos principais pontos da cidade, a falta dos aparelhos é vista como um agravante para motoristas, motociclistas e pedestres, segundo especialistas. O perito em trânsito e membro da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) Antenor Pinheiro afirma que a tendência dos motoristas é cometer as mesmas práticas dos locais onde não há a fiscalização, como avanço do semáforo e andar em alta velocidade.

Pinheiro alerta que a educação do brasileiro faz com que só se obedeça a lei porque algo o proíbe, de modo que não há uma consciência de que uma regra existe para um bem comum, mas apenas para punir. “Se o cidadão passa a saber que não há qualquer punição, vai agir livremente”, considera. A arquiteta e urbanista e professora da Universidade Federal de Goiás (UFG), Erika Cristine Kneib, reforça que é dever do poder público, neste caso, da Prefeitura, garantir a segurança no trânsito. “Para isso, a fiscalização - em conjunto com a sinalização horizontal e vertical, o desenho urbano e o planejamento viário - são medidas imprescindíveis não só para garantir o funcionamento da cidade, como também para se evitar mutilações e mortes das pessoas nas vias e espaços públicos”, afirma.

A professora lembra ainda que os radares são os poucos elementos que se têm em Goiânia. “Certamente incidirá no aumento do desrespeito à legislação e do número de acidentes. De quem será cobrada a responsabilidade por tais acidentes?” Antenor Pinheiro acredita que a Prefeitura deveria fazer, em caráter de urgência, alguma medida para restabelecer a fiscalização eletrônica o quanto antes. Além disso, deve colocar os agentes de trânsito nos cruzamentos de maior acidentabilidade, para inibir o cometimento das infrações nas ruas.