Maior parte dos casos no País é tentativa de suicídio

Data: 17/07/2016

Veículo: O Popular

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Com os mapas elaborados, a coordenadora do Laboratório de Geografia Agrária da Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo, Larissa Mies Bombardi, aponta que a maior parte dos casos notificados são de suicídio e tentativa. De acordo com ela, esta é mais uma evidência da grande subnotificação existente: “Como um caso de tentativa de suicídio tem implicações mais amplas, é mais fácil que ele se torne um número nas estatísticas oficiais”.

A facilidade para a compra do produto, assim como a permissividade no uso de agrotóxico, é apontada pela pesquisadora como os grandes problemas. “É como ter uma arma embaixo da pia de casa”, afirma. Além disso, de acordo com ela, estudos indicam que exposição a alguns tipos de agrotóxicos levam a quadros neurológicos graves de ansiedade e depressão. O apontamento é confirmado pelo professor de Agronomia da Universidade Federal de Goiás (UFG) e produtor orgânico Paulo Marçal. De acordo com ele, os chamados neurotóxicos agem no sistema nervoso do inseto e, muitas vezes, atuam da mesma forma em outros animais, inclusive no homem. “A exposição pode sim causar problemas neurológicos e desembocar em casos de depressão”, concorda.

Já o toxicologista Alonso Monteiro da Silva afirma que o neurotóxico pode ser associado a casos de déficit motor em decorrência de uso crônico de agrotóxico, mas é difícil corroborar causa e efeito. Para o médico, o maior risco é a fácil disponibilidade do produto. “É importante ter um controle maior das vendas dos produtos. As tentativas de suicídio são muito frequentes devido à facilidade de adquirir”, afirma.

Coordenador do programa de fiscalização de agrotóxico da Agrodefesa e engenheiro agrônomo, Rodrigo Baiocchi Lousa, admite que o sistema de receituário de agrotóxico ainda é falho e que não é possível afirmar que 100% dos agrotóxicos são vendidos com receita. Ainda segundo ele, o órgão está criando um sistema informatizado de controle em que haverá o receituário e todas as informações comerciais. O engenheiro acredita que até 2017 o sistema esteja funcionando.