Hemodiálise: Água pode ser causa de mal estar

Data: 12/07/2016

Veículo/Fonte: O Popular

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Hemodiálise: Água pode ser causa de mal estar

Trinta pacientes relataram problemas após sessões de tratamento em clínica da capital. Idosa deve deixar UTI hoje, quando também serão divulgados resultados de exames

Dois fatos que estão previstos para hoje são esperados pela família da aposentada Denísia Reis da Silva, de 72 anos, internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) desde a semana passada após passar por uma sessão de hemodiálise na Nefroclínica, no Jardim América, em Goiânia.

Denísia, que sofre de doença renal crônica, é uma das mais de 30 pacientes que passaram mal após sessão de hemodiálise feita no local. No momento em que foi notado o problema, 36 pessoas faziam o tratamento no local. Seis delas, entre elas a aposentada, ficaram internadas após o tratamento. A filha de Denísia, a trabalhadora rural Ediene Xavier da Silva, aguarda pela saída da mãe da UTI, o que deve ocorrer no fim da manhã de hoje. O medo é que ela pegue uma infecção hospitalar e sua saúde piore.

O outro ponto é a divulgação dos exames feitos na clínica para tentar descobrir o que ocorreu. A principal suspeita é de que a água utilizada para o procedimento pudesse estar com bactérias, que teriam sido passadas para os pacientes. “Estamos pensando em todos os fatores, que podem ser a água, o soro, a clorexidina...”, diz Alessandra Vitorino Naghettini, uma das proprietárias da clínica e que também é professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás (UFG).

Ela comenta que casos como os que ocorreram na semana passada são esporádicos. Mas chamou a atenção o fato de terem ocorrido em uma sequência tão grande. Após os casos, a clínica suspendeu os atendimentos até descobrir o motivo de os pacientes terem passado mal após os procedimentos.

O presidente da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) - Regional Goiás, Ciro Bruno Silveira Costa, também aguarda os resultados dos exames que deverão ser divulgados hoje e acredita que o caso tenha sido uma fatalidade. “Conheço as médicas e conheço a estrutura da clínica, que talvez seja uma das melhores de Goiás. Estamos todos muito surpresos. Elas estão trazendo gente de fora para descobrir o que aconteceu”, diz Costa, ao citar as proprietárias da clínica.

Ele cita ainda a rigidez da fiscalização realizada nas clínicas de diálise, em que são vistoriados vários pontos da rede de distribuição de água. “Tem que se fazer exames de água todo mês.”

A diretora do Departamento de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia, Flúvia Amorim, diz que também aguarda os resultados dos exames, que estariam sendo feitos pela própria vigilância e pela clínica, para saber o que aconteceu e apontar possíveis responsabilidades. Cabe à Vigilância em Saúde a fiscalização das clínicas de diálise da cidade.

A reportagem tentou falar com a assessoria de imprensa da Saneago na tarde de ontem para saber se a empresa já teria feito exames da qualidade da água fornecida à clínica, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição na noite de ontem.