A música erudita vive em Goiás um dos seus melhores momentos, com apresentações de músicos de gabarito nacional e internacional. E mais do que isso: a execução de repertório de qualidade e que foge das peças e obras tradicionais já insistentemente apresentadas pelas orquestras do mundo.

Prova disso: no domingo, 4/09, às 11h, o sexteto de cordas da Filarmônica de Goiás se apresenta no Teatro do Centro Cultural da Universidade Federal de Goiás (UFG), na Praça Universitária, com a missão de reler as partituras dos românticos Dvorák e Brahms – compositores de inegável importância na história da música.

De acordo com o repertório, será apresentado o “Terzetto para dois Violinos e Viola”, de Dvorák, e o “Sexteto Nº1”, de Brahms.

A peça de Dvorák (1841-1904) dura cerca de 20 minutos e revela a singeleza do compositor checo. Tem início com ingênuo melodismo, em movimentos adequados à anotação para que se faça alegre, mas nem tanto. Na sequência, os músicos desenvolvem o larguetto, o scherzo e em seguida o tema como variação – cujo ápice é a mudança do moderado e resoluto para o molto allegro.

COMPOSIÇÃO

Escrito em dó maior, mas com insinuações menores, a composição surgiu quando Dvorák pensou em escrever música para um violinista amador que estava em sua casa. A obra saiu difícil demais para o visitante, mas Dvorak preferiu aprimorá-la, dando um sentido estético mais apurado. A escolha do tom, sem acidentes, é prova incontestável deste interesse divertido.

Trata-se de música bastante viva, com um final grandioso, reveladora do melhor de Dvorák: a surpresa em conseguir tornar um projeto menor em maior.

Por sua vez, a composição de Bramhs (1833 – 1897), escrita um tom abaixo da peça de Dvorák, explora a tessitura do si bemol maior. Os contornos dos temas principais do primeiro movimento e no final são similares, sendo que as quatro primeiras notas temáticas executadas no violoncelo do primeiro movimento são quase idênticas às tocadas no final.

Também, pela escolha do tom, pode se especular que não se deseja ‘amaciar’ a execução para os instrumentistas. Daí uma música exigente e que pede, acima de tudo, concentração para não se perder nos movimentos lentos.