U‪FG tem maior percentual de alunos com bolsa entre 11 federais do país‬

Data- 17/09/2016
Veículo/fonte : G1 Goiás
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Casa do Estudante Universitário da UFG em Goiânia, Goiás (Foto: Vitor Santana/G1)

Um levantamento feito pelo G1 aponta que a Universidade Federal de Goiás (UFG) tem a maior quantidade percentual de alunos beneficiados por programas de assistência estudantil entre 11 das maiores instituições federais em número de alunos do país. Ao todo, 11.959 estudantes recebem algum tipo de bolsa para garantir a permanência de alunos em situação de vulnerabilidade socioeconômica, o que representa 46% dos 25.860 matriculados. Em 2015, a unidade investiu mais de R$ 24,4 milhões apenas com os auxílios para os universitários.

De acordo com a pesquisa, os gastos com assistência estudantil nas universidades de todo país aumentaram  em média 61% entre 2013 e 2015. O valor passou de R$ 617 milhões para R$ 995 milhões. Em 11 das maiores universidades do país, gasta-se, em média, 2,17% dos seus orçamentos com as políticas de assistência. Nesse grupo, em média, 30% dos alunos foram beneficiados com alguma bolsa.

O percentual considera o investimento efetuado nas duas principais formas de apoio: dinheiro repassado para programas nas universidades ou diretamente aos estudantes por meio de cartão. As modalidades são o Programa Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes) e o Programa de Bolsa Permanência.

Na UFG, o programa Bolsa Permanência atende 1.359 estudantes, dando uma ajuda de custo mensal de R$ 400. Um dos beneficiados é o estudante de geografia Juliano Alfredo Crisostomo Machado, de 19 anos. Nascido em Correntina, na Bahia, ele se mudou em 2015 para Goiânia para estudar e depende do auxílio para custear gastos básicos, como materiais didáticos. Ele já estuda na universidade há mais de um ano e meio, mas conseguiu o auxílio apenas em outubro de 2015.

˜Esse programa é fundamental para me manter no curso, ainda mais alguém como eu, que vim de fora do estado e minha família não tem condições de arcar com tudo para mim˜, relatou.

Quando entrou no curso, estudava no período noturno e, como ainda não tinha nenhuma assistência estudantil e a família não conseguia pagar todas as despesas, como alimentação e aluguel, Juliano começou a trabalhar dando aulas de reforço para conseguir ter dinheiro para se manter na faculdade.

Juliano Alfredo recebe assistência estudantil da UFG, em Goiânia, Goiás (Foto: Vitor Santana/G1)

Juliano Alfredo é um dos alunos que recebe assistência estudantil da UFG (Foto: Vitor Santana/G1)

˜Isso afeta o desempenho no curso, porque se você trabalha o dia todo e depois vai para a aula ainda, não consegue render o tanto esperado e suas notas caem. No meu caso atrapalhou menos porque ainda trabalhava em algo na minha área, mas ainda sim impactava. Quando consegui a bolsa permanência, pude focar totalmente nos meus estudos e minhas notas melhoraram muito˜, contou o universitário.

Além da bolsa permanência, Juliano também conseguiu vaga na Casa do Estudante Universitário (CEU), o que diminui gastos com aluguel e até mesmo transporte, já que o prédio fica a poucos metros de distância da faculdade. Para ajudar com as despesas envolvendo alimentação, o jovem também se inscreveu no programa Bolsa Alimentação da UFG, que possibilita que os alunos façam refeições gratuitas no Restaurante Universitário (RU). Além disso, recebe um valor adicional de R$ 247 para pagar o café da manhã, almoço e jantar durante os finais de semana, quando o local está fechado.

Apesar de considerar fundamental e de extrema importância o Programa de Bolsa Permanência, Juliano considera que existem alguns pontos que podem ser melhorados. ˜É preciso melhorar os critérios de seleção. Às vezes pessoas que não precisam tanto recebem o auxílio e quem não tem nenhuma condição fica de fora. Além disso, o valor dos recursos destinados à assistência estudantil não é suficiente. Se preocupam com patrimônios materiais, não humanitários, como livros, carteiras, prédios, e esquecem que a universidade é formada, principalmente de alunos˜, concluiu.

Outra contemplada pelo Bolsa Permanência é a aluna de biblioteconomia Aline Sampaio. Assim como Juliano, ela considera a assistência estudantil fundamental para que continue estudando na UFG. Vinda de Brasília, ela conta que chegou estudar direito em uma faculdade particular da cidade onde morava. ˜A mensalidade era R$ 1.178 e reajustava a cada semestre. Minha família, no entanto, não conseguiu continuar pagando e tive que parar. Agora, com essa assistência, já consigo ficar em Goiânia e terminar a faculdade˜, disse.

Também morando na CEU, ela concorda que as assistências estudantis são importantes para garantir a permanência dos estudantes. Porém, pontua que ainda existem pontos a 

serem melhorados. ˜O valor podia ser reajustado. Recebemos R$ 400, mas muitas coisas já subiram nos últimos tempos e o valor não acompanhou˜, completou.

Henrique Costa, de 19 anos, está no 1º período do curso de direito e acredita que essas modalidades de assistência são fundamentais para os estudantes. ˜Ela possibilita que o aluno de colégio público tenha não só um número de matrícula na universidade, mas para que ele também curse os cinco anos de graduação bem feita˜, destacou.

Ele deu entrada no pedido em fevereiro e só foi contemplado em julho. ˜Sou de Mossâmedes, estudava em escola pública e minha família é de classe média baixa. Estou morando de aluguel, tenho que comprar os livros para estudar e meus pais estão quase tendo que fazer milagre para me manter aqui. O processo de escolha e seleção da UFG é bem feito, mas o tempo de espera podia ser menor, o processo burocrático podia ser mais rápido”, contou.

Henrique é um dos alunos que recebe Bolsa Permanência na UFG, em Goiânia, Goiás (Foto: Vitor Santana/G1)

Henrique é de Mossâmedes e recebe assistência estudantil da UFG (Foto: Vitor Santana/G1)

Programas

A Universidade Federal de Goiás fornece assistência estudantil em diversas modalidades, como bolsas alimentação, moradia, permanência e até apoio pedagógico com material didático. O pró-reitor de Assuntos da Comunidade Universitária, Elson Ferreira de Morais, explicou que nos últimos anos, o número de alunos atendidos aumentou, mas também houve uma elevação na quantidade de pedidos feitos.

“Com o Enem [Exame Nacional do Ensino Médio], mais alunos de fora do estado e do interior entraram na universidade. Com isso teve mais pedidos de bolsas, pois muitos não têm como se manter longe da família. Mas, dentro das nossas possibilidades, estamos tentando suprir essa demanda”, relatou.

Atualmente, segundo o pró-reitor, 1,3 mil alunos são assistidos com a Bolsa Permanência. Porém, ainda existe uma demanda represada de 1,8 mil. “Dependemos que uma verba maior seja aprovada no Congresso para que possamos aumentar esse número. Porém, em outras bolsas, como a alimentação, não temos nenhuma demanda represada”, garantiu.

Sobre os critérios de avaliação e seleção dos estudantes que recebem as bolsas, Morais explica que o processo é feito mediante análise de documentação, entrevistas e até visitas domiciliares.
“Às vezes dizem que alguém que não precisa tanto recebe bolsa enquanto outros mais carentes ficam sem, mas é porque fazem uma análise superficial. Podem ter outros aspectos sociais envolvidos, como algum parente com doença grave, que tem gasto elevado com medicamento. Tudo isso é levado em conta”, explicou o pró-reitor.

Sobre a demora em conseguir as bolsas, ele explica que o problema é pontual, causado por uma greve no ano passado. “A paralisação provocou uma alteração no calendário acadêmico. Com isso, as bolsas demoraram mais a ser liberadas devido às mudanças no cronograma para contemplar todos”, disse.

Ele ainda relata que alguns alunos podem ter tido dificuldade em se custear durante esse período, mas que, se o calendário estivesse seguindo o cronograma normal, a assistência estudantil seria liberada no início do ano.