Goiânia, uma capital cheia de estilo e novidades

Data: 07/10/2016

fonte/veiculo: Jornal Opção 

Link: http://www.jornalopcao.com.br/opcao-cultural/goiania-a-capital-cheia-de-estilo-e-novidades-75854/

A moda goiana não sentiu a crise brasileira e aumentou seu faturamento em mais de 8%, entre janeiro e julho de 2016. É Goiás começando a mostrar ao País as cores que carrega

Os registros acima são do extinto site de moda “Go to Go” e mostram os modelitos, com suas cores e formatos diversos, que colorem a cidade

Os registros acima são do site de moda “Go to Go” e mostram os modelitos, com suas cores e formatos diversos, que colorem a cidade | Reprodução/Rafael Marquez/Go to Go

Isadora Arraes
Especial para o Jornal Opção

São Paulo é conhecida pelo cinza e os tricôs com couro, no inverno. O Rio de Janeiro é famoso pelo lifestyle praieiro, cangas e Havaianas. Goiás é conhecido pela agropecuária, por exportar duplas sertanejas e pela camisa xadrez com bota. Ou não. Ou nunca! Cada vez mais, Goiânia vem ganhando espaço com seus designers e moradores cheios de estilo. E não têm nada a ver com bota e fivela.

Em meados dos anos 1990, quando o pop fervia na cena das drags queens pelo Brasil, a cidade tinha a sua cena underground formada através do rock. Jovens de todas as classes sociais se uniam no Centro Cultural Martim Cererê para o famoso rolê de guitarras “no Martim”. Mas, antes, passavam pelos bares Woodstock e Vai tomá no Kuka, bares que, mesmo 20 anos de­pois, ainda preservam sua identidade e gerações de frequentadores.
Na mesma época, surgia o festival de música underground Goiânia Noise, que foi precursor de outros festivais que representam atualmente a cena alternativa da cidade pelo Brasil inteiro — festivais como o Bananada, o Vaca Amarela e outros.

Jovens que pregam a liberdade e cultuam a igualdade são a maioria na cena, desfilando suas roupas pelos festivais em becos no Centro Art Déco da cidade. As calçadas do Setor Oeste e cantinhos do Setor Sul emprestam seus espaços para que os goianos mostrem seu estilo. Givenchy ganha de Chanel quando o assunto é marca internacional preferida, e Alexandre Herchcovitch lidera o ranking nacional, e, ainda assim, o goiano gosta mesmo é de desfilar as marcas nascidas na cidade.

Os estilistas daqui vivem um momento muito especial, ganhando espaço em revistas de moda de circulação nacional — como a designer de joias Eleonora Hsiung. Ou a marca de camisaria Quim, que, vira e mexe, é presença garantida com stands nos principais eventos de moda do Brasil. E, se a tal da crise bate pelo país, aqui o faturamento cresceu cerca de 8,7%, entre janeiro e julho de 2016.

A chave de sucesso das marcas que vem nascendo por aqui é o marketing em cima do lifestyle goiano. Sempre presente em festivais pela cidade, feiras de troca nos parques e eventos que promovem vendas em espaços culturais, uma turma vem chegando para mostrar para o Brasil as cores que o coração do país carrega.

Vestindo artistas locais com projeção na cena cultural, o designer Kleyson Bastos, da marca masculina que carrega seu sobrenome, foi, por um bom tempo, querido dos famosos vj’s (video jockers) da MTV, migrando para os apresentadores do Multishow, depois do encerramento da emissora, no país. Já Lucas Silveira pensa figurinos de famosos com projeção frequente em programas de televisão.

Se a ideia é que a moda mude a cada estação, aqui o máximo que acontece é um casaco por cima da roupa, durante os meses de junho e julho. E, para ficar ainda mais interessante, a ideia de marcas como a NOD — encabeçada pelo designer Nathan Oliveira — é que homens e mulheres usem peças sem distinção de gênero e sem preocupação. Quando se pensa em conhecer e comprar o estilo goiano, a ideia é dar um pulo na Casulo Moda Coletiva, loja de moda e decoração que abriga as criações das marcas da cidade.

Com a criação de moda atrelada à arte e música, Goiânia é cada vez mais vista como uma capital cheia de estilo e novidades. Quando questionados sobre seu estilo, os jovens se dizem básicos, com referências em décadas passadas e cheios de bossa.

No fundo, a ideia é transgredir, nunca ser clássico. E, se capitais como São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba já são reconhecidas quando o assunto é moda, Goiânia não vai demorar muito a transformar este trio em quarteto.

Isadora Arraes é estudante de Design de Moda na Universidade Federal de Goiás (UFG).