10 novos autores da literatura infantil que seus filhos precisam conhecer
Data: 09/10/2016
Fonte/Veiculo: Jornal Opção
Além dos já consagrados Monteiro Lobato e Sylvia Orthof, dentre outras santidades, muitos autores se dedicam a essa literatura. A temática ecológica e indígena sobressai em suas obras
Yago Rodrigues Alvim
Foi com uma estrela que o dia 12 se fez o dia dos pequeninos. Não qualquer uma no mar do céu, foi uma de letra maiúscula, longe de ser mais pomposa, mas que já fez a alegria de muitas crianças. Se a descrevesse, diria que, nela, máquinas e máquinas criavam o sonho de brinquedos e mais brinquedos. Pois bem, foi com a indústria Estrela que a data “pegou” no país tupiniquim.
Antes, no entanto, outubro fora decretado o mês da maior felicidade de mães, pais e avôs, das crianças. O deputado federal Galdino do Valle Filho (1879-1961) aproveitou o feito brasileiro de sediar, um ano antes a 1923, o 3º Congresso Sul-Americano da Criança e elaborou o projeto que estabelecia o dia. Isso quem conta é Rainer Sousa, um historiador que integra a equipe do site Brasil Escola.
Rainer conta ainda que a data muda de país para país, e que, pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), o dia dos baixinhos é 20 novembro. No proveito do que aqui se comemora então em meados de outubro, por que não falar da literatura infantil? Foi o que veio ao pensamento e que se desdobrou numa conversa breve com o professor Sinval Filho, da Universidade Federal de Goiás (UFG), em uma lista dos “novos” nomes dessa nobre literatura, e mais (!), com obras de temática ecológica e indígena.
Eis, então, que os consagrados Monteiro Lobato, Ruth Rocha, Sylvia Orthof, Angela Lago, Ziraldo, Ana Maria Machado, Ricardo Azevedo, Lygia Bojunga, Marina Colasanti e companhia, como bem destacou Sinval, cedem espaço nas prateleiras a novos para-sempre-pimpolhos desta escrita de monstros, heróis e dizeres.
1. Lalau e Laurabeatriz
Foi em 1994, com “Bem-te-vi e outras poesias”, que o poeta Lalau e a ilustradora Laurabeatriz enlaçaram suas estradas. Desde então, têm bordado com belas obras poéticas a vida dos pequenos leitores do país. Recomendados pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, seus trabalhos rimam rimas e versos com ilustrações. Ao todo, são 20 obras, onde a temática do meio-ambiente se faz predominante. Jacaré-de-papo-amarelo, queixada, macuco, ariranha são nomes de bichos já pouco conhecidos devido à extinção, vai contando a sinopse de “Brasileirinhos: Poesias para os Bichos Mais Especiais de Nossa Fauna”, título ressaltado por Sinval. Vale destacar ainda o trecho “desbravar esta mata [ou literatura, eu diria], é uma aventura e tanto. E um enorme aprendizado ecológico”.
2. Roseana Murray
“Procura-se algum lugar no planeta/onde a vida seja sempre uma festa/onde o homem não mate/nem bicho nem homem/e deixe em paz/as árvores da floresta”, escreve Roseana Murray, que assim se descreve: “Digo como Neruda, poeta que amo: para nascer nasci. Para fazer poesia, amar, cozinhar para os amigos, para ter as portas da casa e do coração sempre abertas”. Filha de imigrantes poloneses, a escritora carioca, nascida em 1950, tem mais de 100 obras publicadas; estas destinadas a leitores de todas as idades. Premiada pela Academia Brasileira de Letras, em 2002, pelo livro “Jardins”, Murray deu vida ainda a “Classificados Poéticos”, título indicado desta lista.
3. Arthur Nestrovski
De Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, Arthur Nestrovski é músico graduado pela Universidade de York, na Inglaterra e doutor pela Universidade de Iowa, nos EUA. No currículo, são muitos os títulos na área musical; o mais recente, diz da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), onde atua como diretor artístico. Com a palavra, Nestrovski se fez articulista da Folha de S. Paulo (1992-2009) e editor da PubliFolha (1999-2009). Autor de diversas obras, foi premiado com o Jabuti por “Bichos que Existem e Bichos que Não Existem”. O título indicado é “Agora Eu Era”, que brinca com o faz de conta de ser um super-herói, um explorador do Polo Norte, o que quiser.
4. Heloisa Prieto
Foi em 1954 que nasceu, em São Paulo, Heloisa Prieto. Graduada em Letras e mestra em Comunicação e semiótica, Prieto é dona de uma carreira de diversas obras, cerca de 40 títulos. Essa carreira teve início no ambiente escolar, onde fazia contação de histórias para os pequenos. Dentre seus livros, fica aqui destacado “Parlenda”, que remete ao jogo de infância. Dele, ressoam “Unidunitê”, “Ninho dos mafagafos” e também “Batatinha quando nasce”, além é claro de outros da própria autora que ensina ainda a inventar parlenda, para que seja ouvida daqui a anos e anos.
5. Adriana Falcão
Foi em Recife, no Pernambuco, que a carioca Adriana Falcão viveu sua juventude. Ela que se graduou em arquitetura, viu sua vida tomar o caminho de maior paixão, o da escrita. Foi redatora de tevê e colaborou em diversos roteiros de cinema, dentre eles o do filme “O Auto da Compadecida”, baseado na obra de Ariano Suassuna; tendo atuado ainda no teatro. Na literatura, estreou em 1999, com “A Máquina”. E, dentre seus diversos títulos, o destacado por Sinval é “Sete histórias pra contar”, que traz historietas para “ler, rir e pensar” — como destaca a Editora Salamandra, que publicou a obra.
6. Daniel Munduruku
Licenciado em História e Psicologia, doutor em Educação e pós-doutor em Literatura, o belenense Daniel Munduruku fez uma jornada em que 50 obras nasceram. Premiado com o Jabuti e ainda pela Academia Brasileira de Letras, dentre outros nacionais e do exterior, Munduruku também é muitíssimo indicado pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil. Por isso, do escritor indígena, filho do povo Munduruku, fica o título “O Segredo da Chuva” (claro, leia mais e mais). A obra conta a história do menino Lua que, junto de um macaco, uma onça e uma capivara, vai atrás de uma solução para a seca que ameaça a vida na sua aldeia.
7. Almir Correia
Escritor, professor e videomaker de Ponta Grossa, no Paraná, Almir Correia se aventura em poemas, contos e roteiros para filmes. “Gosto mesmo é de inventar histórias, criar outros mundos”, diz. Também artista plástico autodidata, ele se dedica ao grupo Sucateando. São muitos os seus títulos e, adivinha (?), ele também é altamente indicado pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil. A obra “Blog do Sapo Frog” (indicação da lista) conta do sapo-cururu Frog que, poeta nas horas vagas, diz em seu blog do seu dia-a-dia, amizades, passeios e namoricos.
8. Duda Machado
“Era uma galinha cor-de-rosa,/Metida a chique, toda orgulhosa,/Que detestava pisar no chão/Cheio de lama do galinheiro”, escreve o baiano de Salvador, nascido em 1944, Duda Machado. Além de poeta, é ensaísta, tradutor e professor da Universidade Federal de Outro Preto, em Minas Gerais. Sua primeira obra veio em 1977, mas só em 1997 publicou um livro para crianças. “Histórias com poesias, alguns bichos & cia” é um deles. Nele, além da galinha metida a chique, estão as histórias de um elefante que andava de mansinho, um macaco que queria voar e mais. Muito mais.
9. Pedro Veludo
Do Porto, em Portugal, Pedro Veludo viveu em Moçambique boa parte de sua vida, mas foi o Brasil que ele adotou como morada. Engenheiro de Telecomunicações, dedicou-se à Formação de Ator e direção, na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Ele, que já tocou numa banda de rock e foi vocalista em um dueto de música popular, escreveu algumas obras; uma delas, “Da guerra dos mares e das areias”. A obra conta uma fábula sobre os marés nos primórdios da Terra. Ali, o ir e vir das ondas e seus barulhos faz um búzio rosado tentar conciliá-las com as areias. Vale destacar que os adultos também hão de ficar maravilhados.
10. Gilles Eduar
O paulista Gilles Eduar nasceu em 1958. Formou-se em Arquitetura pela Universidade de São Paulo (USP). Dali, seguiu carreira como artista gráfico. Não só, ainda atuou como saxofonista, ator e cenógrafo. A vida de autor de literatura infantil veio em Paris, onde trabalhou em uma livraria infantil do Museu do Louvre. São noves títulos publicados no país francês, com traduções nos EUA e na Coréia. “Ossos do Ofício” foi o primeiro livro a ser lançado no Brasil. Dele, seguiu “Todo mundo vai ao circo”, que conta a história de Nilo, um cachorro que descobre os bastidores de um circo que acaba de chegar.