Leite de Moreira pode trazer riscos à saúde

Data: 19 de janeiro de 2015

Fonte/Veículo: O Popular

 

Eduardo Pinheiro

19 de janeiro de 2015 (segunda-feira)

 

Mesmo sem substância benéfica ao corpo ou outras que podem não fazer bem ao nosso organismo, o Leite de Moreira, ou seiva da Moreira, pode ser encontrado facilmente em lojas de produtos naturais em Goiânia pode ser nocivo à saúde. A denúncia foi feita ontem Fantástico, da Rede Globo/TV Anhanguera, em reportagem de Fábio Castro, que mostrou que ele é fabricado com medicamentos de venda exclusiva sob prescrição médica e não de produtos naturais, como é apresentado. O POPULAR esteve em locais onde o produto é vendido na capital. No Mercado Municipal, o composto é vendido nas bancas de ervas e medicamentos naturais por preços que variam de R$ 30 a R$ 35.

O Leite de Moreira é vendido em cápsulas, acondicionadas em uma pequena embalagem, com 30 unidades cada. Não há bula, restrição, nem qualquer indicação de que o produto pode oferecer risco à saúde. Apenas promete curar dores de cabeça, reumatismo agudo e crônico, gota, bursite, artrite e artrose, nervo ciático, fibromialgia, dores musculares, dores nas costas, tendinite, enxaqueca, sinusite, entre outros problemas. Na embalagem está escrito “suplemento nutricional”.

Um vendedor de uma das bancas do Mercado Municipal recomendou a administração do composto após as principais refeições do dia. “Uma depois do almoço e uma no jantar já garante os efeitos. Contra dor de cabeça é tiro e queda”, garantiu. Perguntado da procedência do produto, o lojista apenas informou que compra de distribuidores de produtos de origem natural.

No site de vendas do produto constam informações genéricas sobre a origem do suposto medicamento natural. O endereço eletrônico apenas informa que é “desenvolvido com base em plantas medicinais com um único objetivo: melhorar a sua qualidade de vida”.

Vários lotes analisados

Uma análise feita por pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG) em vários lotes do Leite de Moreira ou Seiva da Moreira descobriu que as cápsulas de alguns lotes não tinham nenhum princípio ativo que pudesse beneficiar o corpo humano. Outros lotes continham substâncias não naturais e remédios de tarja vermelha, que só podem ser utilizados com orientação médica. No rótulo da embalagem do produto não há qualquer especificação de quais plantas são usadas no composto, nem como é produzido. O produto promete “cura de doenças incuráveis” e alerta que deve ser mantido fora do alcance de crianças. A reportagem tentou contato com os fornecedores, mas não obteve retorno.