Um acadêmico no comando

Data: 15 de janeiro de 2015

Veículo: Diário da Manhã

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Ney Teles de Paula, presidente do Tribunal de Justiça, assume interinamente o governo e fala sobre as realizações à frente do TJ-GO

 

O presidente do Tribunal de Justiça de Goiás, desembargador Ney Teles de Paula, assumiu, na manhã de ontem, interinamente o cargo de governador do Estado. O governador Marconi Perillo e seu vice José Eliton estão em viagem para o exterior e o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Helio de Souza também viajou para a Argentina, transmitindo o cargo para Ney Teles.

 

Em outras ocasiões, presidentes do TJ-GO também assumiram o governo interinamente, a exemplo de Joaquim Henrique de Sá, Byron Seabra Guimarães, Jamil Pereira de Macedo e o último foi o desembargador Charife Oscar Abrão. Ney está no final de seu mandato como presidente do Tribunal de Justiça e considera o feito de ocupar o Palácio das Esmeraldas como uma coroação de sua gestão com uma deferência ao judiciário goiano.

 

O governador interino é membro da Academia Goiana de Letras e sempre esteve ligado à cultura e às artes, fazendo disso um diferencial em sua atuação na magistratura, no comando da Justiça e agora no governo do Estado. “O simbolismo desse cargo ocupado agora é muito significativo para nós e tive a honra de receber logo no início dessa manhã a visita muito simpática do professor Getúlio Targino de Lima, presidente da Academia Goiana de Letras. Gostaria de fazer algo para a cultura, mas não há tempo hábil, reconheço”.

 

Ney Teles de Paula é goiano de Piracanjuba, onde estudou até o ginásio. Começou a trabalhar muito novo (com 10 anos) na farmácia de seu tio. Trabalhou como vendedor de passagens na rodoviária em um misto de banca de jornais e revistas, o que lhe aguçou o gosto pela leitura e o levou para a literatura. Quando veio para Goiânia para estudar trabalhou em algumas autarquias até que ingressou no curso de direito da Universidade Católica de Goiás.

 

Já como acadêmico trabalhou como datilógrafo oficial no Palácio das Esmeraldas no governo de Leonino di Ramos Caiado e depois no governo de Irapuan Costa Júnior, sendo responsável por ler a correspondência oficial do governador. “Retornar agora ao Palácio das Esmeraldas como governador interino é uma situação que jamais me passou pela cabeça”, confidencia.

 

Leitor voraz, ele lamenta que, nos últimos meses, as atribulações da presidência do Tribunal de Justiça não tenha lhe permitido continuar o hábito de leitura, que ele espera retomar agora com o retorno à atividade judicante. Tem predileção por regionalistas goianos como: Bernardo Élis, Hugo de Carvalho Ramos e Leo Lynce. Foi radialista e apresentou programas na Rádio Universitária e na Riviera. Concluído o curso de Direito na Universidade Católica de Goiás, em 1975, passou a lecionar na Universidade Federal de Goiás, convidado pelos professores José Mendonça Teles, Wilmar Rocha e Nelson Lopes Figueiredo, do Núcleo de Estudos de Problemas Brasileiros. Membro da Associação Goiana de Imprensa (AGI) e da União Brasileira de Escritores – Seção de Goiás (UBE-GO) desde 1971, foi contratado pela Rádio Riviera, por indicação do escritor Alaor Barbosa, e durante quatro anos foi redator do Programa “Arte em tempo de domingo”, que tinha como abertura a legenda “uma incursão pelos domínios da beleza e em sua mais pura expressão: a arte”.

Juiz Adjunto (designação da época), tendo sido titular das Comarcas de Caiapônia, Panamá, Bom Jesus de Goiás e Jataí, tendo atuado, provisoriamente, também nas comarcas de Buriti Alegre, Goiatuba, Mineiros, Guaraí (a 1.000 km de Goiânia), em Uruaçu e Aparecida de Goiânia. Promovido para a Capital em 1987, foi o primeiro titular da Vara privativa da Execução Penal e Corregedoria de Presídios, período em que, buscando experiências, visitou presídios modelos no interior de São Paulo, no Rio de Janeiro (Bangu 1), em Minas Gerais e Brasília. Nos anos seguintes, por dois biênios, foi Juiz Corregedor e em seguida diretor do foro da Comarca de Goiânia, em 1997/98.

DM – Alguma vez, o senhor pensou que um dia pudesse assumir o governo de Goiás, ainda que interinamente?

Ney Teles – Sinceramente, isso nunca passou pela minha cabeça. Vejo isso como uma benemerência especial do governador Marconi Perillo para com o Poder Judiciário. Isso tem um significado especial para mim porque trabalhei aqui no Palácio das Esmeraldas quando ainda era acadêmico de direito. Tive como colegas pessoas fantásticas como Aidenor Aires, Carmo Bernardes e Bernardo Élis.

DM – Se lhe fosse possível o que o senhor gostaria de deliberar aqui o exercício da governadoria?

Ney Teles – Sei que o tempo exíguo não permitirá deliberar e decidir nada. Mas, tão somente a circunstância de estar aqui hoje eu me considero feliz por todo esse simbolismo, pelas minhas origens humildes e a superação de dificuldades para chegar até aqui. Se fosse só um dia já teria valido a pena a homenagem que o governador presta ao Judiciário e isto está fechando com chave de ouro nossa gestão no Tribunal de Justiça.

DM – Concluindo seu mandato como presidente do Tribunal de Justiça qual é o balanço que o senhor faz dessa gestão?

Ney Teles – Do ponto de vista da administração construímos fóruns em importantes cidades como Padre Bernardo, Planaltina de Goiás reformamos outros como Jaraguá e Pirenópolis, que vamos inaugurar nessa sexta-feira, como governador. A prestação jurisdicional está mais ágil e cumprimos as metas determinadas pelo Conselho Nacional de Justiça, o que nos coloca em posição de destaque junto com os principais tribunais de porte médio no País. Isso tudo nos dá uma sensação de missão cumprida e de satisfação pelo trabalho desenvolvido. Nos 140 anos de instalação do Tribunal de Justiça fizemos um importante trabalho de documentação histórica e publicamos isso em uma revista para registra a memória do Poder Judiciário de Goiás.

“Retornar agora ao Palácio das Esmeraldas como governador interino é uma situação que jamais me passou pela cabeça”

“O simbolismo desse cargo ocupado é significativo e tive a honra de receber a visita do professor Getúlio Targino. Gostaria de fazer algo para a cultura”

Perfil

·       Natural de Piracanjuba

·       Concluído o curso de Direito, em 1975, passou também a lecionar na Universidade Federal de Goiás – Núcleo de “Estudos de Problemas Brasileiros”.

·       Aprovado em concurso de juiz de Direito, tomou posse em março de 1978, tendo sido titular das Comarcas de Caiapônia, Panamá, Bom Jesus de Goiás e Jataí, além de atuar ao longo da carreira em Uruaçu, Guaraí (atual Tocantins) e Aparecida de Goiânia.

·       Promovido para a Comarca da Capital, em 1987, foi titular da Vara de Execução Penal e da Primeira Vara de Família; em seguida, juiz corregedor nos biênios 1993/1994 e 1995/1996, e Diretor do Foro de Goiânia no biênio seguinte – 1997/98.

·       No Tribunal Regional Eleitoral de Goiás, exerceu, no biênio 2009/2010, os cargos de vice-presidente e corregedor eleitoral e presidente, oportunidade em que o Superior Tribunal de Justiça escolheu Goiânia e Curitiba como pioneiras do processo eleitoral através da biometria.

·       Eleito presidente do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, tomou posse em 1º de fevereiro de 2013, mandato de dois anos.

·       Membro da Academia Goiana de Letras, ocupa a cadeira nº 27, que teve como primeiro ocupante o prof. Jerônimo Geral de Queiroz.

·       Membro ainda do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás, da União Brasileira de Escritores – UBE-GO, da Associação Goiana de Imprensa – AGI, da Academia Piracanjubense de Letras e Artes e sócio-correspondente da Academia de Letras, Artes e Ciências de Bela Vista de Goiás.