Começa cirurgia de separação de gêmeos siameses em hospital de GO

Data: 24 de fevereiro de 2015

Fonte/Veículo: G1 Goiás

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Procedimento conta com 40 profissionais e deve durar cerca de 12 horas.

Arthur e Heitor, de 5 anos, tem taxa de sobrevida de 50%, afirma médico.

Paula Resende

Do G1 GO

Após anos de preparação, os gêmeos siameses Arthur e Heitor, de 5 anos, passam por cirurgia de separação nesta terça-feira (24), no Hospital Materno Infantil (HMI), em Goiânia. Apesar de entrarem para o centro cirúrgico às 7h30, a operação só começou às 10h30. O procedimento é realizado por uma equipe composta por 40 profissionais e deve durar cerca de 12 horas.

Os gêmeos são unidos pelo tórax, abdômen e bacia, compartilhando o fígado, intestino, bexiga e genitália. “São duas pessoas unidas com vários órgãos em comum, então isso aumenta o risco assustadoramente. A taxa de sobrevida nossa em separação de gêmeos conjugados é de 50%", explica o cirurgião pediátrico Zacharias Calil, que coordena a cirurgia.

O médico, que já realizou outras dez operações deste tipo em Goiás, afirma que o procedimento é de alta complexidade. "A gente fica apreensivo. Apesar da quantidade de casos realizados, sempre um caso é diferente do outro, então a gente fica com o coração acelerado", disse.

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Mãe dos siameses, a professora Eliana Ledo Rocha Brandão relata que mal consegue conter a ansiedade para ver os filhos bem após a cirurgia. Com personalidades “totalmente diferentes”, os gêmeos sonhavam com a cirurgia, segundo a mãe. "Eles querem se separar, não querem desistir porque sabem que vão ter liberdade, uma independência maior, poder ir sem precisar da permissão do outro", diz a mãe.

Doação de sangue

Os gêmeos precisam de doações de sangue, mas a equipe médica não tem como precisar a quantia necessária. O Hemocentro irá ceder as bolsas de sangue que serão usadas na cirurgia. Para dar conta da demanda do estado, a unidade explica que precisa de uma média diária de 600 bolsas.

“Toda cirurgia, não só dos siameses, precisa de sangue. Os casos não esperam, mas o sangue demora de quatro a cinco dias para ficar pronto, então as pessoas têm que vir ao Hemocentro para reabastecer os nossos estoques”, pede o diretor da instituição, Mauro Silva.

Quem quiser doar, basta procurar a unidade do Hemocentro na Avenida Anhanguera, que funciona das 7h30 às 18h30. Nesta terça-feira, a unidade móvel de coleta de sangue esta no Campus Samambaia da Universidade Federal de Goiás (UFG) das 8h às 16h.

Caso

Natural de Riacho de Santana, cidade do interior da Bahia, Eliana veio a Goiânia um mês antes do nascimento dos filhos para que eles tivessem acompanhamento desde o parto, em maio de 2009. Após o nascimento, ela voltou para a terra natal por um período e, desde 2010, mora em Goiânia com os siameses. O marido e a filha mais velha, de 7 anos, continuam no Nordeste.

Eliana afirma que, apesar das restrições físicas, os filhos não possuem nenhum problema cognitivo. Inclusive, ela os alfabetizou: "Eles já sabem ler e escrever, aliás, são avançados para a idade deles".