Estudantes da Universidade Federal de Goiás (UFG) estão preocupados com a redução do repasse de verbas feito pelo Governo Federal. Era previsto um orçamento de R$ 28 milhões, porém, a instituição só recebeu R$ 19 milhões. Com menos dinheiro em caixa, a universidade está com contas de luz, água e telefones deste ano atrasadas e teve de demitir 10% dos funcionários terceirizados.

Segundo os estudantes, os efeitos já são sentidos nas salas de aula. “Está com rumores de greve e algumas coisas estão desequilibradas na universidade, como a falta de manutenção e outras coisas que percebemos desde o início do ano letivo”, afirmou a estudante Raquel Dias.

“Isso traz uma preocupação, pois no caso do meu curso, que envolve laboratório e equipamentos muito técnicos, a falta de recursos também pode prejudicar os professores, que podem entrar em greve”, ressaltou a estudante Juliana Jung.

Anna Karine Souza, que estuda física, disse que já foi avisada pelos professores que algumas aulas terão de ser adaptadas. “Na primeira aula, o professor já tinha passado que houve um corte de cerca de 30% dos recursos do Instituto de Física e que, por isso, alguns equipamentos não puderam ser comprados”, relatou.

O corte no repasse de recursos foi anunciado pelo governo federal no dia 7 de janeiro. Segundo decreto 8.389/2015, a restrição fica em vigor até que a Lei Orçamentária de 2015 seja votada. No projeto, está prevista a destinação de R$ 9,5 bilhões às universidades federais. Mas há um impasse, já que o Congresso Nacional precisa votar quatro vetos presidenciais antes da apreciação da proposta. A medida ainda não tem data para acontecer.

Enquanto a situação não é definida, a direção da UFG diz que foi obrigada a realizar uma redução de gastos. “O que nós tivemos que reavaliar é o tamanho dos contratos com as empresas terceirizadas, que prestam serviços de vigilância, de limpeza, de recepção, motoristas. Isso para que a gente tenha condições de honrar com nossos compromissos nesses contratos com o orçamento, que ainda não está definido, mas que pode ser menor do que o previsto”, destacou o reitor da UFG, Orlando Amaral.

Reitor da UFG, Orlando Amaral, diz que pesquisas não serão afetadas (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)Reitor da UFG diz que pesquisas não serão
afetadas (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)

Ele tranquilizou os estudantes e disse que não acredita que a redução dos gastos vá afetar áreas como as de pesquisa, por exemplo. “Acho pouco provável que isso vá mexer nas unidades de pesquisa da universidade. Temos laboratórios e equipamentos bem estruturados e essas atividades continuarão a acontecer. Na verdade, a maioria dessas pesquisas é financiada com recursos extraorçamentárias, então não creio em prejuízos”, disse o reitor.

Apesar do corte de verbas, a UFG informou que as aulas, iniciadas no último dia 23 de fevereiro, estão acontecendo normalmente sem nenhuma previsão de interrupção.

Em nota, o Ministério da Educação (MEC) afirmou que autorizou a liberação de recursos para garantir o pleno funcionamento das universidades e institutos federais. Ainda segundo o órgão, até março deste ano, foram repassados R$ 1,38 bilhões para as atividades de custeio e investimentos nas instituições. Porém, o MEC não se posicionou sobre o corte de verbas.

Jataí
O campus da UFG em Jataí, no sudoeste de Goiás, também já enfrenta dificuldades por conta do corte de verbas e a ordem é economizar no uso da água, energia e papéis.  Funcionários terceirizados da unidade também serão demitidos.

Professores e alunos temem que o orçamento menor afete as bolsas de estudo. “Os recursos já eram poucos, sempre faltavam algumas coisinhas, mas agora piorou de vez”, afirmou a estudante Juliete Barros.

“Me preocupo que sejam cortadas as bolsas, os incentivos para o aprimoramento do aluno, e até mesmo para a capacitação dos professores”, ressaltou a professora Ana Paula Freitas.

O diretor da UFG em Jataí, Wagner Gouveia dos Santos, diz que o auxílio aos estudantes está garantido, assim como as bolsas de mestrado e doutorado. “Esses recursos vêm de outras fontes, então não há riscos”, ressaltou.