UFG chega aos 50 anos em busca da excelência

UFG chega aos 50 anos em busca da excelência


UFG: principal instituição de ensino do Estado chega aos 50 anos com o desafio de melhorar a qualidade de ensino


Foi numa quarta-feira, 14 de dezembro de 1960, que o então presidente Juscelino Kubitschek, na sacada do Palácio das Esmeraldas, diante de uma multidão de estudantes reunidos na Praça Cívica, assinou um documento que seria histórico para o Estado.
Naquele momento, a Universidade Federal de Goiás era oficialmente criada, após uma insistente luta de quatro anos de idas e vindas, avanços e recuos, brigas políticas e até físicas. Nesta terça-feira (14), 50 anos depois, a UFG é uma instituição sólida, que passa por um momento favorável, mas ainda com muitos desafios a encarar.
A UFG está recebendo pesados investimentos. Com dois câmpus em Goiânia e três no interior (Catalão, Jataí e Cidade de Goiás), 21 mil alunos,2 mil professores e 2.800 funcionários técnico-administrativos, a Federal é a principal referência em ensino superior em Goiás, maior centro de pesquisa goiano e um dos maiores orçamentos do Estado, com previsão de que ele chegue a R$ 600 milhões em 2011. Por suas unidades, dezenas de milhares de pessoas transitam todos os dias, contingente maior que a população de muitas cidades.
Os desafios da instituição são igualmente gigantescos. Manter a qualidade de ensino para tantos alunos é um deles. “Mesmo com o crescimento de oferta, a qualidade não está ameaçada. Enfrentamos resistências de alguns setores, havia dúvidas sobre isso, mas parece claro que o ensino está melhorando”, assegura o pró-reitor de Administração e Finanças da UFG, Orlando Afonso Valle do Amaral, um dos coordenadores do plano de reestruturação das universidades federais, o Reuni.
Pablo Salvador, diretor de políticas do Diretório Central de Estudantes da UFG, tem opinião contrária. “Nós criticamos o Reuni da maneira como ele está sendo implantado”, diz. “Nós somos a favor da expansão dos cursos e da melhoria da infraestrutura, mas o ensino tem piorado com a contratação de professores sem dedicação exclusiva, no regime de 20 horas e não de 40 horas semanais, o que afeta muito a pesquisa.”


Corpo docente
Reitor da UFG, Edward Madureira observa que a instituição tem hoje em seus quadros mais de mil doutores em seu corpo docente e que essa excelência na pós-graduação se reflete também na qualidade da graduação. Pablo, do DCE, porém, afirma que a UFG “está inchada”, já que, na sua opinião, ela não se preparou devidamente para o crescimento que experimenta atualmente. “Sabemos que este é um problema que surgiu lá atrás, numa série de políticas erradas para a universidade que vêm da era FHC, quando ela foi sucateada. Mas a solução dada aqui na UFG também está com um viés equivocado”, avalia.
Para Pablo, que cursa Letras, modelos interessantes são os adotados por universidades de ponta, como USP, Unicamp e UFMG, que dão total atenção à pesquisa. “Somos favoráveis à universalização do ensino superior público. A universidade tem de ser para o povo e não para elites. Mas em nome da expansão não se pode aceitar que estudantes substituam servidores por falta de pessoal. É preciso remunerar melhor os professores e conceder mais bolsas”, sugere.
Fernando Pereira dos Santos, presidente da Associação dos Docentes da UFG (Adufg), assinala a importância da expansão que pela qual a universidade vem passando. “Talvez ela só tenha vivido algo parecido em sua origem. Há uma condição bem melhor de trabalho hoje, com laboratórios mais modernos, mais estímulo para pesquisa e extensão.” Ele, porém, também tem suas preocupações. “Não está claro que projeto de futuro tem a UFG. Precisamos nos perguntar que tipo de universidade precisamos. Estamos crescendo, mas sem essa visão de longo prazo.”


Verbas
Não há quem discorde que desde 2007, quando o Reuni começou a ser implementação, a UFG respira outros ares. “É um momento muito favorável”, enfatiza o pró-reitor Orlando do Amaral. “Ampliamos as vagas, contratamos professores e técnicos.” Apenas para a UFG, a previsão de repasse de verbas para investimento no período entre 2007 e 2012 chega a R$ 90 milhões, recursos investidos na abertura de 29 cursos, 22 turmas, contratação de 480 professores, de 300 funcionários.
O Sindicato dos servidores da Federal (Sint-UFG) comemora a nova fase, mas apresenta suas demandas. “Os salários melhoraram muito e o quadro de funcionários foi reforçado, mas teríamos de abrir pelo menos 900 novas vagas para suprir todas as lacunas”, calcula o presidente do sindicato, João Pires Júnior. O estudante Pablo admite que a UFG vive o melhor momento de sua história, mas pede atenção para os rumos que a universidade tomará daqui em diante. “Os índices que a Federal apresenta ainda estão abaixo do que a gente poderia esperar da principal universidade de Goiás. É preciso melhorar a qualidade.”


Você entrevista o reitor
A edição desta semana do Face a Face, do POPULAR, será com o reitor da Universidade Federal de Goiás, Edward Madureira. Ele vai responder às perguntas sobre as realizações e os desafios da instituição no momento em que comemora seus 50 anos de existência.
Quem quiser participar, basta enviar sua pergunta para a página do POPULAR no Facebook, no endereço www.popface.com.br. Os participantes devem postar suas perguntas no site até quinta-feira. A entrevista com o reitor da UFG será publicada na edição de sábado do POPULAR.

FESTAS E HOMENAGENS


A UFG tem uma programação especial nesta terça-feira (14) para marcar seus 50 anos de existência. Ontem, a universidade foi homenageada com uma sessão solene na Câmara dos Deputados, em Brasília. Para hoje estão previstos os seguintes eventos:
* Inauguração do busto do professor Colemar Natal e Silva, primeiro reitor da UFG
* Lançamento da Revista UFG Nº 9
* Lançamento do livro Universidade Federal de Goiás: Imagens e Memória (1960-1964)
Local: Centro de Cultura e Eventos (Câmpus 2) / Horário: 20h

LINHA DO TEMPO
1960: Criação da UFG, com assinatura de decreto presidencial por JK em 14 de dezembro.
1961: Instalação oficial da universidade na antiga Faculdade de Direito da Rua 20, Centro, em 3 de fevereiro. No dia 7 de março, aula inaugural no Teatro Goiânia.
1962: Implantação do Hospital das Clínicas, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras e da Faculdade de Educação e abertura do Restaurante Universitário.
1965: Criação da Rádio Universitária.
1968: Abertura do Colégio de Aplicação da UFG e do Instituto de Artes.
1970: Inauguração do Planetário da UFG, no Parque Mutirama.
1971: Começa a construção das primeiras unidades da UFG em seu Câmpus 2, com a proposta de integração das diversas áreas de conhecimento em uma área comum. O modelo usado foi o da UnB.
1973: Criação da Biblioteca Central da UFG e do sistema de bibliotecas integradas da instituição.
1978: Surgimento da Associação dos Docentes da UFG (Adufg).
1980: Criação dos câmpus avançados de Jataí e Porto Nacional, que na época ainda pertencia a Goiás.
1983: Criação do câmpus avançado de Catalão.
1993: Implementação do primeiro doutorado na UFG, em Agronomia.
1995: Reestruturação da UFG, com desmembramento das antigas faculdades em unidades menores e com mais autonomia.
1996: Criação da Farmácia Escola da UFG.
2002: Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), na UFG.
2008: Inauguração do Cine UFG.
2009: Inauguração da TV UFG.