Era uma vez um cinema: as salas que deixaram saudades

Era uma vez um cinema: as salas que deixaram saudades

28/01/2010

A triste previsão sobre o fim das salas de projeção não surgiu do nada. Além do advento de tecnologias que possibilitavam a exibição dos filmes no conforto do lar, outro dado preocupava. Em todos os cantos do Brasil, cinemas tradicionais eram abandonados, dando lugar a igrejas ou espaços para exibição de filmes ou shows eróticos. Em Goiânia, o cinema de rua também foi perdendo espaço. Para Fabrício Cordeiro dos Santos, cinéfilo e crítico de cinema, esse fator se deve principalmente ao surgimento das grandes redes de cinema, instaladas em shopping centers. “É uma questão de lógica: um shopping oferece várias opções de compra em um único lugar, então as pessoas podem planejar várias coisas de uma só vez, inclusive ir ao cinema”, explica.

Como exemplos, Fabrício cita os extintos Astor, Santa Maria e Apollo, que se transformaram em salas de exibição de filmes de conteúdo adulto. Hoje igrejas, o Cine Casablanca, no Centro, e o Cine Rio, em Campinas, além do não tão antigo assim Cine Capri, também fazem parte da época de ouro da sétima arte em Goiânia. O Cine Campinas, onde hoje funciona uma loja de eletrodomésticos, foi outro palco de encontros de casais e amigos, um dos points badalados da cidade na década de 60. “Com essa invasão do multiplex, das grandes redes, esses cinemas menores não souberam atrair o público, e tampouco tiveram incentivo”, lembra Fabrício. Assim, aquele programa de simplesmente ir ao cineminha do centro deixou de ser prático.

Na era das grandes produções e do forte apelo comercial, o único sobrevivente dos antigos cinemas é o Cine Ritz, no centro de Goiânia. Nesse caso, o atrativo é o preço, bem mais barato em relação às salas de shoppings. Por outro lado, cinemas como o Cultura, localizado na Praça Cívica, o Cine Ouro, localizado na Galeria Ouro, e o Cine UFG, no Campus Samambaia, tentam atrair pelo preço e pela programação alternativa. “A existência desses cinemas, mesmo que não possuam a mesma qualidade de um multiplex, é importante. Caso contrário, o público terá ainda menos opções de filmes diferentes em uma sala”, opina. Outra dica são os festivais de cinema, que já possuem forte tradição em Goiânia.