Faculdade: antes tarde do que nunca

Faculdade: antes tarde do que nunca

Terceira idade está presente nas universidades, supera preconceitos e conquista o diploma

17/01/2010

Nunca é tarde para se sentar no banco da universidade. Todos os anos, homens e mulheres, mesmo após os 50 anos, se matriculam nas faculdades em busca de conhecimento e de um diploma superior. A vontade de aprender reflete, principalmente, na sala de aula. Os professores notam a diferença na hora de ensinar, uma vez que os adultos têm comportamento diferenciado e que além de aprender, eles têm muito que ensinar.
“Os adultos sabem o que querem. Não perdem tempo, ao contrário, procuram recuperar o tempo perdido”, afirma o pedagogo Israel Carolino, orientador acadêmico da Universidade Federal de Goiás (UFG). O professor afirma que há um aproveitamento de 100% do conteúdo ministrado quando os alunos são mais maduros. Carolino, que trabalha com turmas de adultos e terceira idade desde 2002, destaca que 90% destes estudantes chegam ao final do curso e que, a cada ano, o percentual de evasão é menor. 


Muitos estudantes na terceira idade são pessoas que exerceram uma profissão ao longo da vida sem formação na área, mas sempre carregaram o sonho de ter o diploma e que ao ver a oportunidade, quer realizar o desejo.



DIFICULDADE
O professor diz que o mercado de trabalho tem espaço para a terceira idade com curso superior, mesmo com a dificuldade de incluir alguém com mais de 40 anos na disputa por uma vaga de trabalho. “Eles têm potencial de trabalho, experiência de vida” diz Carolino ao ressaltar as qualidades de seus alunos. Uma das dificuldades dos adultos é a inclusão no mundo digital. Ao contrário de um jovem, que, em pouco tempo, aprende as ferramentas rapidamente, aqueles acima dos 50 anos não têm a mesma capacidade. 
Carolino pontua que, na hora de estudar, a família e amigos precisam dar apoio para que não perca o entusiasmo de frequentar a sala de aula. O pedagogo diz que dialoga muito com os alunos. Procura entender as dificuldades e desafios por eles enfrentados no dia a dia para poder auxiliar, de maneira correta, a vida estudantil.  


A bancária Francisca Gomes de Sousa, 55, formou no ano passado em Pedagogia. Para ela, foi a realização de um sonho. “Educação não tem limite de idade. Todos nós podemos alcançar nossos sonhos, cedo ou mais tarde, basta querer.”


Ela conta que, ao longo do curso, fez muitas amizades e teve a oportunidade de aprimorar seus conhecimentos para prestar concursos e arrumar um emprego na sala de aula, já que o seu maior sonho é ser professora. Ela prestou o concurso da Prefeitura de Aparecida de Goiânia e aguarda o resultado. Acredita que ficou bem colocada e espera ter passado.