Festival na Emac/UFG explora campos da dança

Festival na Emac/UFG explora campos da dança

Renata Dos Santos - O Popular

Começa nesta quinta-feira, no Dia Mundial da Dança, em Goiânia o Dança em Foco – Festival Internacional de Vídeo e Dança, que até domingo movimenta espaços como a Escola de Música e Artes Cênicas da UFG (Emac) e o Centro Municipal de Cultura Goiânia Ouro, com cursos, palestras, mesas-redondas e espetáculos.

A programação traz destaques como Letícia Sekito, de São Paulo, diretora, coreógrafa e bailarina premiada com o Prêmio Clauss Vianna em 2009, que vai ministrar uma oficina e apresentar também dois espetáculos: O Japão Está Aqui (no teatro da Emac, hoje, às 20 horas) e Eu Disse (no Goiânia Ouro, sábado, às 20 horas).

O evento também vai concentrar a Mostra Internacional de Videodança, com exibição de mais de 20 horas de videodança de vários países, num projeto comandado por Eduardo Bonito e Regina Levy, do Rio de Janeiro. A programação em Goiânia também conta com a curadoria de Paulo Caldas.

Participante do Dança em Foco em Goiânia, Cynthia Domênico é uma videoartista paulistana que vai mostrar a criação Vira e Mexe. No trabalho, que será apresentado sábado, às 15 horas, no Goiânia Ouro, Cynthia realiza uma coreografia por meio do processo de edição de imagens. Ela iniciou sua obra com uma câmera estática que filmou gestos – como o seu próprio ombro em movimento – que se transformam em dança quando o vídeo está pronto. “O que o bailarino constrói no corpo em cena, eu faço na edição, por meio de repetição de imagens, acréscimo de som, etc”, explicou.

A videodança é uma linguagem artística em pleno crescimento em todo o planeta e desperta interesse por investigar a interface das linguagens da dança e do audiovisual. Entre os profissionais atuantes no mercado e pesquisadores que difundem o tema em festivais nacionais e internacionais (pela circulação de vídeos e apresentações em TV), a videodança é definida como uma produção coreográfica concebida especialmente para a tela e que só existe de forma plena dentro dela. Outro conceito é que a videodança é uma obra de dança criada como vídeo ou ainda um vídeo criado como dança.

Corpo e imagens
Os professores Mário Pizarro (UFG) e Luciana Ribeiro (Cefet) estarão à frente de uma mesa-redonda sobre videodança no sábado, das 17 às 19 horas, no Goiânia Ouro. Para Pizarro, que vai abordar as relações entre corpo e imagens (audioviosual), o tema tem interessado muito mais os artistas em geral (coreógrafos, videomakers, publicitários, entre outros) do que pessoas do meio acadêmico. “Hoje não dá mais para falar de arte sem falar de mídia, já que o corpo passa a ser tratado como mídia e veículo de comunicação”, defende.

Ele acrescenta que em Goiânia e no Brasil trabalhos no campo da videodança ainda estão em fase de consolidação, com crescimento de cursos de pós-graduação e especializações. Pizarro enumera que os trabalhos com videodança ainda se dissolvem em campos com o cinema, as artes e a dança. Segundo Sacha Witkowski, produtor local do evento, o Dança em Foco começou em 2005 no eixo Rio–São Paulo e, desde 2006, se tornou itinerante, com permanência de dois anos em cada cidade. “Em seu segundo ano em Goiânia, o evento cresceu com aumento de horas de exibição das produções de videodança e também na quantidade de oficinas”, avalia.

Japão
Criada e dirigida pela artista de dança contemporânea Letícia Sekito, de São Paulo, a Companhia Flutuante desde 2004 recebe apoio da Fundação Japão/São Paulo para dar continuidade ao seu processo artístico. O espetáculo E Eu Disse (2007) é um solo de dança que trabalha a relação entre corpo e cultura, dentro de uma pesquisa iniciada em outro solo: Disseram que eu Era Japonesa (2004).

A produção estreou em março de 2007, ano em que foi apresentada no Festival Internacional da Nova Dança. Entre os prêmios estão o ProAC 2008, da Secretaria de Estado de Cultura de São Paulo, que permitiu um turnê por oito cidades do interior paulista. A outra performance, denominada O Japão Está Aqui, aborda sua relação autobiográfica com o universo cultural japonês.

Letícia Sekito criou esta obra antes de ir pela primeira vez ao Japão e, por isso, trabalhou com “um Japão imaginário, virtual, ficcional e lúdico”, com temperos como cultura pop, literatura, cinema, internet e da língua japonesa.

Evento: Dança em Foco – Festival Internacional de Vídeo e Dança
Data: de quinta-feira (29) a domingo (02)
Locais: Escola de Música e Artes Cênicas da UFG e Centro Municipal de Cultura Goiânia Ouro
Informações: contato@dancaemfoco.com.br ou www.dancaemfoco.com.br