Universidades são grandes berçários tecnológicos, mas pouco aproveitadas pelo mercado empresarial do País

Diário da Manhã

Impulso à inovação

Universidades são grandes “berçários” tecnológicos, mas pouco aproveitadas pelo mercado empresarial do País

09 de Dezembro de 2010

Eliane Barros
Da editoria de Economia

O Brasil caiu 18 posições em inovações passando para 68º lugar no mundo em novas criações. Isso representa menor aproveitamento de criações acadêmicas que surgem dentro das universidades, onde são verdadeiros “berçários” tecnológicos na transferência de ideias, contudo, pouco aproveitado pelo mercado empresarial. Para avançar é necessária a criação de um Parque Tecnológico que fomentará mudanças econômicas e sociais gerando empregos e renda.

O parque é responsável pela transferência de ciência e tecnologia ao setor produtivo. O mundo em desenvolvimento exige do mercado inovação em oferta de produtos de menor custo com garantia de qualidade. A inovação tecnológica garante à empresa diferencial competitivo na hora de negociar produtos e serviços e coloca no mercado algo já criado.

Pesquisas aplicadas geram processo de novos produtos no mercado aumentando a margem de exportação. Em Goiás, a Lei da Inovação Estadual foi criada em 2009, mas apenas em 2010 se deram as primeiras iniciativas. Empresas goianas são obrigadas a implantar fora do Estado suas filiais por falta de parque tecnológico.

Com pouco foco na inovação frente aos outros Estados brasileiros, Goiás ainda está atrasado na criação de organizações que visam o desenvolvimento de pesquisa por meio da parceria empresa e universidade. A parceria entre governo estadual e iniciativa privada é fator primordial para elevar inovações no setor, segundo analistas do setor de desenvolvimento tecnológico.

Professor e assessor executivo do Conselho Temático de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação da Federação da Indústria e Comércio do Estado (Fieg), Nelson Martins ressalta a criação de um fórum de tecnologia da informática para maior abordagem dos assuntos ligados ao tema. Segundo Nelson, o fórum defenderá ideias sobre inovações e onde e como aplicá-las.

Um grupo organizado pode pressionar o setor público e privado a interagir para criação de elo entre as universidades e o mercado. “A lei na inovação já existe. Uma coisa é ter lei, outra é ela conseguir influenciar. Nas universidades existem pesquisas avançadas para serem aplicadas no mercado e gerar novos produtos, mas isso precisa ser implementado”, diz.
 
Parque Tecnológico em Goiás

Empresário e cientista da computação Leandro Pereira opera no mercado com vendas e assistência de softwares. Leandro é um dos empresários goianos que precisou buscar fora, o mercado de inovação tecnológica por falta de abordagem local. A empresa de software migrou seus negócios para o Pólo Digital em Recife (PE) depois de descobrir, através de análise de mercado, os benefícios de se instalar em regiões com maior avanço para o setor.

Segundo Leandro, em Recife existe um Parque Tecnológico chamado de Porto Digital onde além de estruturas físicas, empresários como ele podem contar com o Fundo de Investimento e Fomento, com foco na capacitação profissional, que oferece garantia de até 70% em operações de crédito em bancos públicos para empresas de softwares. “A Lei municipal de Recife também beneficia as empresas com um incentivo financeiro que permite a redução de 60% do  Imposto Sobre Serviços (ISS). Minha empresa é goiana, mas esses incentivos não existem aqui, nem mesmo o polo digital”, ressalta.

A Universidade Federal de Goiás promoverá a interação universidade-empresa através de criação de um Parque Tecnológico na própria universidade, cujos projetos estão em fase de conclusão para implantação em 2011. Isso potencializará o Estado com iniciativas já existentes na universidade. De acordo com o reitor da UFG, Edward Madureira Brasil, a universidade colocou-se como agente da construção de ambiente institucional favorável à inovação no Estado. “Com esse propósito temos trabalhado para desenvolver e fortalecer redes de pesquisa e cooperação com instituições. Também incrementando parcerias com parlamentares e órgãos governamentais como a Secretaria de Ciência e Tecnologia”, diz o reitor.