A UFG e a produção de ciência e tecnologia - Edward Madureira Brasil

Editorias / Opinião

Diário da Manhã

A UFG e a produção de ciência e tecnologia - Edward Madureira Brasil

09 de dezembro de 2010

Os desafios que se apresentam para a economia mundial hoje exigem que os países busquem construir ambientes propícios ao aprendizado de novas maneiras de organizar a produção e de produzir; à concepção de novas formas de promover a competitividade de suas empresas e, por consequência, seu desenvolvimento econômico. É a inovação tecnológica que possibilita a criação e a renovação de atividades, a abertura de novos mercados e a revitalização de setores econômicos tradicionais, despontando como a base para diferenciar os produtos e agregar valores a eles.

No Brasil, e de forma ainda mais acentuada, em Goiás, as empresas têm pouca tradição em pesquisa, desenvolvimento e inovação. Difundir a cultura de inovação no conjunto das organizações empresariais, bem como apoiar a implantação das chamadas empresas de base tecnológica (EBTs), é fundamental para fazer avançar o desenvolvimento da região. Cabe destacar aqui que às EBTs está reservado, nesse quadro, um importante papel, na medida em que estas atuam como verdadeiros “aditivos” e “catalisadores” do uso do conhecimento e da inovação nos diversos segmentos da economia.

Considerada sob esse ponto de vista a urgente necessidade de avanço na relação entre a ciência e o desenvolvimento econômico, a universidade passa a ser um ator estratégico nesse contexto, sendo a sua função precípua e singular formar pessoal qualificado. À universidade, como locus de saber, de liberdade acadêmica e de inteligência, cumpre ainda contribuir para que o conhecimento, por meio do desenvolvimento da pesquisa, transponha novas e inesperadas fronteiras, alcance novos horizontes.

Mas a universidade não tem como realizar sua missão a contento, isolando-se do mundo que a cerca. Ao contrário, ela só pode cumpri-la interagindo com o Estado, com o empresariado (na chamada tripla hélice) e com outros atores sociais. E, no espaço dessas relações, traduz-se concretamente sua responsabilidade de contribuir para o desenvolvimento econômico e social da região em que está inserida.

Os ganhos dessa interação são bastante significativos. Por um lado, a universidade dá sua contribuição ao desenvolvimento econômico, não apenas formando pessoal, mas também por meio da prestação de serviços técnicos especializados, da transferência de tecnologia, da difusão da cultura de valorização do conhecimento para as empresas e da criação de empresas de base tecnológica. Por outro, esse processo contribui de maneira decisiva para a universidade, enriquecendo a formação de seus docentes e alunos, desenvolvendo a cultura empreendedora na instituição, trazendo novos problemas para pesquisa, alimentando teses e dissertações, além de carrear recursos e melhorar a infraestrutura.

Ao longo de 50 anos de história, a UFG tem procurado uma sintonia cada vez maior com a realidade de que faz parte, interagindo com a sociedade por meio de seus programas de extensão e de seus esforços de pesquisa aplicada. Participam desse esforço diversas iniciativas no sentido de promover a interação universidade-empresa.
A criação de um Parque Tecnológico na UFG, cujos projetos encontram-se em fase de conclusão, possibilitará um salto de qualidade nesse esforço. Além de aglutinar e potencializar as várias iniciativas já existentes na universidade, o parque constituirá um espaço privilegiado para atrair para cá a implantação de novas EBTs.

A UFG qualifica-se cada vez mais para um desempenho estratégico no desenvolvimento de Goiás. Bem apoiada na formação profissional de qualidade e na produção de conhecimentos sintonizados com as reais necessidades da sociedade, a UFG coloca-se como agente da construção de um ambiente institucional favorável à inovação em nosso estado. Com esse propósito temos trabalhado para desenvolver e fortalecer redes de pesquisa e cooperação com instituições; incrementar parcerias com parlamentares e órgãos governamentais como a Secretaria de Ciência e Tecnologia; consolidar a nossa Fundação de Amparo à Pesquisa (Fapeg) e estreitar os laços de colaboração com entidades do mundo do trabalho e da produção.

Edward Madureira Brasil. Reitor da Universidade Federal de Goiás