Vale do Araguaia (GO) poderá ganhar fórum de discussão ambiental

Vale do Araguaia (GO) poderá ganhar fórum de discussão ambiental

Pesquisadores e prefeitos apostam na criação de um fórum permanente sobre o Vale do Araguaia para diminuir os problemas ambientais da região.

Por Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental - Fica  - EcoAgência 13/06/2010

A criação de um fórum permanente para discutir os problemas ambientais das cidades goianas da bacia do Rio Vermelho e do Vale do Araguaia foi uma das propostas apresentadas nesta quarta-feira (9/6), no XII Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental, durante mesa-redonda que reuniu pesquisadores e prefeitos da região.

Linda Monteiro, presidente da Agência Goiana Pedro Ludovico (Agepel) e coordenadora geral do Fica, ressaltou a importância da criação do fórum, ao lembrar que é do Rio Vermelho que nascem seis das oito mais importantes bacias hidrográficas do país, como a Amazônica, que tem origem na Bacia Araguaia-Tocantins.

De acordo com Laerte Ferreira, coordenador de Meio Ambiente do Festival, no Vale do Araguaia, 43% do cerrado já foram desmatados, principalmente pelo avanço do agronegócio. "Precisamos agir e rápido. Consolidar cada vez mais os fóruns ambientais com temáticas mundiais, principalmente no Fica, que é um festival internacional".

Apenas no estado de Goiás, 18 municípios fazem parte das bacias do Vale do Rio Vermelho e do Araguaia. Os participantes do debate trocaram dados sobre o cerrado, compartilharam metodologias de pesquisa e, principalmente, apontaram formas de combater os problemas que ameaçam o bioma. Todos receberam um DVD, com informações e fotos de satélite, um verdadeiro raio X da área, resultado do trabalho de pesquisadores da Universidade Federal de Goiás.

"Estamos aqui falando no fundo do nosso quintal, no quintal do Fica", disse Pedro Vieira, geógrafo e professor da Pontifícia Universidade Católica de Goiás, que destacou a importância dos municípios se organizarem, numa ação única, para vencer os problemas que atingem a região. A mesa contou ainda com a presença de Manuel Eduardo Ferreira, pesquisador da UFG, Luciane Mascarenhas, mestre em Direito e doutora em Ciências Ambientais e Sandra Garbelini, promotora e coordenadora de Meio Ambiente do Ministério Público de Goiás. A promotora e a advogada esclareceram os prefeitos sobre as mudanças no Código Florestal, em discussão no Congresso Nacional.

Duas mudanças, particularmente, preocupam os ambientalistas: a possibilidade dos estados regularem suas próprias leis ambientais e a punição apenas para os futuros desmatamentos, anistiando quem desmatou até agora. Para Luciane Mascarenhas propor mudanças no Código Florestal no momento em que o mundo sofre as conseqüências das mudanças climáticas, como os desmoronamentos no Rio de Janeiro e as enchentes em diversas cidades brasileiras, é completamente inapropriado. "Fora do Brasil nossa legislação ambiental é considerada muito avançada. Se as mudanças propostas forem aprovadas, tudo o que já fizemos cai por terra."

MMA anuncia apoio à PEC do Cerrado e o monitoramento do bioma

A secretária de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, Samyra Crespo, disse na abertura oficial do XII Fica que, a partir de agora, o bioma Cerrado será monitorado, como já acontece com a Amazônia e Mata Atlântica. Anunciou, ainda, o apoio oficial do MMA à Proposta de Emenda à Constituição (PEC 115/95), que consagra o Cerrado e a Caatinga como patrimônios nacionais. A conhecida "PEC do Cerrado", que pode ajudar na preservação do segundo maior bioma brasileiro, está tramitando no Congresso Nacional há mais de 15 anos.

A representante do MMA afirmou também que, repetindo um projeto iniciado no ano passado, a pasta vai lançar em agosto um edital no valor de R$ 400 mil para custeio de curtas com temática ambiental.

Fica/EcoAgência