Utilização de vagas por cotistas é menor no vestibular da UFG

Utilização de vagas por cotistas é menor no vestibular da UFG

Nos cursos mais concorridos o uso das cotas foi maior. Resultado saiu ontem pela manhã

Adriano Marquez Leite

Na terceira edição do vestibular em que a Universidade Federal de Goiás (UFG) utiliza o sistema de cotas, caiu o número de estudantes que precisaram da reserva de vagas para ingressar em uma das graduações oferecidas pela instituição. Ainda assim, nos cursos mais concorridos, as cotas foram fundamentais para que alunos da rede pública pudessem ter acesso a essas graduações da “elite”. Ao todo, foram 4.854 candidatos aprovados no processo seletivo, cujo resultado foi divulgado ontem pelo Centro de Seleção da UFG (a lista completa está nas páginas 7, 8, 9 e 10).

Em 2009, quando ocorreu o primeiro vestibular depois que passou a vigorar o Programa UFG Inclui, de cotas, 299 alunos de escolas públicas ou negros de escolas públicas precisaram das cotas para assumir uma vaga na instituição. Este ano, contudo, houve uma redução de mais de 13% no porcentual de estudantes que precisou da reserva de vagas: 258.

Para concorrer pelo sistema, o aluno da rede pública, ao fazer a inscrição no vestibular, seleciona uma opção requerendo participar do processo seletivo como cotista. Há uma reserva de vagas para esses estudantes, que nem sempre precisa ser utilizada, já que na maioria dos casos, principalmente dos cursos de menor procura, os alunos inscritos por meio do sistema de cotas atingem notas melhores do que aqueles inscritos pelo sistema universal.

Se por um lado a reserva de vagas foi menos utilizada de maneira geral, por outro, foi primordial ao permitir o acesso de alunos de escolas públicas nos cursos mais concorridos, corroborando a política de inclusão da UFG. Nos quatro cursos com maiores notas de corte na instituição, Medicina, Engenharia Civil e nas duas turmas de Direito, das 44 vagas reservadas para cotistas, 38 foram utilizadas.

Para o diretor da Faculdade de Educação da UFG, Ged Guimarães, uma provável razão para o menor aproveitamento por meio do sistema de cotas é uma melhor qualidade da escola pública. Contudo, o professor é reticente com relação à afirmação já que, mesmo com o esforço em melhorar o ensino público do País, especialistas e a própria população enxergam que ainda é preciso fazer toda ordem de investimento para adequar as escolas das redes municipais e estaduais a um patamar aceitável de funcionamento, explica.

De acordo com a pró-reitora de Graduação da UFG, Sandramara Matias Chaves, embora o aproveitamento pelo sistema de cotas neste processo seletivo tenha sido menor este ano, ainda há diversas lacunas que devem ser preenchidas para otimizar a participação do estudante carente.

Entre as medidas citadas pela pró-reitora, está um programa da universidade de palestras em escolas públicas para mostrar as possibilidades de graduações na UFG e aproximar a instituição desse estudante. “Em diversos casos, o aluno tem condições de passar no vestibular, mas não faz a inscrição por achar que não terá chance”, afirmou.

Matrícula
Os alunos classificados na primeira fase do vestibular deverão comparecer nos dias 11 e 12 deste mês, quinta e sexta-feira da próxima semana, ao Centro de Eventos Reitor Ricardo Freua Bufáiçal, no Câmpus Samambaia, para efetuar seus cadastros e matrículas na instituição. No interior, os selecionados serão recebidos nas secretarias dos Câmpus de Catalão, Jataí e cidade de Goiás. Das 5.459 vagas, 605 não foram preenchidas. As aulas na UFG começam no dia 22 de fevereiro.

A relação dos aprovados pode ser acessada no portal da universidade na internet através do sítio www.vestibular.ufg.br. Dos 4.854 aprovados, 4.068 entraram pelo sistema universal, ou seja, não se inscreveram no vestibular pelo UFG Inclui. Pelo sistema de cotas, além dos 258 alunos oriundos de escola pública, também foram chamados 16 quilombolas e 7 indígenas - nesses casos, são abertas vagas adicionais nos cursos para atender a demanda.

Para o ato da matrícula, os alunos selecionados deverão estar atentos a uma novidade.Independentemente de terem sido informados ou não da aprovação, todos deverão acessar o site da UFG no período de 8 a 10 de fevereiro para atualizar ou complementar a sua ficha de cadastro. Após enviar o documento pela internet, uma via deve ser impressa para ser entregue no dia da matrícula. Sem este documento a matrícula não será efetuada.

Ao lado da pró-reitora de Graduação, o reitor Edward Madureira acompanhou a divulgação do resultado no Centro de Seleção. Segundo ele, foi um processo tranquilo, sem nenhum tipo de intercorrência. A única exceção foi a impossibilidade de a UFG usar as notas do Enem neste vestibular por causa do cancelamento da prova. Para o processo seletivo do meio do ano, a questão será submetida a avaliação dos conselhos universitários.

Alegria e tráfego tumultuado em festa

Adriano Marquez Leite

Tradicional ponto de comemoração, a região do Parque Vaca Brava voltou a receber uma barulhenta, alegre e suja multidão. Aprovados, ao lado de amigos e familiares, mostravam todo o entusiasmo pela aprovação na Universidade Federal de Goiás (UFG). O banho de café, pimenta, melancia, ovo e farinha de trigo não tirou o sorriso de Elisa Zafalão, de 19 anos, aprovada para o curso de Direito. “Estou feliz da vida!”. Luiza Borges, de 17, aprovada em Psicologia, tirava fotografias ao lado dos pais orgulhosos, o técnico em edificações, Wallace Anderson Pinheiro e a economiária Borges Figueiredo.

Sem poder se atirar no lago do parque, protegido pela Polícia Militar e pela Guarda Municipal, os estudantes se aglomeraram na Avenida T-3, no trecho normalmente tumultuado entre as ruas T-10 e T-55. Coube aos agentes da Agência Municipal de Trânsito e Mobilidade (AMT) o esforço para controlar o tráfego no final da manhã, na saída de estudantes de escolas particulares.

Veteranos da UFG prepararam pacíficas comissões de trote. A mais animada era a turma da OAB - Organização Arrebanhadora de Bixos (sic) - do Direito. A Não Vai Doer, dos formandos de 2013 da Odontologia, levou para o Vaca Brava enxaguante bucal e evidenciador de placas. ?É para ver se os calouros estão escovando bem os dentes?, disse um integrante. Veteranos da Medicina também deram as boas vindas aos calouros vestidos com camisetas com a inscrição ?É agora que você vai se enrolar?.

A festa continuou até a noite para diversos aprovados no vestibular da UFG. É o caso de Thálitta Hetamaro Lima, de 17 anos, aprovada para o curso de biomedicina. De manhã, Thalitta se juntou a amigos no Parque Vaca Brava, mas a noite aguardava mais comemorações com o restante da família. “O ano passado foi de muito estudo e sacrifício. A festa agora é merecida”, suspira a jovem que diz não se guardar de ansiedade para o início das aulas, ainda este mês.

Nota de corte é mais baixa no interior

Adriano Marquez Leite

Estão no interior do Estado os cursos com as menores notas para aprovação de estudantes no processo seletivo da Universidade Federal de Goiás (UFG), cujo resultado foi divulgado ontem pela manhã. Tanto no câmpus do interior como da capital, os cursos de licenciatura são os que apresentam piores desempenho dos candidatos.

O curso com menor nota de corte do vestibular 2010/1 da UFG foi o de licenciatura em Ciência Biológicas, no município de Jataí, com nota mínima de 36,5 para ingressar na graduação. Em seguida, está o curso de Letras, de Catalão, com ponto de corte de 37,5. Na cidade de Goiás foi a licenciatura em Filosofia, com menor nota para ingresso no curso de 45,0.

Na capital, a licenciatura em Artes Visuais, com 50,75 pontos, foi o curso que precisou de menor pontuação para aprovar o candidato. Outras licenciaturas tiveram nota de corte maior, mas nenhuma superou a casa dos 100 pontos, como no caso das engenharias, comunicação social, e outros bacharelados.

De acordo com a pró-reitora de graduação da UFG, Sandramara Chaves Matias, há pouca variação nas notas de corte entre os anos de realização dos vestibulares. “A prova da UFG sempre mantém características similares entre as edições do concurso”, afirmou Sandramara.