Tecnologia muda perfil da construção civil

O Hoje - 28/11/2010

André Passos

Há 20 anos o tempo demandado na construção civil era 50% maior que atualmente. Estimulada pelo déficit habitacional e a criação de programas habitacionais, a construção civil passa por um novo desafio com a necessidade de aumento da produtividade em menor tempo e da utilização de métodos de gestão com uso racional de mão-de-obra, organização dos canteiros e redução de desperdícios, além de sistemas de baixo custo, avaliam profissionais da área.

Materiais tradicionais são substituídos por novas tecnologias, proporcionando redução de custos e modernizando o processo construtivo. Segundo o diretor de produção de uma construtora goiana, o engenheiro Gustavo Veras, a evolução nos processos da construção tem encurtado o tempo de entrega das obras.

Há dez anos erguia-se duas lajes em um mês. Atualmente são levantados quatro pavimentos no mesmo período de tempo, agilizando a produção e reduzindo o tempo pela metade. “Há vários equipamentos como máquinas de projeção de argamassa, concreto autoadensável, elevadores com maior velocidade e gruas que atalham o processo e economizam tempo e dinheiro na obra”, explica Veras.

Na década de 1990, as medições do setor apontavam para a necessidade de 40 homens/hora na construção de um metro quadrado na obra. Atualmente esse número caiu em 75% e a previsão é que muito em breve sejam necessários 20 homens/hora por metro quadrado. As informações são do presidente da Comissão de Materiais, Tecnologia, Qualidade e Produtividade da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Comat/CBIC), Sarkis Nabi Curi e não tem causado impacto na geração de empregos, considerando o recorde de 341.627 no país até outubro, segundo o Caged.

Curi defende que não é mais possível continuar a construir como no passado. “É cada vez mais preciso criar programas de inovação tecnológica e aplicar o uso intensivo de máquinas, equipamentos e ferramentas para modernizar o processo construtivo.”

Segundo ele os problemas para a implementação dessas tecnologias no País foram diagnosticados há dois anos e dependem de dez programas estruturantes relacionados à questões como tributação no setor, difusão e capacitação para as inovações e criação de comitês de tecnologia para estudo de inovações regionais.

Universidades

A doutora em engenharia civil, Tatiana Gondim do Amaral, coordenadora do curso de especialização em Gestão e Tecnologia de Produção de Edifícios da Universidade Federal de Goiás (UFG), ressalta que indústria da construção civil começa a utilizar equipamentos, máquinas e produtos, mas de forma incipiente e perde para as demais em relação à aplicação de tecnologias.

Para ela, as universidades e disciplinas voltadas para o aumento de desempenho e redução de custos são fundamentais para a evolução do processo de construção. “A indústria da construção está ciente não só da necessidade de inovação das ferramentas de controle dos processos, mas também do planejamento dos empreendimentos. A universidade já começa a se despertar para essa necessidade incluindo a busca dessas tecnologias nos cursos de gestão da produção”, pontua.