Homens têm tratamento difícil

Reprodução

Homens têm tratamento difícil

Algumas doenças são de reversão complicada, segundo especialista do hospital das clínicas da ufg

Vinicius Jorge Sassine

A maioria dos homens que procuram o Laboratório de Reprodução Humana do Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Goiás (UFG) sofre com varicocele, uma doença em que veias dilatadas na membrana que cobre os testículos influenciam na fertilidade. Em seguida aparecem causas genéticas, “extremamente difíceis de ser avaliadas”, segundo o diretor do laboratório, Mário Approbato, doutor em Reprodução Humana pela Universidade de São Paulo (USP) e professor da UFG. A varicocele também é difícil de ser combatida. “Só 50% melhoram após a cirurgia”, diz Mário.

Já os casos mais frequentes dentre as mulheres atendidas no laboratório são de infecção das trompas, dificuldade para ovulação e endometriose. Em seguida aparecem as causas genéticas. Já se sabe que a endometriose, conforme as conclusões da pesquisa do Grupo de Genética Molecular da Pontífica Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), é ocasionada por variações de um gene específico.
Um casal é considerado infértil quando não consegue ter filhos após tentar por mais de um ano. Os atendimentos prestados no HC mostram que o homem é responsável por 30% a 40% dos casos. Em mais 20% dos casos, a infertilidade está associada aos dois.

“Existe uma pressão social de que a infertilidade masculina está associada à impotência sexual, e não é nada disso”, afirma a professora da PUC-GO Kátia Karina Verolli Moura, que coordena o Grupo de Genética Molecular. Ela ressalta que o homem também fica menos fértil ao longo do tempo, com declínios acentuados na produção de espermatozóides a partir dos 40 anos. Na mulher, a fertilidade se reduz mais intensamente a partir dos 35 anos.

Uma estimativa da Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta que entre 7% e 10% dos homens apresentam problemas severos de baixa ou nenhuma produção de espermatozóide. Também segundo a OMS, existem 22 causas para a infertilidade feminina e 16 causas para a masculina. Por isso, em qualquer tratamento de fertilidade, o ideal é que o casal passe por todos os exames e atenda às recomendações de não fumar nem abusar do álcool.

“O fumante é mais estressado, toma mais remédios, tem a alimentação desequilibrada, pode ser obeso. Tudo isso tem influência na fertilidade”, O fumo é uma praga em todas as áreas, inclusive na área da fertilidade”, diz Mário Approbato. No caso do álcool, é mais difícil provar a relação entre o consumo e a infertilidade. “Mas nos casos de dependência há, sim, a relação”, afirma.

Técnicas
Casais com perfis muito diferentes e idades variadas procuram ajuda no Laboratório de Reprodução Humana do HC. A espera pela primeira consulta pode chegar a três meses. No laboratório, casais contam com procedimentos de baixa ou de alta complexidade que objetivam permitir a gravidez.

Os mais simples são a inseminação e o coito programado. No primeiro, os melhores espermatozóides são selecionados de uma amostra de sêmen e introduzidos na mulher. No segundo procedimento, a mulher é estimulada a ovular por meio de medicamentos e orientada a ter relação sexual nesses dias. “Essas duas técnicas são recomendadas para distúrbios mais simples”, diz Mário Approbato.

Já para os casos mais complexos são desenvolvidos a fertilização in vitro (os bebês de proveta) e o procedimento chamado ICSI, recomendado para homens com pouquíssima produção de esperma. O espermatozóide é retirado diretamente do testículo para ser melhorado e aplicado na mulher. O HC faz fertilizações in vitro há oito anos e o ICSI, há menos de cinco anos. São 30 pacientes passando por mês.

Um levantamento mostra que, para mulheres com até 35 anos, o índice de acerto da gravidez é de 37%. Para mulheres com mais de 42 anos, as chances são de apenas 4%.