Goias cresce a ritmo mais lento

Jornal O Popular - 30/11/2010

Censo 2010, divulgado pelo IBGE, mostra que o estado rompeu a marca dos 6 milhões de moradores

Apesar de ter crescido 7,7 pontos porcentuais acima da média nacional, a população goiana registrou aumento mais lento na última década. O incremento populacional foi de 24% no intervalo entre 1991 e o ano 2000, mas caiu para 20% nos dez anos seguintes, conforme mostram os dados finais do Censo 2010 divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A população goiana em 1991 era de 4.018.903 habitantes. Passou para 5.003.228 nos dez anos seguintes, até chegar ao número atual, de 6.004.045 habitantes, de acordo com o Censo 2010 (veja quadro). A diminuição no ritmo de crescimento populacional acompanha a tendência nacional. No Brasil, o aumento da população caiu de 15,6% no primeiro intervalo para 12,3% na última década. Hoje, são 190,7 milhões de brasileiros.

A quantidade de moradores de Goiás também cresceu menos que a média do Centro-Oeste, que foi de 20,74% nos últimos dez anos. E a região foi a segunda que mais cresceu no País, atrás apenas do Norte (22,98%). Para o professor Alan Kardec Alves de Oliveira, que pesquisa os espaços territoriais urbanos e rurais pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), o crescimento populacional do Estado vem acompanhando o momento socioeconômico do Brasil. Como o nível educacional melhorou nas duas últimas décadas, o estudioso considera natural que a população tenha diminuído o ritmo de crescimento neste período.

Alan Kardec sustenta que a taxa de fecundidade cai à medida que as pessoas se tornam mais informadas. "É proporcional ao desenvolvimento individual, à inserção do sujeito na sociedade", afirmou. O crescimento populacional em Goiás, explica o diretor do Instituto de Estudos Socioambientais (Iesa) da Universidade Federal de Goiás (UFG), João Batista de Deus, tende a se manter estável. "O índice de crescimento populacional do Estado deve continuar nesse ritmo, assim como o Brasil, que aumenta seus habitantes em nível comparável aos dos países desenvolvidos", disse.

O chefe da Unidade Estadual do IBGE, Daniel Ribeiro de Oliveira, explica que mesmo com a diminuição do ritmo de crescimento, o Estado continua atraindo moradores devido à qualidade de vida. "É o principal incentivo", disse. Goiás permanece na 12° colocação entre os Estados mais populosos do País. Entre os cinco municípios com mais habitantes, somente uma mudança em relação à última contagem populacional, feita em 2000. Rio Verde ultrapassou Luziânia e assumiu o quarto lugar. Goiânia continua sendo o maior município, seguido por Aparecida de Goiânia e Anápolis.

Mulheres


Goiás tem 40 mil mulheres a mais que homens, conforme a contagem populacional divulgada ontem pelo IBGE. O Censo 2010 apontou que a população feminina corresponde a 50,3% e a masculina é pouco menor que a metade: 49,7%.


As características econômicas do Estado explicam essa supremacia, uma vez que as atividades que mais empregam em Goiás são ligadas à educação, saúde, comércio e serviços públicos. "Temos vários municípios com mais população masculina, mas eles são voltados ao extrativismo, mineração e agropecuária", disse o chefe da Unidade Estadual do IBGE, Daniel Ribeiro de Oliveira.

Em Goiânia, a população feminina supera a de homens em 60 mil habitantes. O pesquisador Aurélio Troncoso, das Faculdades Alfa, lembra que a capital tem número considerável de indústrias de confecções, escolas, restaurantes e universidades, que garantem empregos e educação às mulheres. "Elas já somam 68% nas instituições de ensino superior. Essa possibilidade de formação tem trazido muitas mulheres à Goiás, sobretudo à capital", disse.

Residências têm menos moradores

João Gabriel de Freitas

Divorciada depois de um casamento de 28 anos, a professora universitária Adélia Freitas da Silva, de 50 anos, mora sozinha e não abre mão da liberdade adquirida há oito anos no novo apartamento, no setor Vila Nova. "Considero morar sozinha como um tipo de solidão positiva", afirma a professora.

Exemplos como o de Adélia Freitas trazem como reflexo a queda em Goiânia do número de moradores por domicílio, destacada pelo Censo 2010, divulgado ontem pelo IBGE. O número de moradores por domicílio na capital foi de 3,4 habitantes para, em 2000, para 3,07, hoje. Isso aponta uma diminuição, em relação aos dados anteriores, de um morador a cada três imóveis.

"As famílias não somente encolheram como houve, também, sobretudo na capital, um avanço do número de domicílios. A população total apresentou aumento, mas está mais distribuída", pondera o chefe da unidade estadual do IBGE Daniel Ribeiro de Oliveira.

Diretor do Instituto de Estudos Socioambientais (Iesa) da Universidade Federal de Goiás (UFG), João Batista de Deus atribui a queda de moradores por domicílio à diminuição do crescimento vegetativo da população (a diferença entre nascimentos e óbitos).

O diretor ainda salienta maior acesso da população a informações, o que tem levado à queda da taxa de fecundidade. A afirmação é reforçada pela pesquisa divulgada em outubro pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). No estudo, as mulheres da região Centro-Oeste registraram queda da taxa de fecundidade em 1992 e 2009. O índice caiu de 2,5 filhos por mulher para 1,9. A crescente participação das mulheres no mercado de trabalho assim como a maior contribuição feminina na renda familiar foram apontados como os principais elementos a influenciar esse índice.

O IBGE também mostra que a população está vivendo mais em cidades. Esse porcentual chegou a 84,3% dos brasileiros em 2010, ante 81,2% em 2000. São Paulo é o Estado mais populoso, com 41.252.160, e Roraima, o menos (451.227). Os números foram divulgados 25 dias após um resultado preliminar que indicara população de 185,7 milhões no País. Nesse prazo, o IBGE voltou a domicílios que se encontravam fechados e houve possibilidade de contestação por parte de municípios.