Aos 50 anos, UFG vive o desafio da interiorização

O Popular, 19/12/10

Aos 50 anos, UFG vive o desafio da interiorização

Analistas ouvidos sobre entrevista do reitor da UFG ao face a face acham que universidade tem de estar presente em locais estratégicos

A Universidade Federal de Goiás (UFG) completou 50 anos, na semana passada. Nessas cinco décadas, a instituição tornou-se referência para o ensino superior no Estado. Mas hoje, além de manter a qualidade da educação, a UFG precisa enfrentar o desafio de estar presente em locais estratégicos do Estado. A opinião é de pessoas que atuam na área. Elas comentaram a entrevista do reitor da UFG, Edward Madureira, ao Face a Face, espaço interativo do POPULAR, em que os leitores fazem as perguntas pela rede social Facebook, publicada ontem, na qual ele falou, entre outras coisas, das perspectivas de expansão da instituição, bem como da implantação do Parque Tecnológico, que irá estreitar os laços entre a universidade e as empresas.

A interiorização, segundo o presidente da Associação dos Docentes da UFG (Adufg), Fernando Pereira dos Santos, é necessária e atenderá justamente à população que mora fora e que tem de se deslocar para Goiânia se quiser ter acesso ao ensino superior público. "Quando digo expansão isso não significa ter uma câmpus em cada município, pois isso seria inviável, mas, sim, uma unidade em regiões pólo, principalmente no Norte e Nordeste, onde a UFG ainda não está presente", disse.

Expansão

E essa expansão, conforme Fernando, deve ser feita de forma planejada e com base em estudos técnicos, que apontem não só a demanda, mas a viabilidade operacional. Isso porque, diz, não basta apenas construir um prédio novo, é necessário também investir em novas vagas para professores e servidores. "Não se pode perder de vista que a UFG tem a preocupação de ser o balizador da qualidade do ensino oferecido", pondera.

O diretor de Políticas do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFG, Pablo Salvador, também alerta que a expansão deve se basear em planejamento que contemple a obtenção de investimentos de curto, médio e longo prazos para as novas unidades. "Tudo para evitar que se repita o que temos visto nos câmpus de Catalão, Jataí e Goiás, principalmente este último que está muito sucateado", assegura, acrescentando que isso acontece pois a quase totalidade dos investimentos da UFG acabam sendo direcionados apenas para a capital.

Já o estreitamento dos laços entre a universidade e o empresariado defendido pelo reitor de UFG divide opiniões. O presidente da Adufg, por exemplo, acredita que ela é positiva, na medida em que se traduz em benefícios para a população e para os estudantes. "Isso acontece quando o trabalho conjunto consegue viabilizar o acesso do aluno às novas tecnologias e ampliar o mercado de trabalho para quem deixa a universidade", assegura Fernando.

E, no papel, é justamente essa a proposta da implantação do Parque Tecnológico, já em licitação pela instituição. A novidade se propõe a estreitar o contato do estudante com as empresas e os empresários, para que eles se apropriem do conhecimento produzido na universidade, beneficiando toda a população.
Pablo Salvador, por sua vez, diz que o DCE sempre vê com desconfiança as parcerias com as empresas quando estas se traduzem apenas em ganhos para a iniciativa privada. "Os alunos precisam ficar de olho para não terem suas idéias exploradas e para o que conhecimento seja estendido apenas para fora da universidade", diz.

ENQUETE

O que você acha da proposta de interiorização da UFG?

"A abertura de novos câmpus beneficiará os estudantes do interior que, muitas vezes, não têm como concorrer em pé de igualdade com quem estuda na c-apital. Além disso, pode facilitar a vida das pessoas, que poderão continuar a morar na sua cidade." Leiny Maria Holanda, de 30 anos, advogada

"Sou favorável porque a interiorização evitará que muita gente venha morar em Goiânia. Além de reduzir custos, os estudantes poderão continuar vivendo ao lado da família." Wilson Batista de Lima, 58 anos, comerciante

"A idéia será interessante para quem mora em cidades distantes da capital desde que a UFG consiga manter a qualidade de ensino oferecida no interior em pé de igualdade com os câmpus de Goiânia." Rogério Sanches, 36 anos, imobiliarista