AMT quer estimular cultura da carona em Goiânia

Wanessa Rodrigues - O Popular

Sílvia com os filhos Pedro e Paulo e a sobrinha Maria Eugênia: “Melhor fluxo de trânsito”


Todos os dias, a farmacêutica Sílvia Maria dos Reis, de 32 anos, busca os dois filhos, Pedro Augusto, de 9, e Paulo César, de 6, em um colégio de Goiânia e aproveita para dar carona para a sobrinha Maria Eugênia Pereira Leal, de 9, que estuda na mesma instituição.
Apesar de morar em outro bairro, Silvia diz que não é nenhum sacrifício deixar a sobrinha em casa. Ao contrário, ela observa que, por meio dessa rotina, que já dura dois anos, é possível contribuir para minimizar um problema que cresce a cada dia: o fluxo de veículos na capital, cuja frota beira os 940 mil.
“Acredito que, se todos tivessem essa consciência, não teríamos tantos carros nas ruas e o trânsito fluiria com mais qualidade”, diz Sílvia. Mas o problema é que nem todos os motoristas pensam desta forma e a maior parte dos carros que trafegam pela cidade está ocupada apenas pelo condutor.
A reportagem do POPULAR fez uma contagem durante período de menos de cinco minutos, de 30 carros que passaram próximos à Praça Universitária, no Setor Universitário, apenas 7 (incluindo um ônibus do transporte coletivo), estavam ocupados com mais de uma pessoa.
O estímulo ao transporte solidário é uma das linhas de trabalho adotada pela Agência Municipal de Trânsito, Transportes e Mobilidade (AMT), para melhorar o trânsito em Goiânia. Na manhã de segunda-feira (21), durante a abertura da Semana Nacional de Trânsito, realizada na Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Goiás (UFG), o presidente do órgão, Miguel Tiago da Silva, disse que “o veículo do eu sozinho” é um dos problemas mais sérios a serem combatidos em Goiânia.
Miguel lembra que, além de diminuir o fluxo de veículos, com o transporte solidário, o motorista passa a cumprir uma função social, pois ajuda um vizinho ou um amigo.
Apesar dos benefícios desse tipo de transporte, Miguel Tiago reconhece que, para mudar essa situação, é necessário apresentar alternativas para o motorista deixar “o suposto conforto do carro”. “Esta é uma questão cultural, que não será modificada de uma hora para outra”, acredita. O presidente do órgão salienta que, esse trabalho tem de ser feito por meio de conscientização e educação.
Além disso, ele lembra que o trabalho tem de ser voltado para a humanização do trânsito, com medidas que não priorizem apenas o carro, mas também o pedestre e outros atores desse processo. Este tipo de trabalho deu resultado em Estocolmo (Suécia) e está sendo implantado em São Paulo (SP). No Rio de Janeiro foi aprovado projeto de lei pela Assembleia Legislativa, em 2008, instituindo mecanismos para incentivar o transporte solidário.
Presente à abertura do evento, o prefeito de Goiânia, Paulo Garcia, disse que a frota individual é consequência do desenvolvimento das cidades, da melhor distribuição de renda e da abertura de linhas de crédito. Para ele, o individualismo no trânsito só será combatido com a implantação de uma nova cultura sobre mobilidade urbana.
Neste sentido, o prefeito sugeriu à AMT que trabalhe em um projeto nos moldes do Dia Mundial Sem Carro, que é realizado todos os anos no dia 22 de setembro. A ideia do prefeito é de restringir, em dias específicos, por determinado período e em locais pré-agendados, a circulação de veículos, à exceção de ônibus do transporte coletivo.
“Não acredito em ações punitivas. Só vamos promover o avanço no trânsito por meio de ações preventivas e educativas”, acredita. Miguel Tiago observa que esse tipo de ação só será possível em Goiânia após um trabalho de preparação dos motoristas.
Neste ano, a Semana Nacional de Trânsito traz como tema Cinto de Segurança e Cadeirinha. Em Goiânia, durante toda a semana, serão realizadas ações de educação e orientação. O cronograma inclui palestras, seminários e blitze educativas.