Goiás não é um Estado petista, diz Vilmar Rocha

Goiás não é um Estado petista, diz Vilmar Rocha

O ex-deputado federal Vilmar Rocha (DEM) disse em entrevista ao O HOJE que 90% dos democratas querem apoiar o pré-candidato do PSDB, senador Marconi Perillo, e acredita que a aliança nacional entre as duas siglas deverá facilitar a união em Goiás. Professor de Direito Constitucional da Universidade Federal de Goiás (UFG), Vilmar Rocha, que é primeiro suplente de seu partido na Câmara dos Deputados, falou ainda sobre os assuntos que devem compor o discurso de Marconi e avaliou os principais adversários do senador. (Divino Olávio e Charles Daniel)


O HOJE – A aliança nacional entre DEM e PSDB deve se repetir em Goiás?
Vilmar Rocha –
Acredito que isso vai facilitar a oficialização da aliança em Goiás. A rigor, 90% do DEM já manifestou preferência pela aliança com o PSDB. É uma aliança coerente com a nossa história. Em 1998 e em 2002, fizemos alianças com o PSDB e com outros partidos da base aliada que nos levou à vitória. A cúpula do PP vai perder o discurso se não se coligar com o PSDB para manter a base aliada unida. Em política é muito grave não ter um discurso consistente.


O HOJE – Que tipo de consequência o PP poderá sofrer em razão do rompimento?
Vilmar Rocha –
Tanto politicamente quanto eleitoralmente, qualquer que seja o resultado da eleição. Se houver uma derrota, serão cobrados por essa derrota e, se tiver uma vitória, eles não receberão o bônus. É uma divisão que não interessa aos partidos da base. Quando eu falo em aliança, não é só com o PSDB. Temos uma base política integrada também pelo DEM, PTB, PPS, PP, PR e por outros partidos. Na última eleição, o PP e o PR foram beneficiados partidariamente e politicamente por esta aliança, pois o candidato a governador era do PP e o candidato a vice, do PR. É natural que agora eles apoiem o candidato do PSDB. É por isso que eu digo que a base política dessa coligação não aceita e não entende um posicionamento diferente.


O HOJE – O movimento de prefeitos do PP que apoiam Marconi tem consistência?
Vilmar Rocha –
Esse movimento é muito forte e significativo entre os prefeitos, vice-prefeitos, vereadores, presidentes de diretórios, entre outros agentes políticos. Sábado, eu estive em Aragoiânia e encontrei com muita gente do PP. Todos eles são favoráveis à manutenção da base aliada. Um velho pepista me disse que a divisão da base é inaceitável. Perder ou ganhar a eleição é natural, mas entregar uma eleição ganha é inaceitável. Esse movimento vai gerar consequências políticas e eleitorais em favor da união da base.


O HOJE – O pré-candidato da Nova Frente, Vanderlan Cardoso (PR), poderá desmontar a bipolarização entre Marconi e Iris Rezende (PMDB)?
Vilmar Rocha –
Não acredito. Venho dizendo isso há dois anos. A eleição será polarizada.


O HOJE – Considerando o apoio do governador Alcides Rodrigues?
Vilmar Rocha –
Ele está no final do mandato e mal avaliado. Não dá tempo para reverter isso. A estrutura de governo ajuda, mas sozinha não elege candidato mesmo quando está muito bem avaliada, o que não é o caso.


O HOJE – Iris Rezende é a maior ameaça ao tucano?
Vilmar Rocha –
É um candidato forte. Nós respeitamos a candidatura do PMDB-PT e achamos que ela está dentro de uma lógica. Temos de trabalhar muito e já estamos, porque Iris tem história e trabalho prestado no Estado, embora tenhamos vencido esse segmento político em 1998, 2002 e 2006.


O HOJE – Qual é a perspectiva de vitória de José Serra em Goiás?
Vilmar Rocha –
Em 2006, o então presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB) teve em Goiás quase 400 mil votos de frente em relação ao Lula (PT). No segundo turno, ele perdeu, porque foi um fator atípico no Brasil. Nunca um candidato teve menos votos no segundo turno do que no primeiro. Isso contra o Lula. Mas o Serra contra a Dilma Rousseff (PT), temos a expectativa de vitória em Goiás com mais de 500 mil votos de frente. Na última pesquisa publicada, Serra estava com 15 pontos na frente da Dilma. Goiás não é um Estado petista.


O HOJE – Que influência a eleição presidencial poderá exercer na de governador?
Vilmar Rocha –
Há uma correlação. Quando você tem um candidato a governador forte, ele ajuda em número de votos o candidato a presidente e vice-versa. Porque cria-se uma expectativa de poder. Sempre há uma perspectiva de um relacionamento harmonioso entre o governador e o presidente da República.


O HOJE – Que discurso deve ser adotado na eleição para o governo?
Vilmar Rocha –
Falar de futuro, no que vai fazer. Eu sempre digo ao senador Marconi que seu desempenho dos oito anos de governo foi positivo e, se você colocar numa balança, os acertos são muito superiores aos eventuais erros. Acredito que isso vai ajudar na nossa vitória, mas não basta. Tem de falar 5% do passado e 95% do futuro. Uma das prioridades essenciais é educação, formação, conhecimento e inovação. Nós temos de fazer uma revolução nesse campo. Todas as empresas que vieram para Goiás reclamam de falta de mão de obra qualificada. Espero que passada essa fofoca do debate político, façamos em Goiás uma campanha nesse nível. Outra prioridade é a implantação, expansão e manutenção da infraestrutura.


O HOJE – Como o senhor avalia a promessa de Iris de recuperar todas as rodovias em um ano?
Vilmar Rocha –
Ele prometeu solucionar o transporte coletivo de Goiânia em seis meses e não avançamos nada nem no transporte coletivo, nem no trânsito. Cadê o Anel Viário de Goiânia e a Leste-Oeste? É demagogia falar que resolve isso em um ano. Quatro anos é pouco, mas você avança.


O HOJE – O senhor acredita na conclusão do acordo entre Eletrobrás e Celg?
Vilmar Rocha –
Tenho dúvidas. Há dúvidas jurídicas se a utilização de recursos do fundo RGR para aplicar na Celg é regular ou não. Em segundo, o processo que cassa a concessão da companhia que está na Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) continua lá. Ele apenas foi retirado da pauta. Terceiro, o ambiente político. É muito complicado você fazer um acordo desses faltando seis meses para o término do governo. Isso poderá ter questionamentos no próximo governo.