Morte de 14 animais no Zoo não foi intencional, diz delegado

O Hoje - sexta-feira, 03 de setembro de 2010, 00:03

O delegado Luziano de Carvalho, da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes contra o Meio Ambiente (Dema), concluiu que não houve intenção dolosa em nenhuma das 14 mortes de animais do Zoológico de Goiânia, que vinham sendo investigadas pela Polícia Civil. A apuração priorizou a morte dos animais de médio e grande porte. Dentre os casos, constava o da girafa Kim, que veio a óbito em agosto de 2009 e em quem foi constatada por exame toxicológico a existência da substância carbamato alticarb, conhecido popularmente como chumbinho, cuja comercialização é proibida no Brasil.

A constatação da existência de 0,155 partes por milhão (ppm) de chumbinho nas vísceras do animal pelo Laboratório Hidrocepe de Análises Físico-Químicas de Belo Horizonte (MG), levou o delegado a reabrir o inquérito e continuar as investigações. Até então, a causa das mortes dos outros animais eram consideradas naturais, por motivos de saúde, todos devidamente comprovados pela Escola de Veterinária da Universidade Federal de Goiás (UFG). A substância ilegal, mesmo que em quantidade insuficiente para matar a girafa que morreu de anemia crônica, levantou dúvidas se poderia existir alguém por trás das mortes ou que vinha tentando contaminar os animais.

A girafa Kim chegou ao Zoo junto com o macho Tico em 2008. Ambos eram originários do circo Le Cirque, que estava no Distrito Federal. A girafa macho morreu no final de junho de 2009 e dois meses depois, no dia 25 de agosto, a fêmea Kim veio a óbito. Luziano de Carvalho estranhou a sucessão dos casos e foi, no mesmo dia, ao local fazer uma busca criminalística em companhia da Polícia Técnico Científica. O resultado do laudo do recinto era o único que faltava para finalizar a investigação.

Segundo o delegado, durante a varredura no local foi encontrada na parte externa da morada das girafas uma caixa plástica, que possuía isca sólida de raticida, o qual foi encaminhado para análise. O delegado chegou a suspeitar que o chumbinho tivesse alguma relação com o veneno, mas não. A perícia comprovou que na tal caixa plástica possuía cumarínico, veneno utilizado para matar ratos, cuja comercialização é legal.

Luziano chegou a ouvir na investigação o responsável pelo controle de roedores no Zoológico, que levou consigo a relação dos remédios utilizados no local. Entre eles, estava o cumarínico. A testemunha declarou, ainda, que em dois anos de trabalho no Zoo, nunca viu ou teve contato com chumbinho, não sabendo portanto da origem da substância nas vísceras da girafa. O delegado considera o caso por encerrado e espera que as mudanças no Parque sejam eficazes.

Sobre a acusação do proprietário do Le Cirque, Robert Stevanovich, de que as girafas não eram alimentadas adequadamente, o diretor do Zoológico, Raphael Cupertino declarou em depoimento que isso não ocorria. Ele chegou a dizer para a reportagem do HOJE no dia 18 de agosto que não descartava a hipótese de tentativa criminosa, mas acreditava que nada teria sido de autoria dos funcionários. (Da Redação)