Pais e educadores se rendem aos benefícios da música

Pais e educadores se rendem aos benefícios da música

Renata Dos Santos - O Popular

Há pelo menos uma década eram poucos os projetos de educação musical para bebês e crianças em Goiânia, realidade que mudou com o surgimento de novas escolas especializadas. Com base em pesquisas de estudiosos do Brasil e do exterior, pais e educadores não têm mais dúvidas sobre os benefícios que uma criança pode ter no seu desenvolvimento intelectual a partir do contato com música.

A engenheira Ana Cristina Daia Lobo, mãe de Ana Luiza, 10 anos, e de Eduardo, 7 anos, que estudam respectivamente piano e guitarra, comprovou que os lucros com investimentos no ensino musical para os pequenos vão muito além da relação música, conhecimento e execução do instrumento.

“Acho que a música está intimamente ligada com a matemática, por causa dos compassos. Os meus filhos são ótimos em números e nas demais matérias, talvez estimulados pelas aulas de música. Mas, independentemente disso, adquirir conhecimento musical dará a eles mais prazer na audição de uma melodia, ao saberem qual instrumento ouvem, bem como na apreciação de uma orquestra”, justifica Ana Cristina Lobo.

Ana Luiza conta que decidiu que queria aprender a tocar piano depois que assistiu a um recital de um amigo do seu irmão, há dois anos. “Gosto muito das aulas de piano e acho que a música é boa também para o desenvolvimento do cérebro, pois todos dizem isso. Gosto de tocar de música erudita a popular”, diz a garota. Ana Luiza iniciou sua educação musical quando bebê, mas a prática de um instrumento só teve início quando fez 8 anos.

Segundo a flautista Rosana Rodrigues, especialista em pedagogia da música e do movimento pelo Orff Institute, da Univesidade Mosarteum, na Áustria, o número de escolas de música tem aumentado por causa da conscientização sobre o tema. Ela avalia que as informações passaram a circular com maior velocidade e, assim, mais pessoas tomam conhecimento dos benefícios do ensino da música, principalmente se ele estiver associado a uma pedagogia do movimento.

“O ensino da música era muito tecnicista, pois ela era vista não como arte, mas como um tratado de técnica e de virtuosismo”, observa Rosana, que também é mestre em musicologia pela UFG. Ela explica que esse avanço é fruto da união de pessoas ligadas à música e à educação, que perceberam a necessidade de ensinar música considerando a expressão corporal, elementos como ritmo e pulsação.

“A linguagem do corpo é o mais importante. Quando essa linguagem é trabalhada na primeira infância, com canto e dança, a criança desenvolve aptidões, sua percepção no modo de ver o mundo amplia assim como seu autoconhecimento”, salienta Rosana Rodrigues.

A professora enfatiza que muitos pais devem conter sua ansiedade em ver o resultado, ou seja, seus filhos tocando um instrumento perfeitamente e se tornando gênios da música. “Se isso ocorrer, ótimo. Mas todos devem saber que bem mais importante que o produto é o processo de cada um. Existem escolas que adestram a criança para tocar e outras com filosofias que focam mais a vivência musical”, diz.

Os especialistas afirmam que mais importante que tocar um instrumento – eles aconselham o começo da leitura de partitura para os já alfabetizados –, o contato com os sons deve ser iniciado antes da criança ir para a escola, junto da família. Juliana Rezende, da escola de música Stacato, utiliza nas aulas de musicalização para bebês materiais didáticos como apostilas montadas. “As aulas, com estímulos sonoros e percepção auditiva, trabalham a socialização”, diz. A professora, que utiliza brinquedos que produzem sons, frisa que as aulas também são úteis para estimular a fala dos pequenos.