Curso de Direito na Universidade Federal de Goiás tem classe exclusiva para militantes da reforma agrária

Curso de Direito na Universidade Federal de Goiás tem classe exclusiva para militantes da reforma agrária

Publicada em 27/03/2010 às 20h18m

O Globo

CIDADE DE GOIÁS e SILVÂNIA (GO) - Criada em 2007 exclusivamente para assentados da reforma agrária, a turma especial de direito da Universidade Federal de Goiás (UFG) iniciou na última semana o sexto período com os alunos já em campo, auxiliando sindicatos e cooperativas na defesa dos direitos dos trabalhadores rurais e dos sem-terra. Alvo de uma ação do Ministério Público e foco de polêmica, o curso apresenta o mesmo currículo do ensino regular de Direito. Mas os militantes da reforma agrária levam para a instituição temas como violência no campo, transgênicos, quilombolas e trabalho escravo - bandeiras dos movimentos sociais e assuntos incomuns nos bancos das escolas. Há espaço até para atividades que copiam rituais do Movimento dos Sem Terra (MST), revela o enviado especial Evandro Éboli, em reportagem em O GLOBO deste domingo.

Os estudantes já promoveram uma discussão sobre o assassinato da missionária americana Dorothy Stang. Eventos como esse são programados para tentar quebrar resistências dos alunos de outras turmas do curso de Direito.

A turma dos beneficiados da reforma agrária funciona no campus da UFG em Cidade de Goiás, município também conhecido como Goiás Velho. O Tribunal Regional Federal cassou um pedido do Ministério Público para fechar o curso.

Dos 60 alunos que iniciaram na turma, 57 continuam matriculados e assistindo às aulas. O "semestre" escolar dos assentados dura três meses, com aulas em dois períodos, de manhã e à noite. Nos outros meses, eles permanecem em seus assentamentos, auxiliando também no trabalho rural. Chamam essa didática de "teoria da alternância" ou "tempo comunidade".