Trânsito e AVC são principais causas de problemas de mobilidade

Trânsito e AVC são principais causas de problemas de mobilidade

 

Acidentes de trânsito e acidente vascular cerebral (derrame) são as principais causas de problemas de mobilidade que afetam os goianos, de acordo com o neurologista Delson José da Silva, coordenador do Núcleo de Neurociências do Hospital das Clínicas da UFG. Em Goiás, ainda não há estatística oficial sobre o problema, mas o especialista acredita que, assim como no restante do Brasil, cerca de 30% da população goiana também sofra com algum tipo de dificuldade de locomoção. “Apesar de não apresentar números para Goiás, a pesquisa do IBGE foi muito bem feita.”

Pesquisadores do IBGE afirmam que o envelhecimento da população, sedentarismo e obesidade são alguns dos fatores causadores de problemas de mobilidade física no país. O neurologista Delson José da Silva diz que a maioria dos seus pacientes com problemas de mobilidade foram vítimas de AVC ou acidentes de trânsito. “Mas, com o envelhecimento da população, também atendemos grande quantidade de pessoas com dificuldades motoras em decorrência das doenças degenerativas, como o mal de parkinson e o mal de Alzheimer.”

O especialista alerta para a obesidade. “As pessoas consomem muita junk food, que são alimentos sem valor nutritivo e que causam obesidade e aumento do colesterol ruim. Observo os hábitos alimentares das vítimas de AVC. São pacientes que se alimentam mal, consomem muito refrigerante e bebidas alcoólicas o que, associado ao sedentarismo e ao estress, resulta no acidente vascular cerebral que, quando não mata, deixa a pessoa com problemas motores.”

Tratamento

Há cinco meses, o odontólogo Eduardo Resende, de 36 anos, teve que fazer uma mudança no estilo vida ao ter seus movimentos limitados pela “fasceíte plantar”, uma doença infecciosa na planta do pé. Eduardo sempre se cuidou e tinha o hábito de correr diariamente e fazer ginástica na academia. “De repente, comecei a sentir fortes dores no pé direito. Procurei o médico e, depois do diagnóstico, ele me proibiu de praticar exercícios, para não piorar o quadro. Eu também não consigo mais correr por causa da dor e até já engordei um pouquinho”. Com o intenso tratamento multidisciplinar, a estimativa é de que o odontólogo fique completamente curado e recupere integralmente o movimento do pé. “Já tenho sentido grande melhora com a fisioterapia, mas não tem como o médico estimar quanto tempo vai demorar para a recuperação total.”

A fisioterapeuta Alexandra Melo Viero, do Instituto do Movimento, explica que o tratamento para pessoas com problemas de motricidade é feito por uma equipe multidisciplinar. “Primeiro, o paciente passa pela avaliação do fisiatra e do neurologista, que são os médicos que indicam o tipo de tratamento adequado para cada caso.”
Alexandra diz que o processo de adaptação para quem perde algum tipo de movimento é muito difícil. “Tem que ter acompanhamento psicológico e mudança nos hábitos de vida, que vão desde a alimentação ao vestuário.”

Para recuperar os movimentos, ou pelo menos amenizar as dores musculares, existe em Goiânia, uma infinidade de tratamentos, que, dependendo da gravidade do caso, devem ser associados. Além da fisioterapia convencional, Alexandra cita fonoaudiologia, acupuntura, reeducação postural global, educação física, arteterapia, pilates, musicoterapia, acompanhamento nutricional e psicologia.




O que diz o IBGE:

Aproximadamente 42 milhões de pessoas com 14 anos ou mais (29,1%) no país sofria, em 2008, de ao menos uma dificuldade para realizar atividades como empurrar mesa, realizar trabalhos pesados, subir ladeira ou escada, se alimentar ou até mesmo andar mais de 100 metros, segundo a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) – Suplemento Saúde – divulgada, na última quarta-feira, pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em 2003, esse percentual era 26,3% da população da mesma faixa etária, o que equivale a 34,4 milhões de pessoas.

Atividades simples como alimentar-se, tomar banho ou ir ao banheiro sem ajuda representavam dificuldade para 14,9% da população residente no país em 2008, de 14 anos ou mais de idade. Entre as pessoas com 60 anos ou mais, este percentual alcançou 46,9%, em 2008, e 41,6%, em 2003.

Das pessoas de 14 anos ou mais de idade, 18,4% da população tinha ao menos pequena dificuldade em abaixar-se, ajoelhar-se ou curva-se. Entre pessoas com 60 aos ou mais este percentual chegou a 53,9%, em 2008, e 51,2%, em 2003.

Da faixa etária de 14 anos ou mais de idade, 7,6% da população tinha ao menos pequena dificuldade em andar 100 metros. Entre as pessoas com 60 anos ou mais este percentual alcançou 27%, em 2008, e 22,6%, em 2003. (Maria José Sá)