Quatro em cada cinco brasileiros situados na classe C não falam inglês

Portal Administradores.com.br - 06/10/2010

 

Quase 40% das pessoas nessa faixa de renda querem entrar na faculdade

Quatro em cada cinco pessoas na classe C não sabem falar inglês ou outro idioma estrangeiro, segundo pesquisa divulgada nesta terça-feira (5) pelo Ibope (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística). O número equivale a 77% da população nesta faixa econômica.

A maioria dos brasileiros neste grupo estudou ou estuda em escolas públicas, onde o ensino de línguas é deficiente ou inexistente, afirma João Ferreira de Oliveira, professor de educação da UFG (Universidade Federal de Goiás). "Tradicionalmente, é a classe média que matricula os filhos em escolas particulares, aulas de idiomas e outras atividades extraclasse. Isso quase não acontece na classe C, cuja faixa de renda varia entre R$ 600 e R$ 2.099".

Apesar disso, o especialista diz "não ser desprezível" que 23% das pessoas nessa faixa econômica falem uma língua diferente do português - seja inglês, espanhol ou outro idioma. O número equivale a aproximadamente 23 milhões de brasileiros, levando em conta a estimativa do Ibope de que a população na classe C seja de quase 100 milhões de brasileiros.

"É surpreendente que, mesmo com todas as deficiências de estudo, haja tanta gente nesta classe que fale inglês. Uma das hipóteses que eu considero é que o acesso à internet e a computadores faz com que os jovens aprendam com mais facilidade este idioma".

O levantamento do Ibope traça um perfil dos brasileiros situados na classe C - eles são adolescentes e negros, na maioria. Em Salvador, por exemplo, 41% da população nesta faixa é afrodescendente. Já em Brasília, a proporção cai para 22%.

Sonho da faculdade - O estudo aponta ainda que 37% das pessoas na classe C pretendem entrar em uma faculdade, seja particular ou pública. Trata-se de um "sonho de consumo" recente, que surge a partir de benefícios como o ProUni (Programa Universidade para Todos) e o Fies (linha de crédito universitário com juros baixos do governo federal), na avaliação de especialistas .

Dois terços desse grupo econômico (67%) avaliam que a qualidade das escolas públicas está igual ou melhor do que no passado, outro dado surpreendente.O levantamento foi feito em nove regiões metropolitanas do país, no interior de São Paulo e em cidades do interior de Estados nas regiões Sul e Sudeste. Nessas áreas, vivem cerca de 32 milhões de pessoas da classe C brasileira.

A pesquisa do Ibope ouviu 20 mil pessoas de 12 a 64 anos entre fevereiro de 2009 e janeiro deste ano. Cada entrevistado respondeu a cerca de mil questões para completar o estudo.