Faculdade de Medicina chega aos 50 anos como referência nacional

Faculdade de Medicina chega aos 50 anos como referência nacional

Escola é reconhecida pelo Ministério da Educação como um importante centro de ensino médico do país. Instituição ganhou nova grade curricular e melhor estrutura

Malu Longo – 22/04/2010

Desde o seu surgimento, há 50 anos, a Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás (FM-UFG) tornou-se pólo referencial de estudos e formador de profissionais. Reconhecida hoje pelo Ministério da Educação (MEC) como um dos mais importantes centros de ensino médico do País, a instituição ganhou fôlego na última década com as transformações na grade curricular, a inserção de recursos tecnológicos e a humanização da academia. Os quase 5 mil médicos que passaram pelas 52 turmas da escola nas últimas cinco décadas mudaram o perfil da medicina goiana.

São muitos os motivos para a comemoração do cinquentenário da FM-UFG (veja programação nesta página), entre eles o fato de a instituição estar hoje entre as melhores escolas médicas do País. Em 2007, o MEC, por meio do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) classificou a faculdade com nota máxima e categoria A. Este ano, pela primeira vez em sua história, a unidade conseguiu um concurso para a entrada de 50 novos docentes.

Quando a FM-UFG foi fundada havia em Goiás 159 municípios sem médicos. “A escola supriu a necessidade de médicos e mudou a cara da assistência de saúde no Estado”, afirma Heitor Rosa, diretor da unidade desde 2006. Egresso da escola e pesquisador reconhecido na área de gastroenterologia, o médico lembra que por causa da FM-UFG, Goiânia transformou-se em referência em muitos setores da medicina, fazendo com o que o Brasil voltasse os olhos, com muito respeito, para o Centro-Oeste.

Estudos sobre bócio, vitiligo, Doenças de Chagas e mais recentemente na área de oftalmologia, colocaram Goiânia em lugar privilegiado entre os centros pesquisadores de saúde. “Uma das instituições mais sérias do País, a Fundação Oswaldo Cruz (Manguinhos) publicou este ano, nas comemorações do centenário de Carlos Chagas, um fac-símile das dez principais pesquisas brasileiras sobre Doença de Chagas, três delas são de Goiânia. Esses trabalhos fizeram com que o Brasil prestasse a Goiás e dessem respeitabilidade à Faculdade de Medicina”, orgulha-se Heitor Rosa. Ele lembra ainda que o Laboratório de Imunologia em Doenças de Chagas da Faculdade de Medicina da UFG é reconhecido como referência pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Os quase 700 alunos da graduação e cerca de 200 de pós-graduação - mestrado e doutorado - convivem com um ambiente privilegiado. A Faculdade de Medicina da UFG conta com um Centro de Referência Oftalmológica (Cerof), um centro de patologia reconhecido pela Associação Internacional para Estudos do Fígado, centro de estudos de hipertensão arterial, laboratório avançado de reprodução, tratamento de doenças cardíacas com células tronco, equipe especializada em cirurgia de transexualidade, entre outros.

Desospitalização
A FM-UFG, ao lado de outras escolas médicas do País, integrou projetos do MEC que possibilitaram a chamada desospitalização do aluno. Ou seja, desde o primeiro ano, os acadêmicos vão para comunidades onde têm contato com a realidade social através da disciplina Medicina Comunitária. Nos últimos anos, os estudantes seguem para cidades do interior do Estado através do Internato Comunitário. “O estudante hoje não aprende só no hospital, ele interage com a sociedade”, diz.

Outro avanço foi a instalação do Núcleo Goiás do Projeto Telessaúde Brasil, implantado em parceria com o Ministério da Saúde e com o apoio da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). Esse sistema de telemedicina que já alcança 90 municípios goianos, destina-se a levar assistência médica, ensino e capacitação aos profissionais da área de saúde à distância, usando para isso comunicação bidirecional via Internet. “A FM-UFG está totalmente integrada ao mundo. Estamos usando a telemedicina para o ensino médico e como auxílio a médicos que podem ter, em tempo real, uma segunda opinião sobre diagnósticos”, explica Heitor Rosa.

Uma das novidades deste cinquentenário é o Laboratório de Simulação e Práticas Médicas. Através de manequins com características humanas, que choram ou enfartam, os alunos simulam situações médicas. “Quando eles chegarem aos pacientes estarão devidamente treinados e habilitados através desse simulador de emergência”, afirma o diretor da FM-UFG. Este ano também está sendo inaugurado um prédio de pesquisas clínicas e está em construção o prédio de 20 andares do Hospital das Clínicas, que terá 600 leitos, 36 salas de cirurgia, unidade de tratamento intensivo (UTI) com 56 leitos, heliporto e um andar exclusivo para transplantes. “A FM será vista como antes e depois do novo HC”, avisa Heitor Rosa.

Ensino ganha programa filosófico

Malu Longo

Os 50 anos da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás (FM-UFG) coincidem com a instituição de um programa filosófico no ensino médico da UFG, uma iniciativa de Heitor Rosa ao assumir a direção da escola em 2006. Através do projeto cultural Humanizar com Arte, o auditório da escola foi transformado no Teatro Asklepiós, batizado em homenagem ao deus da medicina na mitologia grega. A sala de 380 lugares recebeu um piano de calda e passou a realizar recitais mensais regulares, toda última terça-feira do mês. “Há uma interação entre a faculdade e a sociedade. Hoje o programa musical Medicina em Concerto já adquiriu seu próprio público”.

Em função do projeto cultural, a antiga biblioteca da faculdade ganhou um espaço literário, com obras de qualidade. Além de livros científicos, os acadêmicos têm ao alcance literatura diversa. Em outra frente, eventos da escola contam com exposição de obras de arte por força de uma parceria com o Museu de Arte de Goiânia. A formação de jardins internos iluminados e com esculturas também foi fundamental para o conforto e a convivência saudável dos estudantes.

Programação festiva começa no sábado

Malu Longo

O ponto alto do cinquentenário da Faculdade de Medicina da Univesidade Federal de Goiás (FM-UFG) será no sábado, data do aniversário de sua fundação. E começa às 8h30 de forma emblemática, com uma missa campal no pátio interno, presidida pelo arcebispo D. Washington Cruz no exato local onde há 50 anos, em 1960, se realizou a celebração que marcou a instalação da nova escola. Durante a celebração, a Orquestra Sinfônica Jovem de Goiás e o Coro Sinfônico de Goiânia vão executar uma música composta especialmente para a ocasião por Fernando Cupertino, médico, ex-secretário de Saúde de Goiás. Em seguida, será inaugurada a galeria em homenagem aos dez ex-diretores que comandaram a escola nessas cinco décadas.

A partir das 14 horas, o psicólogo, filósofo, antropólogo e professor Carlos Rodrigues Brandão, ministra no Teatro Asklepiós, na própria faculdade, uma conferência com o tema Do Corpo ao Espírito - Nós o Humanos. No mesmo local, às 20 horas, durante a abertura solene do Ano do Cinquentenário, serão homenageados fundadores e colaboradores. A Associação dos Ex-Alunos ( preparou uma exposição de livros fotos e obras de arte.

NA HISTÓRIA

Sonho realizado

Malu Longo

Em meados da década de 50, durante reuniões da Associação Médica de Goiás, começou a se materializar o sonho de criação de uma Faculdade de Medicina no Estado. Na época, poucos médicos atuavam em território goiano e as escolas preparatórias para a profissão só existiam em grandes centros. No final de 1959 foi criada a sociedade mantenedora da nova escola, inaugurada oficialmente em abril do ano seguinte.

A Faculdade de Medicina nasceu de forma independente, meses depois se uniu às já existentes Faculdades de Direito, de Farmácia e Odontologia, de Engenharia e o Conservatório de Música dando origem ao embrião da Universidade Federal de Goiás, inaugurada no final de 1960. Francisco Ludovico de Almeida Neto foi seu primeiro diretor, por isso é habitual entre os médicos antigos chamar de Casa de Francisco a cinquentenária faculdade.