Peemedebista aposta em virada

Tribuna do Planalto - Política - 11/09/2010

Para presidente do PMDB anapolino, apenas  o presidente Lula pode evitar que Marconi vença a eleição no primeiro turno

O bombardeio de acusações que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desferiu contra o senador e postulante ao Executivo goiano, Marconi Perillo (PSDB), durante comício da candidata petista à Presidência, Dilma Roussef, em Valparaíso de Goiás, no Entorno do Distrito Federal, serviu ao propósito de tentar desestabilizar o adversário e impulsionar o aliado Iris Rezende (PMDB).

Ainda que a presença de Lula em Goiás se restrinja a Valparaíso, como tudo indica, é certo que suas palavras serão exploradas por emissários da campanha do peemedebista em todo o Estado, inclusive Anápolis, que juntamente com o Entorno é considerada reduto do candidato tucano e que o peemedebista tem tido maior dificuldade para se inserir.

O presidente do Diretório do PMDB em Anápolis, Adhemar Santillo, que já foi prefeito da cidade por duas vezes e deputado federal, avalia a explícita participação de Lula no cenário da disputa política em Goiás como a última cartada da frente irista na tentativa de reverter o quadro de clara desvantagem que o candidato peemedebista tem em relação ao candidato tucano. Para Adhemar, apenas agora, a três semanas da eleição, é que Iris e Marconi entraram em confronto direto.

O peemedebista anapolino considera que se pelos próximos dias não houver fato novo que agregue à campanha de Iris, a chance de o PSDB vencer a disputa já no primeiro turno fica ainda maior. Amparando-se no tempo ainda disponível até as eleições, Adhemar explica que a esta altura a intenção de voto pode ser alterada, pois de acordo com ele, boa parte dos eleitores anapolinos ainda não possui idéia cristalizada sobre um candidato.

De acordo com Adhemar, os fatores positivos da ida de Lula ao Entorno podem melhorar a situação de Iris na disputa em virtude da palavra do presidente ser forte, mas adverte que a frente pró-Iris terá que observar com precisão os efeitos da vinda de Lula. “O presidente tem muita influência, mas em alguns estados, como é o caso de São Paulo e Minas Gerais, isso não está acontecendo. Temos que analisar se em Goiás ele irá acrescentar”, expõe.

Enquanto o lado irista aposta todas suas fichas acreditando em um efeito Lula, o outro lado, o marconista, contesta a influência do presidente da República e procura demonstrar total confiança na vitória de Marconi. O favoritismo exibido pelo tucanato é baseado em pesquisas que o partido encomendou para consumo interno desde o início de 2009 e que trazem Marconi em primeiro lugar disparado. À época os nomes sequer haviam sido definidos.

Para o ex-secretário de Assuntos Institucionais do Governo Alcides, Fernando Cunha, um dos coordenadores da campanha tucana no estado, o presidente Lula não irá influenciar no resultado da eleição, pois se considera o presidente como um exímio popularizador de maus ambientes, em referência à citação prematura do nome do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, para a disputa do governo do Estado.

O coordenador tucano alfineta dizendo que “Lula pode vir a Goiás quantas vezes quiser”, pois segundo ele, a situação de Marconi, que já era boa no Entorno, ficou ainda melhor após Lula discursar em Valparaíso. De acordo com Fernando Cunha o momento não mais reflete polarização entre Marconi e Iris, pois de acordo com ele, o candidato peessedebista está muito à frente. Quanto à opção que o governador Alcides fez por Vanderlan Cardoso, Fernando Cunha define como “uma atitude de neófito na política”.

Para o professor da UFG, Itami Campos, doutor em política, a visita de Lula deverá ser trabalhada pela equipe de Iris até os dias últimos dias antes à eleição, mas ressalta que o resultado só será percebido se houver repercussão da passagem do presidente e pesquisas para avaliar o nível de influência. Itami considera a visita de Lula como a nova perspectiva criada para alimentar a campanha do candidato peemedebista, mas ressalta que apenas o tempo, “que não será longo”, mostrará se haverá transferência de votos ou não.