Mais uma casa para a cultura

O Popular, 09/12/2010

Mais uma casa para a cultura

UFG inaugura hoje seu Centro Cultural, na Praça Universitária, que contará com teatro e sala de exposições. Mostra com acervo artístico da universidade marca abertura

Rodrigo Alves

Um espaço da Universidade Federal de Goiás que há muito tempo servia como depósito de equipamentos passará, a partir de hoje, a ser o mais novo centro cultural de Goiânia. O objetivo será trazer o que há de mais significativo em espetáculos e exposições produzidos em Goiás e no restante do Brasil. Pelo menos é o que promete o projeto do Centro Cultural da UFG, cerimônia que integra as comemorações dos 50 anos da universidade, celebrados no dia 14 deste mês.

Após a cerimônia de inauguração, será aberta a exposição Arte Contemporânea no Acervo da UFG, com curadoria de Carlos Sena, também diretor do espaço. A programação de inauguração será estendida ainda por mais três noites, até o dia 14. Amanhã, a Quasar Companhia de Dança, que no início de suas atividades usou o local para ensaios, apresentará seu mais novo espetáculo, Tão Próximo, às 21 horas. A entrada é gratuita, mas os 130 ingressos que estavam disponíveis ao público em geral já estão esgotados.

Na segunda-feira, o centro estará aberto, às 20 horas, para um bate-papo entre público e o cantor e compositor Zeca Baleiro e o ilustrador Roger Mello, que lançam o livro Vida é um Souvenir Made in Hong Kong. O convite para ter autografada a obra, lançada com o selo da Editora UFG, deve ser retirado no ato da compra de um exemplar em qualquer Livraria UFG. Na terça-feira, data do aniversário da universidade, haverá o lançamento do livro Universidade Federal de Goiás: Imagens e Memórias, da Revista UFG nº 9, do carimbo comemorativo do cinquentenário e de um selo especial.

Transformação

Responsável pela manutenção do novo Centro Cultural, a Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proec) planeja receber no local produções culturais regionais, nacionais e internacionais. A decisão da Proec de transformar completamente o prédio de localização nobre - na Praça Universitária - começou há cinco anos.

"Embora abrigasse várias atividades ao mesmo tempo, o lugar estava sem definição. Atendia a diversos tipos de demandas, mas não tinha função definida", lembra o pró-reitor de Extensão e Cultura, Anselmo Pessoa Neto. Até chegar à ideia de abrigar um centro de excelência para as artes, o local havia servido para várias outras finalidades. Há três décadas, ainda um galpão, era usado como depósito, uma espécie de grande almoxarifado.

A transformação em Espaço Cultural só veio na década de 90. Na época, lembra Carlos Sena, o prédio chegou a sediar oficinas de arte, o famoso Show do Esqueleto - que se tornou tradição na Faculdade de Medicina. "Mas foram programas pontuais", diz, lembrando que o local logo cairia em desuso. "Há 15 anos, a Quasar, então começando, passou a usar o local para ensaiar", conta.

Cartão-postal

A intenção de dar nova cara ao espaço e revitalizá-lo ganhou força em meados da década que está acabando. De acordo com Carlos Sena, envolvido com o projeto de reformulação do local desde o início, ficou decidido que o ideal seria derrubar o que havia e construir tudo de novo. O trabalho levou cerca de quatro anos para tomar forma. "Mudamos tudo. E uma das nossas preocupações era de que o local também tivesse uma arquitetura arrojada, que chamasse a atenção", explica Anselmo Pessoa Neto.

A decisão de dar um visual moderno ao espaço rendeu. O projeto do arquiteto Fernando Simon, selecionado em concorrência pública, foi indicado ao Prêmio ABCEM 2010, concedido pela Associação Brasileira da Construção Metálica. Internamente, o projeto tem pouco mais de mil metros quadrados de área, dividida em três ambientes distintos. O primeiro tem duas salas de exposições; o segundo, o teatro e a sala de dança com camarins, e o terceiro, uma sala concebida para aulas a estudantes visitantes.

FICHA TÉCNICA
Inauguração:Centro Cultural da UFG
Data: Hoje, às 20 horas
Endereço: Av. Universitária, nº 1533, Setor Universitário 

Para movimentar a cena

Um dos objetivos do novo Centro Cultural da UFG, segundo a direção, é movimentar culturalmente a cidade e contribuir para revitalizar o ponto em que está localizado, a Praça Universitária. Para isso foi concebido para estar em constante funcionamento. Acima do ambiente das salas de exposições do novo Centro Cultural da UFG, por exemplo, há um mezanino no qual se localiza uma Livraria UFG, voltada especialmente para publicações culturais, e um pequeno café. Eles estarão sempre abertos.

Na parte externa, há ainda um grande pátio que pode ser usado para apresentações ou outro tipo de evento. Ao todo, estima o pró-reitor de Extensão e Cultura, Anselmo Pessoa Neto, o investimento de cinco anos no local foi de cerca de R$ 2 milhões. "No início tínhamos disponíveis por volta de R$ 300 mil, mas o projeto foi crescendo e sempre tentávamos mais recursos para ampliar o pequeno projeto inicial", lembra. Segundo ele, a demora na realização das obras foi natural, já que há muitas etapas administrativas a serem cumpridas.

"Dividimos a construção em três etapas. Mesmo inaugurado agora ainda temos o intuito de fazer mais duas etapas", antecipa. Conforme ele planeja, uma delas seria um grande auditório, construído em um segundo pavimento (o pé-direito atual é de sete metros). Por fim, o centro ainda receberia equipamento necessário para montar um estúdio de gravação musical de alta qualidade no espaço voltado às artes cênicas. "Assim seríamos um pequeno centro de convenções. Isso completaria o objetivo de ter um espaço que realmente intervenha no cenário cultural de Goiânia", almeja o professor.

Recorte da arte contemporânea

Primeiro evento realizado no novo Centro Cultural, a exposição Arte Contemporânea no Acervo UFG vai exibir parte da reserva técnica da universidade, atualmente com 222 obras, entre desenhos, pinturas, gravuras, objetos, esculturas, instalações, fotografias e videoartes. Montada sob a curadoria do diretor do espaço, Carlos Sena, que também acumula o cargo de coordenador de Artes Visuais, a mostra apresentará 36 obras de 32 artistas diferentes que de alguma forma têm ligação com Goiás.

Nesta reunião de arte contemporânea, o curador decidiu representar três grupos diferentes. "Um refere-se a artistas goianos que estão em plena atividade por aqui, outra de artistas goianos vivendo em diversas partes do mundo e a última de artistas de fora que em algum momento da carreira passaram por aqui", anuncia. Todas as produções exibidas são obras desenvolvidas a partir dos anos 90.

Entre os artistas presentes na mostra estão nomes como Bené Fonteles, Siron Franco , Elder Rocha, Pitágoras, Julio Ghiorzi, Ana Maria Pacheco , Fabiano Gonper, Marcelo Moscheta, Divino Sobral, Helio Eudoro , Hugo Houayek e ZéCésar. A exposição fica em cartaz de segunda a sexta-feira, das 8 às 18 horas, até o dia 28 de janeiro, sempre com entrada gratuita.

Conforme antecipa Sena, o centro quer movimentar a agenda de espetáculos de artes cênicas, além de eventos literários e ações educacionais artísticas. A coordenação de Música e Artes Cênicas ficará a cargo da produtora Flávia Cruvinel, também uma das responsáveis pelo festival municipal de artes cênicas Goiânia em Cena. O teatro é moldável de acordo com o espetáculo, com montagem flexível de palco e poltronas. A capacidade é de até 300 pessoas.

PROGRAMAÇÃO INAUGURAL
HOJE
20h - Cerimônia de inauguração e abertura da exposição Arte Contemporânea no Acervo UFG
AMANHÃ
21h - Espetáculo Tão Próximo, com a Quasar Cia. de Dança
SEGUNDA-FEIRA, DIA 13
20h - Conversa com Zeca Baleiro e Roger Mello no lançamento do livro Vida é um Souvenir Made in Hong Kong
TERÇA-FEIRA, DIA 14
20h30 - Lançamento coletivo do livro Universidade Federal de Goiás: Imagens e Memórias, da RevistaUFG nº9, do carimbo comemorativo dos 50 anos e do selo personalizado da UFG

FICHA TÉCNICA
Exposição: Arte Contemporânea no Acervo UFG
Artistas: Vários
Visitação: A partir de amanhã, de segunda a sexta-feira, das 8 às 18 horas. Até 28 de janeiro
Informações: 3209-6251