Metas para o futuro

 

Com mais dinheiro em caixa, UFG busca agora melhor avaliação em seus cursos e ampliação de sua presença no Estado

 

Rogério Borges

A UFG chega aos 50 anos com pontos fortes e fracos. O reitor Edward Madureira admite que é preciso melhorar a avaliação de diversos cursos, reforçar o desempenho de programas de pós-graduação, dar maior atenção aos câmpus do interior. "Percebo um vazio nas Regiões Nordeste e Norte do Estado e no Entorno de Brasília. Ali falta a presença do ensino superior, com uma nova universidade ou novos câmpus da UFG."

Há ainda a demanda antiga da criação de uma instituição federal de ensino autônoma no Sul de Goiás, com sede em Catalão. A segurança no Câmpus 2 também começa a preocupar. É a conta a pagar pelo crescimento. Uma expansão cada vez mais acelerada.

Apenas no Câmpus 2, há 10 obras em andamento. A UFG inaugurou seu Centro de Eventos e acaba de reabrir um espaço cultural na Praça Universitária. Há poucos dias, foi entregue a reforma completa das instalações de seu parque gráfico. Ambiente bem distinto de um passado com greves longuíssimas.

"A UFG vive um período de construção de muitos prédios, alguns faraônicos, mas não há uma discussão mais profunda sobre o papel da universidade pública", ressalta Pablo Salvador, do DCE da UFG. "A expansão não está muito qualificada e isso nos assusta." Para o reitor, o que está ocorrendo é o fortalecimento da instituição. "A UFG está dando mais respostas à sociedade. É difícil para um governante atacar algo que está cumprindo bem o seu papel."

Segundo ele, nos anos 1990, quando a universidade passou por um processo de sucateamento, a situação era bem pior que hoje. O corpo docente era menos qualificado, havia menos pesquisas em andamento e os projetos de extensão não eram tão amplos. "Isso mudou. Acredito que hoje a sociedade como um todo defende a UFG."

 

Qualificação

Fernando Pereira, presidente da Adufg, acrescenta que quase 90% do corpo docente da Federal já é composto por mestres e doutores. "O nível de ensino não me preocupa porque o Brasil hoje forma muita gente qualificada. Nós temos cerca de 900 projetos de extensão cadastrados e há maior estímulo para que os professores publiquem o resultado de suas pesquisas."

Hoje há 20 doutorados e 37 mestrados na instituição. A UFG estima que terá, em 2013, 51 programas de mestrado e 30 de doutorado. A meta é que o número de publicações atinja 6 mil neste prazo, com mais de 350 grupos de pesquisa. E é neste ponto que se situa uma das maiores tarefas a cumprir da instituição. Mestrados são avaliados pela Capes, órgão que fiscaliza e rege as pós-graduações brasileiras, com notas que vão de 1 a 5. Os doutorados são avaliados com notas de 1 a 7.

Os programas que obtêm a nota máxima são vistos como de nível internacional. Atualmente, a UFG tem 5 doutorados com nota 5, que já é considerada alta. A atual administração não esconde a meta de elevar pelo menos alguns deles à nota 6 nos próximos anos. Na vanguarda das pesquisas estão as áreas de saúde e ecologia. As pós dos cursos de Ciências Agronômicas também são bem avaliados, mas a intenção é melhorá-las ainda mais.

Uma maior eficiência na gestão dos recursos da universidade é outro tema que exige cuidado e debate. Hoje, 80% da verba da UFG é destinada para o pagamento de salários e benefícios. Os outros 20% são empregados no custeio da instituição. "Historicamente, esses números são favoráveis. Já houve tempo em que os salários consumiam mais de 90% da verba", observa Orlando do Amaral, pró-reitor de Finanças e Administração.

"No caso de uma universidade federal, é inevitável que a folha de pagamento seja a maior despesa da instituição", alega ele. Isso não quer dizer que todos estejam satisfeitos com seus ganhos. João Pires Júnior, do Sint-UFG, reclama que o salário inicial para servidores com nível médio é de R$ 1.600 e para os de nível superior, de R$ 2.600. "É um ganho que desestimula quem está no serviço público e em quem quer entrar nele."

João diz que esse problema afeta a sociedade diretamente. "Nos últimos anos, o Hospital das Clínicas fechou leitos por falta de pessoal suficiente." Um desafio para a novo hospital universitário, que vai dobrar o número de leitos da atual unidade até o final de 2012, quando for inaugurado. Em 2005, porém, os funcionários foram beneficiados com um novo plano de carreira da instituição, que estimulou a qualificação e aumentou os ganhos salariais.

Outra acusação que sempre foi recorrente à UFG era a de ser elitista, recebendo, em sua maioria, alunos oriundos de escolas particulares, já que estariam mais preparados para passar no vestibular mais difícil do Estado. Isso tem mudado com a adoção de cotas e de outros processos seletivos, como o Enem. "Somos favoráveis às cotas porque elas democratizam o acesso à universidade a quem vem da escola pública", argumenta Pablo Salvador, do DCE.

"Antes, os negros que havia na Federal vinham de outros países em intercâmbios. Agora eles são do Garavelo, do Jardim Liberdade. Isso é muito bom", comemora. As lutas continuam para a adoção do passe livre dos estudantes no transporte coletivo e para a extinção das taxas do vestibular. "Cobrar R$ 110 pela inscrição é um absurdo. Há pessoas que têm condições de passar no vestibular, mas que não têm condições de pagar a taxa. A UFG já tem condições de retirar esse custo dos estudantes."

 

NÚMEROS

A UFG tem hoje:

21 mil alunos

2 mil professores

2,8 mil funcionários

R$ 600 milhões é a previsão de orçamento da UFG para 2011