Química para a vida

Ciência com origens primitivas será mundialmente rememorada durante todo ano de 2011. Entre os aspectos a serem abordados estão a sua difusão científica e a melhoria do processo de ensino-aprendizagem

Duas ou mais substâncias agrupadas constituem uma mistura, cuja composição e propriedade são variáveis. Essa premissa é um dos conceitos fundamentais da Química, ciência surgida em meados do século 18, a partir dos estudos da alquimia, e que está presente em toda a natureza em várias formas.
A partir do seu estudo, por exemplo, são possíveis combinações de elementos químicos que viabilizam a produção de medicamentos, perfumes, combustíveis, entre uma infinidade de outros produtos. E para comemorar essa importância científica, a Organização das Nações Unidas (ONU) definiu 2011 como o Ano Internacional da Química.
O AIQ 2011, como foi denominado, tem como objetivo principal promover o conhecimento e educação química, sob o lema “Química para um Mundo Melhor”. Ao pontuar sobre a área do conhecimento, a professora do Instituto de Química da Universidade Federal de Goiás (UFG), doutora Agustina Echeverría, considera uma ciência de ponta, central.
Entre outras coisas porque a Química está associada ao desenvolvimento industrial de um país. “Por exemplo, o ácido nítrico, amoníaco, e ácido fosfórico são amplamente utilizados na indústria para a produção de adubos químicos”, cita ela ao lembrar que são processos que envolvem altos recursos financeiros e muita pesquisa.
Sobre esse último aspecto, aliás, Agustina explica que no Brasil existem grandes centros de excelência, mas apesar disso, assim como na maioria dos países da América Latina, há uma situação bastante deficiente no tocante a promoção do ensino em Química.
Entre os elementos principais que estão associados ao “atraso”, Agustina cita três pontos que considera cruciais: a desvalorização da carreira docente (e nesse contexto a falta de plano de carreira, o que repercute diretamente no ensino); deficiências técnicas por parte de muitas instituições formadoras; e por último, a ausência de condições físicas ideais em grande parte das escolas de ensino básico. “Esse é um ponto que até o governo [federal] reconhece”.
Mas apesar da situação, Agustina reconhece que tem havido melhorias e que há expectativa de que os problemas sejam solucionados, uma vez que existem mobilizações nesse sentido. “A nossa vida está tomada pela Ciência e Tecnologia. Então o estudo é uma necessidade e por isso é preciso tratar do tema para que os jovens compreendam e se entusiasmem pela ciência”, diz.

On line
Apaixonada por seu trabalho, a educadora Thaiza Montine está sempre em busca de novas formas de ensinar na escola, mas também fora dela. Nesse caso por meio da utilização da internet como ferramenta de apoio pedagógico. Com esse propósito ela criou há mais de dois anos a página virtual http://quimilokos.blogspot.com/, onde são disponibilizados aos alunos materiais didáticos como livros, textos, slides e informações sobre eventos ligados à disciplina que irão acontecer na escola, como provas, aulas, feiras, etc.

Quadro x laboratório
Romper as dificuldades a fim de difundir um ensino prático associado ao cotidiano é o objetivo principal da educadora Thaiza Montine Santos Cruz, que leciona no Colégio da Polícia Militar Ayrton Sena, em Goiânia. Na unidade, ela mostra que a disciplina pode ser ensinada a partir de recursos inusitados para muitos, como por meio de um festival de Cinema, onde filmes dos super-heróis Homem Aranha e Quarteto Fantástico servem de gancho para ensinar conceitos ligados à radiação e genoma humano.
Por outro lado, se o conteúdo em questão estiver ligado à cinética química, gorduras, corantes, uma aula que envolva gastronomia é outra ferramenta propícia para demonstrar as reações químicas e composição dos alimentos. Fora isso, Thaiza não abre mão de utilizar o laboratório da escola, onde a sua proposta pedagógica é fazer experimentações a partir do cotidiano dos próprios jovens.
“Nós procurávamos sempre fazer coisas voltadas para eles. Como a produção de gel para cabelos, xampu, creme para a pele. Porque não adianta você pegar uma experiência qualquer para fazer por fazer”, frisa.  Segundo a educadora, que é especialista em Química, agir dessa forma é bem mais trabalhoso se comparado a uma aula onde o livro didático é a principal ferramenta de ensino.
No entanto, o resultado é compensatório, principalmente porque propicia ao aluno uma nova forma de aprender. Um tipo de metodologia que quando apresentada a ele pela primeira vez causa estranheza, principalmente naqueles acostumados às aulas mais tradicionais. Mas, conforme Thaiza, com pouco tempo os jovens começam a visualizar os conceitos de uma maneira mais clara.

Teoria e prática são necessárias
Aluna de Thaiza, a estudante Thamara Ashley Gonçalves Caldeira, 18 anos, acredita que quando o assunto é ensino de Química a associação entre teoria e prática é fundamental para por se tratar de uma disciplina complexa. “Existem muitos alunos que tem aversão a essa matéria. Alguns sem mesmo saber do que se trata”, observa a jovem.
Segundo ela, que há pouco tempo prestou vestibular para Química, e espera o resultado, esse tipo de comportamento é comum muitas vezes por falta de uma pedagogia diferenciada que mostre as fórmulas a partir de aplicações no cotidiano, mas nem sempre é assim.
Thamara recorda que já estudou em uma escola onde não havia preocupação com metodologias práticas e por isso sabe o quanto é importante uma aula contextualizada. “Quando o professor decodifica uma teoria [por meio das experiências] você percebe que, o que antes parecia complexo demais, é uma coisa simples, que está presente no dia a dia. Por isso dar o exemplo é muito importante. E não só aula teórica, com um monte de contas”, pontua a estudante, que pretende seguir a profissão e acredita que os conceitos aprendidos no Ensino Médio foram decisivos para sua escolha.

Um ano inteiro para a Química

Trabalhos que, assim como de outros pesquisadores, mostram a evolução da ciência ao longo do tempo. Iniciada de maneira primitiva com os alquimistas na Idade Média, que buscavam com suas pesquisas e experimentos duas coisas: o elixir da longa vida, e um método de transformar metais comuns em ouro, a transmutação, a Química está presente no cotidiano de todos nós. Mais informações a respeito do AIQ 2001 no site

http://quimica2011.org.br.