Sorriso saudável é mais que um cartão de visitas

Sorriso saudável é mais que um cartão de visitas

 

Muitos dizem que os dentes são o cartão de visita de qualquer pessoa. Se você mantém a boca sempre saudável, com os dentes brancos, sem cáries ou mau hálito, é sinal de que sabe cuidar bem de todo o seu corpo. Mas não foi sempre esse o pensamento das pessoas.
Especialistas afirmam que a preocupação com a higiene bu­cal está presente na sociedade desde a Antiguidade, por volta de 2000 a.C., quando egípcios faziam uso da mistura abrasiva de pedra-pomes pulverizada e vinagre para limpar os dentes.
Ainda assim, o fato é que o grande salto da preocupação com a saúde bucal se deu nos últimos anos, acompanhando as descobertas da saúde de uma maneira geral. De acordo com a pesquisa Nacional de Saúde Bucal (SBBrasil 2010), feita em parceria do Ministério da Saúde com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o brasileiro aumentou em 70% o tratamento dentário e diminuiu 45% o número de dentes extraídos por cárie.
O estudo aponta ainda que houve uma queda de 26% na incidência de cárie aos 12 anos, o que classificou o Brasil como país com baixo índice da doença. Os dados levaram em conta o ano comparativo de 2003, quando foi realizada a última pesquisa.
Em conjunto com a pesquisa de nível nacional, foi feito um estudo ao longo do ano de 2010 que analisou a saúde bucal da população de Goiâ­nia. A pesquisa foi feita em parceria das Secretarias Municipal e Estadual de Saúde, a Facul­dade de Odontologia da Uni­ver­sidade Federal de Goiás (UFG) e a Secretaria Muni­cipal de Educação.
De acordo com a coordenadora do estudo, a professora da Faculdade de Odontologia Maria do Carmo Matias Freire, os dados mostram que a preocupação com saúde bucal teve muitas conquistas, mas ainda há alguns pontos em que é preciso melhorar.
O primeiro ponto ressaltado por Maria do Carmo, que é doutora em Saúde Bucal Coletiva pela Universidade de Londres, é a redução drástica do índice de cárie que ocorreu nos últimos 80 anos.
Ela explica que é possível medir a quantidade de cáries dos indivíduos através de um índice chamado CPO-D (mé­dia de dentes cariados, restaurados e extraídos por cárie, por indivíduo). Ele calcula a média de dentes atacados pela cárie, sendo tratados ou não. Foi usado a título de comparação o CPO-D em crianças com 12 anos, idade que serve de in­di­cador internacional, pois re­fle­te o ataque de cárie na dentição permanente dessas crianças.

Meta
Maria do Carmo revela que a meta estabelecida pela OMS em 2000 é de que cada criança tenha em média três dentes nes­sa situação. O índice na ca­pital goiana foi de 1,5 dentes, a­baixo da meta da OMS e também da média nacional, que foi de 2,1.
A diminuição desse índice vem sendo sentida nos últimos anos de forma substancial. A especialista conta que de 1988 a 2003 houve uma queda de 70,6% no CPO-D dos escolares da rede pública de Goiânia.
“Na primeira pesquisa feita em Goiânia, o índice foi de 8,3 dentes atacados. Isso mostra uma maior preocupação das famílias com o tratamento, além do surgimento de programas governamentais de saúde bucal, principalmente para essa faixa etária”, comemora.

Questão socioeconômica
A pesquisa realizada entre os jovens buscou indivíduos que estudassem tanto em escolas pública quanto particulares. A única forma de “distinção” existente foi a divisão das amostras for regiões da capital. Dessa forma, na opinião da coordenadora do estudo, é possível perceber as áreas mais carentes, e até mesmo alguns aspectos socieconômicos.
Na maioria das condições analisadas, a região Central de Goiânia foi a que apresentou os melhores resultados. Nessa área, as crianças apresentaram uma média de 0,9 dentes afetados pela cárie, enquanto em locais mais periféricos, como a região Noroeste, da qual fazem parte setores como a Vila Finsocial, Morada do Sol, Recanto do Bosque, Curitiba (I a IV), o índice foi de 2,13.
Maria do Carmo acredita que essa diferença seja reflexo da condição socioeconômica. “Os distritos mais afastados, foram os que apresentaram maiores índices. Isso se dá muito pela falta de informação, além do menor acesso ao tratamento, e até mesmo à água fluoretada”, explica.

Próteses
Se na faixa dos 12 anos de idade a presença de cárie fica bem abaixo do determinado pela OMS, nos mais velhos os números impressionam. Entre os idosos, representados pela faixa etária dos 65 aos 74 anos, o índice de CPO-D foi de 28,72%. Ou seja, entre eles, é possível constatar uma média de quase 29 dentes afetados pela cárie. A pesquisa ainda revelou que entre adultos e idosos, todos possuem mais de um dente afetado pela cárie.
Na opinião de Maria do Carmo, o alto índice de dentes cariados se dá em função de uma vida inteira sem cuidar devidamente da higiene bucal. “É o resultado de todo esse acúmulo de cárie ao longo dos anos”, aponta.
Outro índice preocupante diz respeito à necessidade do uso de próteses, que chegou a 88,3% nos idosos.  De acordo com a diretora do departamento de Saúde Bucal da SMS, É­rica Soares Fernandes, é preciso aumentar os serviços ofertados para essa faixa etária, de modo que atenda a toda a demanda.
“Só a partir de 2003 a po­pulação adulta e idosa passou a ser mais vista pelos programas sociais. Ainda assim, o volume de serviços ofertados é baixo se comparado à necessidade da população. É preciso criar mais programas para essas pessoas, principalmente de disponibilização de próteses dentárias”, considera.
Com a implantação do Programa Brasil Sorridente, em 2004, foram criados os Centros de Especialidades Odontoló­gicas (CEO) com a finalidade de proporcionar atendimento odontológico especializado aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).
Em Goiânia, os CEO atendem média cinco mil pacientes por ano. Entretanto, para a professora Maria do Carmo, o programa ainda não consegue anteder a demanda de usuários.

Saiba mais

CPOD Goiânia – Média de dentes cariados, obturados e extraídos por cárie por criança
1988    8,3
1994    4,6
1998    3,1
2003    2,4
2010    1,5

Fonte: Secretaria Municipal de Saúde


 

Higiene bucal deve começar na barriga da mãe

A preocupação com a saúde de um indivíduo tem início já na barriga da mãe, quando começa o pré-natal. O que poucos sabem é que existem especialidades odontológicas para atender essa fase. A Odontolo­gia Intra-uterina é um exemplo, e visa conscientizar a mãe a fazer desde cedo o acompanhamento odontológico do filho, evitando problemas futuros.
É a prevenção o principal combatente das cáries e outros problemas de ordem bucal, e quanto mais cedo começar o hábito, melhor. A pesquisa “S BBrasil 2010” revelou que na faixa etária dos cinco anos de idade, o índice de dentes cariados é igual e por vezes superior aos de doze anos.
Os dados mostram que os pequenos apresentam cerca de 1,98 dentes cariados, em sua grande maioria de leite. Mas o dado mais preocupante mostra que nessa faixa etária, a grande maioria dos dentes afetados pela cárie ainda não foi tratada. 78% dos dentes doentes nessa idade não tiveram nenhum tipo de tratamento. Nas outras faixas etárias, o valor não ultrapassa 40%.
Por que isso acontece? Na o­pinião da doutora em Saúde Bu­cal Coletiva pela Univer­si­da­de de Londres, Maria do Car­mo Matias Freire, muitos pais negligenciam os dentes de leite dos filhos, já que os mesmos caem dando lugar aos permanentes.
“A preocupação com a saúde bucal deve começar desde cedo, ainda na barriga da mãe. Aos cinco anos, o problema mais preocupante é que a maioria dos dentes não recebeu qualquer tipo de tratamento. A dentição de leite tem sido negligenciada pelos pais”, analisa.
E para a especialista, essa falta de cuidados pode trazer inúmeras consequências. Um dente de leite que é arrancado pode até levar embora a cárie, mas a boca continua mal cuidada, e o novo dente já pode nascer doente. Além disso, o hábito da boa higiene bucal deve ser, como o nome já diz, um hábito, parte da rotina da criança, e quanto mais cedo inserir esses hábitos melhor.
Especializada na produção de estojos para produtos dentários, a empresa Gift do Brasil possui uma linha voltada exclusivamente para as crianças, justamente com o objetivo de estimular as crianças a fazer uso desses hábitos.
De acordo com o especialista em Saúde Bucal e diretor presidente da Gift, Nilson de Souza, apesar do crescimento das vendas de estojos que estimulem o hábito, ainda há muito a ser feito.
“A ortodontia cresceu muito nos últimos anos. Atualmente, são cerca de 21.400 consultórios odontológicos em todo o país. Mas de nada adianta toda essa estrutura, se falta a rotina e a educação dos bons hábitos em casa. Para se ter uma ideia, somente 8% das pessoas admitem utilizar o fio dental, que é essencial para uma boa higiene”, pontua.
Souza explica que a Gift do Brasil faz os estojos sempre pensando em como ajudar as pessoas a fazer sua higiene bucal fora de casa. “Desenvol­vemos produtos para que as pessoas possam transportar seus itens de forma segura, e sempre frisamos a importância desses acessórios, como é o caso do fio dental”, ressalta.
Com as crianças, a linha infantil tem como objetivo transformar a escovação em uma atividade lúdica, divertida. “Para que esse hábito faça parte da rotina delas, tem que ser apresentado de forma divertida, quase como uma brincadeira. Daí a importância de começar esse hábito logo cedo”, analisa.
Dados empresariais apontam uma maior preocupação das pessoas com a higiene bucal, comprovando a pesquisa realizada pelo Minis­tério da Saúde.
A empresa aumentou em 300% a sua produção nos últimos quatro anos. Dados que, segundo ele, revelam a maior preocupação dentária. “O crescimento das nossas vendas mostra que as pessoais estão mais preocupadas com o transporte da sua escova e pasta de dente. E ela se preocupa com isso, é sinal que escova os dentes mais vezes durante o dia, algo importantíssimo”, analisa.
Na opinião do presidente da Gift, o crescimento da ortodontia e um maior interesse pela estética odontológica são mostras da evolução nessa área. “Virou moda entre os adolescente usar aparelho ortodôntico. Isso é bom, mas ainda falta muito em educação para conscientizar as pessoas e tornar a saúde bucal um hábito”, considera.