Cetas sofre com a falta de veterinário

Cetas sofre com a falta de veterinário

 

Angélica Queiroz

 

Local de acolhimento e recuperação de animais silvestres, o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) sofre com falta de veterinários e até comida. As denúncias são de um estudante que estagiou no local no ano passado e preferiu não se identificar. Segundo ele, a situação é complicada há algum tempo e, no ano passado, já faltava dinheiro para manter o Centro. Um funcionário informou que alguns estagiários e residentes desenvolvem trabalhos no local de vez em quando e que o Cetas depende de doações para sobreviver.

 

Na última semana, o estudante voltou ao local para fazer uma visita e se deparou com uma situação ainda pior. “Muitos animais estão machucados, principalmente os periquitos e araras. As suçuaranas estão magras, parece que estão passando fome. Uma situação muito triste.” O ex-estagiário, também durante a visita, descobriu que falta dinheiro para assistência aos animais e até para a comida. Além disso, segundo ele apurou, é raro aparecer um veterinário no local.

O responsável interino do Cetas, Luiz Alfredo Baptista, negou que falte alimento no local e ressaltou que ontem foi assinado um novo contrato de fornecimento de frutas e ração porque a verba para essas compras é feita por licitação. Segundo argumenta Luiz, as suçuaranas recebem 1,5 kg de carne todos os dias e só estão magras porque elas se exercitam no Cetas para estarem preparadas quando forem soltas. “Há uma diferença conceitual. Um Cetas não é pra manter bicho gordo, é para mantê-lo pronto para se readaptar ao habitat natural posteriormente.”

 

Sobre a falta de veterinários, Luiz afirmou que o Cetas mantinha uma parceria com a Universidade Federal de Goiás (UFG) por meio da qual os residentes do curso de veterinária atendiam os animais. Ele explica que a parceria foi suspensa na semana passada porque o Ministério da Educação (MEC) teria exigido que o Cetas ficasse dentro da UFG. Ele admite que, por isso, falta um médico veterinário para estar lá todos os dias, por 24 horas. No entanto, Luiz garante que os animais não estão sem tratamento veterinário e que os alunos da UFG e voluntários continuam indo ao Centro, principalmente para atender às emergências. Ele destacou que novas parcerias estão sendo buscadas para que os problemas sejam resolvidos em sua totalidade.

 

Localizado às margens da BR-060, o Cetas abriga hoje cerca de 700 animais. Luiz também esclareceu que muitos deles vem do tráfico e já chegam ao local bastante machucados. “Os animais chegam aqui em situação precária de saúde. Mas não tivemos nenhum óbito por falta de veterinário”, salienta.