Odebrecht premia trabalho sobre reúso de sacos de cimento em argamassa

Odebrecht premia trabalho sobre reúso de sacos de cimento em argamassa

Prêmio de sustentabilidade contemplou projetos universitários aplicados em engenharia

Renato Faria

 

Um trabalho que propõe o reúso de sacos de cimento e cal para a melhoria de argamassas de assentamento foi o vencedor do Prêmio Odebrecht para o Desenvolvimento Sustentável 2011. A premiação contemplou os cinco melhores projetos universitários, dentre 66 inscritos, que propunham soluções de sustentabilidade aplicadas em engenharia.

Desenvolvido pelas estudantes Lorena Rezende dos Santos e Patrícia Eliza Floriano de Carvalho e orientado pela professora Helena Carasek Cascudo, todas da Universidade Federal de Goiás (UFG), o trabalho vencedor identificou a viabilidade de beneficiamento das embalagens e do uso das fibras de celulose como adição à argamassa para assentamento de alvenaria. Os ensaios de resistência à tração na flexão mostraram, segundo Helena Cascudo, um desempenho 17% superior da argamassa modificada em comparação com a argamassa de controle, sem fibras.

Também foram premiados projetos de universidades de Santa Catarina, Bahia e Rio Grande do Sul. Os grupos de autores, os orientadores e as universidades foram premiados, cada um, com R$ 20 mil cada. As inscrições para a edição 2012 da premiação já estão abertas e podem ser feitas, até o próximo dia 24 de setembro, pelo site do concurso.

Veja abaixo resumo dos trabalhos vencedores:

1º lugar
Universidade Federal de Goiás (UFG)
Tema:
Prática sustentável na construção civil através do reúso de sacos de cimento e de cal na produção e melhoria de argamassas para assentamento
Alunos: Lorena Rezende dos Santos e Patrícia Eliza Floriano de Carvalho
Orientadora: Helena Carasek Cascudo
Proposta de reaproveitamento de embalagens de cimento e de cal como fonte de fibra de celulose para a produção e melhoria de desempenho de argamassas de assentamento. No próprio canteiro, a polpa de fibras de celulose é obtida com o uso de água e de uma ferramenta com hélice capaz de cortar o papel.
O grupo realizou um programa experimental em laboratório e uma avaliação prática em um canteiro de obras. Segundo estudos apresentados pelo grupo, a solução também contribui para reduzir custos na produção desse insumo.

2º lugar
Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc)
Tema:
Utilização do resíduo do polimento de porcelanato na produção de materiais cimentícios
Integrante: Pablo Cardoso Jacoby
Orientador: Fernando Pelisser
Um dos principais resíduos da indústria de revestimentos cerâmicos, a lama resultante do processo de polimento do porcelanato é normalmente descartada em aterros. Segundo o autor do estudo, na região produtora de cerâmica do sul de Santa Catarina a geração desse tipo de resíduo chega a cerca de 1.000 t por mês. Devido a características como sua finura e sua composição química, seu potencial como material pozolânico foi avaliado para utilização na fabricação de materiais de construção à base de cimento, a fim de melhorar seu rendimento.

3º lugar
Universidade Federal da Bahia (UFBA)
Tema:
Proposta de habitação de cunho socioambiental aliada à inovação tecnológica da construção
Integrantes: Ártano Silva dos Santos, Marina da Silva Garcia, Thainá Reis de Almeida Coelho
Orientador: Jardel Pereira Gonçalves
O trabalho propõe um projeto de habitação de cunho socioambiental, que associa conceitos como conforto térmico, eficiência energética, economia de recursos naturais e inclusão social. As inovações tecnológicas apresentadas atentam para questões de viabilidade na construção, e foram desenvolvidas não só com o intuito de atender às necessidades básicas da população, mas também em otimizar o processo da construção civil, tornando-a mais eficiente e sustentável.

4º lugar
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Tema:
NetZero Office - Escritório de Energia Líquida Zero
Integrantes: Daniela Pacheco Pires, Eduardo Marocco de Siqueira e Rafael Gerzon Torres
Orientador: Paulo Otto Beyer
Os alunos projetaram um edifício de escritórios para cerca de 20 usuários sob o conceito de Energia Líquida Zero, em que seu consumo anual médio de energia seja igual à quantidade de energia que ele produz. O grupo lançou dados climáticos em softwares de análise e de simulação e desenvolveu um projeto de edifício que propõe menor consumo com iluminação e ventilação por meio de estratégias passivas, utilização de equipamentos eficientes, reaproveitamento de águas pluviais e estudo de fachadas e composição das construções. A demanda já reduzida da edificação seria compensada por painéis fotovoltaicos e uma turbina eólica.

5º colocado
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Tema:
A esquadria ideal para permitir ventilação natural, controle da insolação e vista para o exterior
Integrante: Eduardo Leite Souza
Orientador: Enedir Ghisi
O trabalho desenvolveu uma esquadria que permite, ao mesmo tempo, a ventilação natural do ambiente, o controle da insolação e a vista para o exterior. A solução, segundo os pesquisadores, reduz o uso de energia elétrica com equipamentos para melhoria do conforto térmico interno e cria ambientes mais iluminados e saudáveis. As cidades de São Luís e Florianópolis foram usadas como estudo de caso.