Alunos com deficiência e diploma

Alunos com deficiência e diploma

Wanessa Rodrigues

 

Aos 6 anos de idade, a estudante Jéssica Rodrigues de Castro começou a perder a visão. Ela já estava alfabetizada, mas não conseguia mais ver as letras. Atualmente, ela tem apenas a percepção de claro e escuro. Mas a deficiência visual, consequência do retinoblastoma, não impede que a estudante conquiste seus objetivos, principalmente no que diz respeito à educação. Os estudos sempre estiveram na lista de prioridades e, hoje, aos 19 anos, ela garantiu uma das vagas para o curso de Matemática da Universidade Federal de Goiás (UFG). 

 

Jéssica mal pode acreditar quando soube que seu nome estava na lista de aprovados no vestibular da UFG. Ela diz saber que teria barreiras pela frente, mas que isso não a impediu de seguir com seu sonho. Agora, no primeiro período do curso, a estudante já faz planos para o futuro. Jéssica quer fazer licenciatura e tornar-se professora de Matemática. Quanto à perda da visão, ela relata que não foi um choque tão grande, pois foi acontecendo aos poucos. “Acho que isso me engrandece ainda mais”, completa. 

 

Assim como Jéssica, cada vez mais alunos especiais realizam sonhos ao ingressarem no ensino superior em Goiás. Dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão do Ministério da Educação (MEC), revelam que, em um período de dez anos, o número de alunos com algum tipo de deficiência em graduações subiu 361,80% no Estado. 

 

A quantidade passou de 89 no ano 2000 para 411 em 2010. Em todo o Brasil, o número de pessoas com algum tipo de deficiência matriculadas em cursos de graduação passou de 2.173 para 16.328 naquele período. Os dados incluem pessoas com todo tipo de deficiência, como visual, auditiva e intelectual. Do total de Goiás, 138 são portadores de deficiência física e 105 têm baixa visão (veja box).

 

A gerente de Ensino Especial da Secretaria Estadual de Educação (Seduc), Lorena Resende Carvalho, observa que a política de educação especial, na perspectiva de inclusão, começou a ser implantada em 1999 em Goiás. Por meio dessa medida, os alunos com alguma deficiência começaram a ser matriculados na rede regular. Segundo ela, todos passaram a lidar com as matérias e mesmo objetivo de estudo. Agora, essa ação, que disponibilizou a oportunidade de todos passarem pela educação básica, tem refletido no ensino superior.

 

Especializado 

Lorena observa que Goiás tem buscado desenvolver o trabalho de inclusão com o mesmo objeto de estudo, mas disponibilizando atendimento educacional especializado, para que os alunos trabalhem nas áreas deficitárias. Além das ações da secretaria, ela diz que as próprias instituições têm se especializado e os professores flexibilizado o currículo. “Hoje, temos visto movimento nesse sentido, claro que tímido, mas já é um avanço”, diz. Lorena lembra ainda que, em algumas situações, o aluno não tem sucesso na escola porque o meio social não se prepara para recebê-lo.