Goianos de fora

Pela primeira vez em sua história, Fica não terá produções de Goiás na mostra competitiva. Filmes selecionados foram anunciados ontem

Rute Guedes16 de maio de 2012 (quarta-feira)

 

Pela primeira vez na história do evento, nenhuma produção goiana vai participar da mostra competitiva principal do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental de Goiás (Fica). A divulgação foi feita ontem pela Secretaria de Estado de Cultura (Secult Goiás), na parte da manhã, em sua sede na Praça Cívica, em coletiva à imprensa que contou com a participação do titular da pasta, Gilvane Felipe, e de Georgia Cynara, presidente do júri de seleção da mostra competitiva.

Ao todo, foram selecionadas 19 obras, entre filmes de longa, média e curta duração, provenientes de seis países. O 14º Fica será realizado de 29 de maio a 1º de julho, na cidade de Goiás.

Segundo Geórgia Cynara, a ausência de filmes goianos não foi algo “premeditado”, mas uma “consequência dos critérios de seleção”. “Decidimos não apenas por bons filmes, mas por filmes excelentes. E, amparado no regulamento, o júri chegou a esta decisão, depois de muito debate, mesmo sabendo que isso poderia causar descontentamento de algumas pessoas que fazem audiovisual em Goiás. O principal critério da escolha das obras foi a qualidade cinematográfica, além da relevância do tema. Todo o júri de seleção trabalhou no sentido de elevar o nível da mostra. Assim como Goiás, outros Estados e países ficaram de fora da mostra competitiva”, justificou.

Foram inscritas 37 obras goianas. Também não foi selecionada nenhuma série de TV. Entre os filmes escolhidos para a mostra competitiva, dois deles já foram vistos pelo público goiano: o documentário Hiper Mulheres foi exibido no Festcine Goiânia no ano passado e a ficção Xingu, baseada na história dos irmãos Villas-Bôas, ficou em cartaz recentemente no circuito comercial da capital.

O secretário Gilvane Felipe adiantou que, como algumas categorias ficaram sem representação, como a de melhor produção goiana (R$ 40 mil para cada um) e de melhor série de TV (R$ 25 mil), o prêmio em dinheiro equivalente ainda está sem destinação. “O júri de seleção teve total soberania. Nossa equipe ainda está estudando o que fazer, mas é certo que a quantia equivalente as prêmios citados deve ser aplicada no setor audiovisual”, afirmou.

CONFIANÇA

A grade de programação da mostra competitiva do Fica 2013 também torna-se mais enxuta em relação aos anos anteriores, com um total de 15 horas de exibição. O júri de seleção trabalhou com um limite de 18 horas, explicou o consultor de cinema do Fica, o professor Lisandro Nogueira.

Desde 2002 temos trabalhado arduamente para qualificar o nosso júri de seleção, pois a mostra competitiva é o pilar do festival. Se os jurados entenderam que as 15 horas de exibição e os 19 filmes selecionados atendem aos critérios para a excelência do festival, a organização do Fica só pode acatar e confiar na decisão do júri, que é suprema e soberana”, afirmou. Foram escolhidos para a mostra seis longas, quatro filmes de média-metragem e nove filmes de curta-metragem.

De 12 de abril a 10 de maio, o júri de seleção assistiu às 362 obras inscritas no festival, no Cine Cultura, unidade da Secult. O júri de seleção é composto pela coordenadora do curso de Comunicação Social/Audiovisual da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Geórgia Cynara (presidente); pelo produtor cultural Itamar Borges; pela bióloga e ambientalista Patrícia Mousinho; pelo crítico, curador e programador de festivais Rafael Parrode, e pelo pesquisador, crítico e professor de cinema da UFG Rodrigo Cássio.

Quanto às mostras paralelas de filmes e a programação não cinematográfica do Fica, o secretário Gilvane Felipe preferiu não se manifestar. No entanto, assegurou que a parte de shows com artistas locais e de renome nacional será mantida. “O Fica tradicionalmente tem o foco no cinema e no meio ambiente, mas o apelo musical também é muito forte”, justificou. A programação completa do festival, afirmou, será divulgada em 5 de junho.