Obras provocam transtornos

Estudantes e funcionários reclamam da falta de vagas para estacionamento. Universidade passa por ampliação dos câmpus

Malu Longo21 de maio de 2012 (segunda-feira)

Maior instituição de ensino superior do Estado, a Universidade Federal de Goiás (UFG) vive o maior crescimento físico e acadêmico de sua história, uma expansão gerada pelo Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni). Neste momento, cerca de 60 obras estão em andamento em suas unidades espalhadas por Goiânia, Jataí, Catalão e cidade de Goiás, mais da metade delas no Câmpus Samambaia, região norte da capital. Também conhecida como Câmpus 2, a área abriga uma movimentação incomum de operários e material de construção, situação que tem causado desconforto a alunos e professores. Como efeito colateral do crescimento, estudantes e funcionários reclamam da bagunça pelas obras em andamento e, principalmente, da falta de vagas para estacionar, cujas áreas estão sendo tomadas pelos novos prédios.

Com o Reuni, a UFG salta de 15 mil alunos em 2007 para 25 mil alunos este ano. Em contrapartida, a área construída vai dobrar, saindo de 207 mil m² para mais de 400 mil m². Os benefícios do Reuni alcançam todas as instituições federais de ensino superior do País, mas o aquecimento do mercado de construção civil está refletindo no programa que tem um calendário a cumprir até o final deste ano. Sem mão de obra suficiente e com custo elevado, as construções atrasaram. Com a retomada do ano letivo, o ritmo acelerado das obras começou a ser sentido pela comunidade universitária. Além da facilidade que a população encontra hoje para comprar um carro, o fato do Câmpus 2 ser distante da região central da cidade desestimula os alunos e funcionários a adotarem o transporte coletivo para chegar ao local.

Acadêmica de Arquitetura há um ano, Isabela Borba Rezende, que costuma se encontrar com seus professores no Centro de Aulas Caraíba, no Câmpus Samambaia, acredita que o trabalho está mal planejado. “Não temos onde deixar os carros. Os estacionamentos estão tomados de material de construção. Por que não fazer por etapas, abrir um e fechar outro?”, questiona. O prédio onde Isabela estuda integra o que a UFG já chama de Quadra do Reuni. São novas construções que surgiram com os recursos proporcionados pelo programa, algo em torno de R$ 58 milhões, mas que receberam acréscimo de pelo menos R$ 40 milhões. Ele está em frente ao estacionamento da Faculdade de Comunicação e Biblioteconomia (Facomb), que foi fechado em outubro para ampliação.

TRÁFEGO

Universitários e demais frequentadores da UFG, como fornecedores, estão enfrentando problemas de tráfego exatamente neste ponto. Além do impedimento de estacionar no fundo do prédio da Facomb, o número de obras nas imediações é grande. “Hoje está tumultuado porque os estacionamentos não estão prontos”, se defende o arquiteto Marco Antônio de Oliveira, diretor do Centro de Gestão do Espaço Físico (Cegef) da UFG, responsável pela fiscalização das obras. Ele acredita, entretanto, que mesmo que o número de vagas de estacionamento dobre, como está previsto, passando para mais de 2 mil vagas, não será suficiente para atender a demanda. “Todos querem estacionar mais perto dos prédios e de preferência na sombra”, afirma.

O diretor do Cegef explica que as cerca de 500 vagas de estacionamento do Centro de Cultura e Eventos Ricardo Bufáiçal ficam praticamente vazias durante a maior do tempo, mas os estudantes não querem andar. “Há passarelas cobertas ligando todos os prédios, até a Educação Física.” Perto dali, diante dos antigos prédios do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) também costumam sobrar vagas, embora parte do estacionamento esteja abrigando novas construções. Estudante de Química, Gabriela Fogaça foge à regra. Nos dias que precisa assistir aulas no Centro Baru, na Quadra Reuni, costuma deixar seu carro exatamente neste ponto, a 400 metros de distância. “Prefiro assim, porque aqui é muito difícil encontrar vagas”, explica.

Para a empresária Márcia Costa, que precisa ir todos os dias ao Câmpus 2 onde administra lanchonetes, a dificuldade para estacionar está restrita a área da Faculdade de Letras e da Facomb. “Tenho levado mais tempo para encontrar vagas nessa região”, resume. Já a mestranda de Mídia e Cultura, Mariana de Paiva Araújo, que tem aulas na Facomb, reclama do tempo que gasta para estacionar seu veículo. “Não planejaram estacionamentos.”

Marco Antônio de Oliveira ressalta que o crescimento da instituição, a partir de recursos do Reuni, foi definido em conjunto. “Cada unidade definiu a ampliação do número de alunos e do espaço físico.” No Câmpus Samambaia, segundo ele, a maior parte das 37 obras em andamento será entregue até o final deste ano. “A comunidade precisa se conscientizar e colaborar. Estamos vivenciando uma mudança nunca vista na UFG”, afirma o diretor do Cegef.