Quando a África se manifesta

Evento da Universidade Federal de Goiás procura divulgar a congada e mostrar a importância dessa manifestação cultural


Juliana Albuquerque

 

 

CENA DE CONGADA, MANIFESTAÇÃO DA CULTURA AFRO-BRASILEIRA QUE EXISTE HÁ 70 ANOS EM GOIÂNIA

 

Com a intenção de despertar reflexões acerca da inserção do negro na sociedade brasileira, assim como divulgar uma importante manifestação cultural de origem africana, a congada, será realizado no sábado, 19, o encontro “Irmandade Negra em Movimento”, no auditório da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás (UFG), Campus I, na Praça Universitária.
O evento faz parte do programa Corpopopular: Intersecções Culturais, coordenado pelo Laboratório de História e Artes do Corpo da Faculdade de Educação Física (FEF) da UFG. O projeto foi idealizado em 2011, mas só saiu do papel este ano, ao ser contemplado com o edital do Programa de Extensão Universitária (ProExt) do Ministério da Educação (MEC).
A professora do curso de Dança da Faculdade de Educação Física da Universidade Federal de Goiás Renata de Lima Silva, explica que o objetivo do projeto é fomentar o fazer cultural a partir de elementos de manifestações culturais brasileiras. “Queremos dar visibilidade a elementos da nossa cultura que muitas vezes ficam esquecidos. Promover esse espaço de discussão é fundamental”, revela Renata.
O evento vai contar com atividades voltadas para educadores, estudantes e pesquisadores. De acordo com a professora Renata, o espaço estará aberto para toda a população, para qualquer um que se interesse pelo tema.

Cultura
Manifestações da cultura afro-brasileira como a capoeira, a congada, o samba e até mesmo o candomblé são expressões africanas que contribuíram na formação da identidade cultural brasileira. Para a professora Renata não há como negar essa influência, o que torna fundamental a aprendizagem e contato com essas manifestações.
O primeiro evento, realizado no mês de março desse ano, dentro do Programa Corpopopular- Intersecções Culturais foi o “Ginga Menina”, organizado por um coletivo de mulheres capoeiristas de Goiânia, que contou com o apoio de grupos de capoeira angola da cidade. A professora Renata conta que o evento tematizou a figura feminina, dando ênfase para a mulher na capoeira.
No novo evento do programa, que recebeu o nome a “Irmandade Negra em Movimento”, a cultura afro-brasileira continua em destaque. Mas dessa vez uma nova manifestação ficará em destaque. Sai à capoeira e entra a congada, importante mostra cultural e religiosa de influência africana.

Congada
De acordo com o pesquisador e professor da UFG Alex Ratts, a congada já existe há quase 70 anos em Goiânia. A primeira irmandade da capital foi a da Vila Santa Helena, fundada em 1944. O pesquisador afirma que mesmo com todo esse tempo a congada ainda não é tão conhecida da população local. “É a nossa maior intenção, mostrar essa importante manifestação cultural ao maior número de pessoas.”
Em Goiânia são nove irmandades de congada com mais de 500 congadeiros no total. Segundo Ratts, um fato que impressiona é o número de crianças e jovens que fazem parte dos grupos. Isso para ele demonstra que a preservação cultural está garantida, “nossa preocupação é em relação à falta de apoio e incentivo a essa riqueza que é a congada, o financiamento público a projetos de congada ainda é muito incipiente”, revela o professor Ratts.

Programação
A primeira atividade do evento será a palestra e lançamento do livro “Dança Popular: espetáculo e devoção”, da professora doutora Marianna Martins Monteiro, do Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), às 15 horas. Em seu livro a pesquisadora investiga os processos formativos das danças populares brasileiras, entre elas o congo, e propõe um novo olhar quanto às características nas relações entre cultura erudita e popular.
Na sequência, Ratts, do Instituto de Estudos Socioambientais (IESA) da UFG, vai propor uma roda de conversa sobre a Congada em Goiânia com a participação de Mestres Congadeiros da capital.
Para finalizar o evento o Cortejo de Congada está marcado para o fim da tarde e contará com a participação dos grupos Terno de Congo 13 de maio, Terno Catupé Marinheiro e o Terno de Moçambique N.S. do Rosário, todos os grupos são de Goiânia e o cortejo acontecerá nas mediações do Campus I da UFG.