Novos critérios de correção no ENEM

Depois de muita polêmica, finalmente o MEC decidiu alterar os critérios de correção das pro­vas de Redação do ENEM (Exame Nacional de Ensino Médio). As mu­danças foram anunciadas pelo ministro Aloizio Mercadante na última quinta, 24.
No início desse ano, mais de 70 estudantes conseguiram ter acesso à correção da prova por meio de ação judicial. Desses, 28 passaram pelo processo de revisão e apenas um participante conseguiu alterar a pontuação, que de 0 pulou para 880, o que lhe garantiu a aprovação no Sistema de Seleção Unificado (Sisu) para o curso de Economia da Universi­da­de Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Com tantas reclamações e desconfianças, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pelo ENEM, decidiu fazer algumas alterações, especialmente na prova de Redação.
O estudo que gerou as mudanças foi realizado por dois professores ligados ao Centro de Seleção e Promoção de Eventos (Cespe), da Universidade de Brasília (Unb). Paulo Portela e Luiz Mário Couto criaram o que está sendo chamado de recurso de ofício, proposta que pretende reduzir as discrepâncias entre os resultados dados às avaliações pelos corretores.
A pró-reitora de graduação da Universidade Federal de Goiás (UFG), Sandramara Matias, defende que alterações sempre são necessárias em qualquer processo de seleção. “Isso garante uma maior lisura, segurança e visibilidade à prova”, diz ela.
Na sua opinião, o candidato que entende melhor os mecanismos de correção da prova se sente mais tranquilo e confiante em relação aos resultados. Mas o que muda de fato? Até este ano, dois especialistas faziam a correção do texto feito pelo aluno, sendo que um não tinha acesso às notas dada pelo outro.
Cinco competências são avaliadas nas redações. Cada uma delas vale até 200 pontos somando um total de 1.000. Se nas duas correções a pontuação final tivesse uma discrepância superior a 300, uma terceira pessoa era convocada para analisar a prova e prevalecia sua nota. Com o novo sistema, se ocorrer uma diferença de até 200 pontos entre as notas, o supervisor já é acionado e a média aritmética das duas notas que mais se aproximar uma da outra é dada ao aluno.
Por exemplo, se um corretor der 480 para um aluno, o segundo pontuar com 800 e o terceiro com 720, somente as notas do segundo e terceiro especialistas contam. E o estudante fica com média 760 no final. E se depois de tudo isso a nota ainda gerar dúvidas, uma banca formada por outros três corretores fará a correção e dará a palavra final.

Inscrições
Uma outra mudança significativa diz respeito às cinco competências, que passam a ser avaliadas individualmente. Se a diferença entre as pontuações dadas a qualquer um dos critérios for superior a 80 pontos, a Redação também será analisada pela banca.
O MEC também anunciou a diminuição da nota de corte de 500 para 450 pontos em cada área do conhecimento para aqueles que farão o Enem para certificação do Ensino Médio. Também será divulgado, em julho, um manual de orientação aos candidatos explicando a forma de correção e a metodologia das questões.
Criado em 1998, inicialmente como mo­delo de avaliação do Ensino Médio e mais tarde como critério de acesso ao En­si­no Superior, o Enem teve 5,4 milhões de ins­critos em 2011. É o maior número já re­gistrado na história do exame. Para esta e­dição, a expectativa é de mais de 3 milhões.
As inscrições para a edição de 2012 começam às 10 horas desta segunda, 28, e vão até as 23h59 do dia 15 de junho (ho­rário de Brasília). A prova está marcada para os dias 3 e 4 de novembro. A taxa de inscrição será de R$35 e poderá ser paga por boleto simples até o dia 20 de junho.
A UFG já adota o Sisu em 20% das suas vagas, além de usar o Enem como adicional à nota final do aluno no vestibular comum. “O aluno decide se quer usar a nota do Exame, e ela só vai ser computada se acrescentar positivamente no resultado”, explica Sandramara.