Greve surpreende pacientes do HC

Servidores do hospital mantêm ativos apenas serviços de urgência e emergência

GALTIERY RODRIGUES


A paralisação dos técnicos administrativos da Universidade Federal de Goiás (UFG) pegou muita gente de surpresa, principalmente os pacientes do Hospital das Clínicas (HC). Muitos acordaram cedo para chegar no horário da consulta, outros vieram de cidades do interior para realizar exames e acompanhamento de rotina do tratamento. No entanto, todos foram dispensados, pois a unidade começou, ontem, a atender somente os casos de urgência, emergência e procedimentos que, se não forem feitos, implicam em risco de vida, como hemodiálise, quimioterapia e mastologia. Toda a parte ambulatorial está paralisada.

A greve dos técnicos foi deflagrada na semana passada, mas começou oficialmente ontem. O HC é considerado o setor mais sensível dentre os departamentos ligados à universidade. Em paralisações anteriores, ele ficou de fora, por ser fundamental para a saúde pública do Estado e, portanto, implicar riscos diretos à população. Desta vez, o movimento grevista decidiu radicalizar, na expectativa de forçar o governo a cumprir a promessa de reajuste salarial, que não é feita desde 2010.

Uma equipe de triagem foi colocada a postos na frente do hospital para receber os pacientes, explicar os motivos da greve e encaminhá-los para outras unidades médicas, em caso de necessidade. Mas esse não foi o exemplo de Luzenilto Oliveira França, de 49 anos e morador de Itumbiara, a 211 quilômetros de Goiânia. Ele fez cirurgia de redução de estômago em maio do ano passado e, desde então, vem fazer acompanhamento médico pelo menos uma vez por mês. “Cheguei aqui 6 horas da manhã. Meu horário era às 7 horas”, informou ele, sentado num banco em frente ao hospital e já por volta das 15h30.

Como acontece com quase todo paciente do interior, Luzenilto veio junto de outros conterrâneos em um veículo da prefeitura, e, independente da hora da consulta, ele é obrigado a esperar todos para poder retornar. Quando soube da greve, ele conta que ficou nervoso, chegando a esbravejar com alguns funcionários. Na semana passada, quando ele esteve no hospital, ninguém o avisou da possibilidade de greve, mantendo o horário marcado. “Eles têm meu telefone, o que custava avisar”, disse, indignado.