Marconi Perillo (PSDB) já não teria mais a força de que gozou nos dois primeiros mandatos de governador. Iris Rezende (PMDB) se apagaria aos poucos. As duas principais lideranças políticas do Estado emitiriam sinais de enfraquecimento, o que abre espaço a novas forças políticas. É dessa leitura que parte um plano para furar a histórica polarização entre tucanos e peemedebistas em Goiás, e que começa a se desenhar com a disputa das eleições em Goiânia.

De um lado, Jovair Arantes (PTB), com apoio da base do governador Marconi Perillo. De outro, Paulo Garcia (PT), que tem Iris Rezende como maior interlocutor. No meio, surge um foco que ainda não se firmou como grupo político, mas que tem em comum divergências com ambos os polos: o ex-candidato a governador Vanderlan Cardoso (sem partido) e o deputado federal Ronaldo Caiado (DEM) unem-se para lançar o vereador Simeyzon Silveira (PSC) candidato a prefeito, com o desconhecido Rafael Rahif (DEM) na vice. E assim propagam a terceira via (veja quadro ao lado).

Vanderlan é adversário de Marconi e acaba de sair do PMDB num processo nada suave, que deixou desgastes para o partido. Um dos motivos, como ele mesmo sugeriu, foi um ofuscamento gerado por Iris. Apesar de compor o governo estadual – com José Eliton (DEM) como vice-governador – Caiado não tem histórico de boa relação com Marconi, dificilmente se aliaria a Iris e jamais apoiaria o PT.

“Tem força, ora! Vanderlan e Caiado na mesma chapa?”, vislumbra Jorcelino Braga, ex-secretário da Fazenda do governo Alcides Rodrigues (PP), que deve comandar o marketing da campanha de Simeyzon. Desafeto de Marconi, Braga também preside o PRP no Estado, partido que compõe a coligação. “Vejo nascendo esse novo eixo político em Goiás. Dou minha cara a tapa por ele”, aposta Simeyzon, vereador de primeiro mandato. “Tô querendo fechar é no primeiro turno”, respondeu quando perguntado que alianças faria num eventual segundo turno.

TENTATIVAS

A tentativa de romper com a polarização PSDB-PMDB não é nova em Goiás. O DEM já havia tentado com Demóstenes candidato ao governo em 2006. Não teve boa performance. O próprio Vanderlan buscou esse novo eixo em 2010. Teve mais de 500 mil votos e viu Marconi ser eleito governador pela terceira vez. Mas a avaliação é que o momento nunca foi tão favorável ao projeto como agora.

A decisão de Marconi em não lançar candidato do PSDB em Goiânia e não participar de campanhas em todo Estado, como ele próprio vem anunciando, seria um sinal. O governador estaria mais focado na administração do Estado e também em evitar desgastes. “Não se sabe até onde vão os efeitos da Operação Monte Carlo”, diz o cientista político Robson Almeida, “mas o desgaste é inevitável”, acredita.

E quando se esperava uma reação crítica e sistemática da oposição, o PMDB em Goiás se calou. “O PMDB, que tinha tudo para nadar de braçada, não o fez”, comenta Almeida. “Soa como por as barbas de molho, não sair à rua para também não ser atingido”, observa o cientista, professor da Faculdade de Ciências Sociais da UFG.

FRAGILIDADES

O POPULAR mostrou ontem que os dois mais fortes partidos em Goiás, PSDB e PMDB, não têm candidatos próprios a prefeito em algumas das cidades mais representativas do Estado. São os casos de Goiânia, Anápolis e Rio Verde, que estão entre as maiores em número de eleitores. “Essas fragilidades (do PSDB e do PMDB), talvez fundamentem o cálculo de Caiado e Vandelan, de fazer uma aposta num futuro próximo”, reflete Robson Almeida.

Apesar da fé de algumas lideranças, a polarização entre as principais legendas no Estado ainda persiste nos maiores colégios eleitorais do Estado (veja quadro ao lado).